Ao intervir na apresentação do programa Reabilitar para Arrendar -- Habitação Acessível, José Mendes criticou os "velhos do Restelo" que desdenham dos incentivos à reabilitação e que os encaram apenas como "mais dinheiro" que o Governo concede ao setor imobiliário.

Na sua opinião, as obras realizadas ao abrigo dessas políticas "são operações de profundo interesse público, social e ambiental" que acompanham "aquilo que é uma tendência internacional".

"A realidade parece roubar argumentos" àqueles que criticam as políticas públicas, do Estado em conjunto com as autarquias, que visam "reconverter e reabilitar" edifícios devolutos e criar condições para o regresso das pessoas às áreas antigas das vilas e cidades.

Os municípios "pretendem reabilitar os seus centros históricos", disse José Mendes, no salão nobre dos Paços do Concelho de Coimbra, ao frisar a necessidade de os poderes públicos garantirem também "o direito básico à habitação" da generalidade dos cidadãos.

O governante salientou ainda que "há um setor da construção que redirecionou um pouco para a reconstrução urbana", desde a última década, quando a atividade no setor da construção baixou significativamente.

Por outro lado, apesar de considerar "o alojamento local como algo muito interessante", criticou "algumas situações pontuais" de excesso deste tipo de alojamento no centro das cidades.

"Este fenómeno da reabilitação orientada para o turismo é um fenómeno internacional e começou a ser moderado por essas razões" em diversas grandes cidades do mundo, afirmou.

José Mendes disse que o fenómeno "é absolutamente transversal nas cidades por esse mundo fora" e que importa "vigiar o interesse público e as políticas da habitação" para que não excluam as pessoas que precisam de casa.

O programa da visita de José Mendes a Coimbra inclui a assinatura de um protocolo de cooperação institucional entre o município, presidido pelo socialista Manuel Machado, e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

"Estamos a dar um posso que eu registo como muito importante no interesse da nossa cidade e da cidadania", afirmou Manuel Machado.

O também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses disse que chegou a hora de colocar "uma pedra em diversos entraves que existiram ao longo do tempo" relativamente à Baixa e demais zonas antigas da cidade.

A Alta de Coimbra e uma parte da Baixa estão classificadas como Património Mundial da Humanidade.

Interveio também na sessão o presidente do IHRU, Vítor Reis.