A Tesla surge como o grande nome do mercado elétrico, com inovações e desempenhos quase ímpares num mercado ainda em fase embrionária, mas as grandes marcas mundiais não surgem muito atrás. 

Fabricantes conhecidas pelos muitos anos de produção de carros de combustão clássica querem ganhar posição na luta titânica que se avizinha, através de ofertas próprias com méritos diversos. Para tentar perceber qual é o futuro, mas principalmente qual é o presente dos carros elétricos, o Lagoas Park juntou representantes da BMW, Volvo, Renault e Nissan e o Economia ao Minuto teve oportunidade de ouvir em primeira mão. 

Depois de uma conferência onde se falou de vários temas relacionados com a mobilidade, fiscalidade, autonomia e impacto ambiental, o Economia ao Minuto teve oportunidade de falar com os especialistas e perceber qual é o panorama em Portugal. 

"Nós somos uma população muito conservadora mas muito ávida de tecnologia. Isso vê-se todos os dias: somos um dos países com mais telemóveis da Europa", explica Pedro Faria, sales director na BMW Portugal. Para o diretor da marca alemã, "a evolução está a acelerar" e torna-se importante para que Portugal aumente a independência energética: "É importante para o país porque não temos de importar petróleo". 

Para Ricardo Oliveira, diretor de comunicação da Renault, "há interesse" pelos carros elétricos em Portugal, mas o recuo da estratégia de inovação assumida na primeira década dos anos 2000 acabou por ter efeitos muito negativos. Ainda assim, nem tudo é mau: "Portugal, não estando na linha da frente como já esteve, também não está assim tão atrasado". 

A intenção de parar a venda de carros movidos a combustíveis derivados de petróleo já foi assumida na Alemanha e Dinamarca, mas Portugal parece não ter ainda vontade de seguir pelo mesmo caminho. Como explica Sílvia Amaral, marketing manager e new business project manager da Nissan Portugal, o país ainda não está pronto para uma alteração tão profunda: "Há toda uma infraestrutura em torno dos veículos elétricos e não só os postos de carregamento: a própria rede elétrica tem de estar pronta. E neste momento não está. Teria um colapso". 

"Nem as empresas estão preparadas para a frota passar a ser totalmente elétrica, nem a nível particular as pessoas estão mentalmente preparadas para essa modificação. Nem mesmo a própria infraestrutura do país." 

"As marcas estão prontas. Os mercados não estão preparados", resume a representante da Nissan. 

Pedro Faria ressalva, no entanto, que "sem estabelecer metas ambiciosas, não há mudanças de paradigma" e que "o mercado não está pronto, mas está a caminho". Quanto ao representante da Renault, Ricardo Oliveira, garante que "A indústria automóvel soube sempre adaptar-se" e os próximos anos não serão exceção: "Nós saberemos adaptar-nos". 

Enquanto BMW, Nissan e Renault assumem a aposta imediata em carros totalmente elétricos, a Volvo tem um plano diferente: aproveitando os fortes motores de combustão e o luxo característico, a marca sueca tem uma oferta multifacetada de veículos híbridos 'twin engine'. 

"A V60 tem dois motores: um diesel e um elétrico. O XC 90 tem um a gasolina e um elétrico. São independentes, mas trabalham juntos em muitos momentos", revela Alfredo Pinto, operation manager na Volvo Car Portugal.  

Com carros mais robustos e motores poderosos, a Volvo dá aos clientes uma alternativa intermédia que elimina as perguntas que os portugueses mais fazem sobre os carros elétricos: "A autonomia é boa? Como é que faço quando vou de Lisboa ao Porto ou ao Algarve?" Um problema que segundo Sílvia Amaral, já está praticamente resolvido: "80% da utilização diária (dos carros) não ultrapassa os 100 kms, por isso é um falso problema". 

A possibilidade de carregar as baterias gratuitamente nos postos rápidos das autoestradas e a capacidade cada vez maior de carga já permitem, no Nissan Leaf, Renault Zoe ou BMW i3 viagens consideráveis e nos carros Volvo, a gasolina ou gasóleo são sempre uma alternativa viável. 

Os especialistas juntaram-se graças ao Executive Breakfast do Lagoas Park, um dos muitos eventos organizados pelo parque empresarial ao longo do ano para os membros das empresas residentes. Durante a conferência, a Head of Asset Management, Ana Isabel Costa, revelou que uma das conferências TEDx vai ter como casa o Lagoas Park já no próximo ano.