Sintaf considera "grave" envolvimento de privados na recapitalização
O Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (Sintaf) criticou hoje o envolvimento de investidores privados no processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), realçando que a injeção de capital público não pode servir para "diminuir" a sua capacidade.
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"É óbvio que nos parece pouco claro uma dessas tranches (cerca de 500 milhões de euros) ser em acções da Parcaixa. Grave também nos parece a notícia de que 1.000 milhões de euros são associados a emissão de dívida junto de privados, o que poderá agravar o endividamento do Estado, ou perspetivar uma possibilidade de entrada direta de capital privado na CGD, com as nefastas consequências que daí advirão", lê-se na resporta escrita enviada à Lusa pelo Sintaf a propósito da recapitalização do banco público.
Mais, segundo o Sintaf, entidade afeta à Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), "os 2.700 milhões de euros que entrarão na CGD não deverão ser para diminuir a sua intervenção e ação a nível nacional e internacional, apostando em despedimentos, mas servirem de instrumento que possa ter impacto visível na internacionalização das PME portuguesas e apoio à exportação, não descurando o apoio interno às pessoas e famílias e a necessária e importante ligação à diáspora".
E destacou: "Os dados atuais, apesar da conferência de imprensa do ministro das Finanças [realizada na quarta-feira à tarde], e das várias intervenções dos diversos partidos, não permitem uma resposta mais profunda, já que não sabemos o destino das diversas componentes dos quantitativos envolvidos no processo de recapitalização".
Para o Sintaf, o que é "profundamente importante e imprescindível" a Portugal é que a CGD "intervenha na economia e seja regulador e referência no setor bancário, o que implica que mantenha como acionista único o Estado e esteja devidamente capitalizada".
O Governo indicou na quarta-feira que o acordo que estabeleceu com a Comissão Europeia para recapitalização da CGD permite que esta operação seja feita em condições de mercado, "compatíveis com a ausência de ajuda de Estado" e que "o Estado Português fica autorizado a realizar um aumento de capital até 2.700 milhões de euros, a transferir as ações da ParCaixa para a CGD no valor de 500 milhões de euros e a converter 960 milhões de euros de instrumentos de capital contingentes (CoCo's) subscritos pelo Estado em ações".
A CGD deverá ainda realizar "uma emissão de instrumentos de dívida com elevado grau de subordinação, de cerca de 1.000 milhões de euros, elegível para efeitos de cumprimento dos rácios de capital regulatório", emissão que deverá ocorrer "junto de investidores privados".
O instrumento financeiro a emitir não será convertível em ações da CGD, "assegurando-se a manutenção da CGD como um banco integralmente público", garantiu o executivo português.
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