O jornal i escreve hoje que Portugal pode vir a pagar impostos sobre a poupança. De acordo com os economistas ouvidos pela publicação, a taxação dos depósitos que os cidadãos europeus confiaram aos bancos, como aconteceu no Chipre, não está fora de questão no âmbito dos programas de assistência financeira na zona euro, e Portugal está no leque.
Os especialistas partilham também a ideia de que, ao taxar parte dos depósitos dos cipriotas, a União Europeia deu um forte abanão na confiança que os europeus tinham no sector bancário.
“É absolutamente lamentável que se possa adoptar esta medida, que põe em causa a confiança no sistema bancário”, afirmou ao i o economista Miguel Beleza, que também admite o efeito contágio. “Em Portugal, essa confiança é extremamente elevada. Os portugueses são, dentro da zona euro, os que menos notas utilizam e mais recorrem ao sistema electrónico de pagamentos”, acrescentou o antigo ministro das Finanças.
“Com esta decisão, julgo que foi aberta a caixa de Pandora”, considera, por seu turno, o economista e ex-deputado do PCP Octávio Teixeira, que acrescenta que "fica o sentimento de que é possível ser apanhado por uma situação destas”. “Já ninguém tem credibilidade nem legitimidade para garantir que isto não acontecerá noutros países. Nem nos paraísos fiscais os depósitos estão garantidos”, adiantou.
Recorde-se que os ministros das Finanças da zona euro chegaram, na madrugada de sábado, a um acordo sobre as condições a aplicar no Chipre, em troca de um pacote de 10 mil milhões de euros, tendo ficado decidido que todos os depósitos bancários vão passar a pagar uma taxa de 9,9% para valores acima dos 100 mil euros, e um imposto de 6,7% para valores abaixo desse patamar.