Recuperação de crédito caiu 15% em 2012, prevê Intrum Justitia
O director ibérico da Intrum Justitia, empresa de cobranças difíceis, estima que a taxa de execução de crédito, em Portugal, tenha caído cerca de 15% em 2012, face ao ano anterior, e alerta que estão a aumentar os créditos incobráveis.
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Economia Cobranças
Em declarações à agência Lusa, director ibérico da Intrum Justitia, Luís Salvaterra, explicou que a taxa de recuperação de crédito resulta do rácio entre o valor a cobrar e o valor efectivamente cobrado, apontando para uma quebra de 15% em 2012, sendo que os números definitivos serão divulgados em maio.
O director ibérico da Intrum Justitia, que opera no mercado de cobrança de crédito, justifica esta queda com "as dificuldades conjunturais do País" e com o aumento do número de insolvências, quer nas empresas quer nos particulares, alertando que "está a aumentar o número de [créditos] incobráveis".
"O que estamos a sentir é que existem, neste momento, dificuldades em as empresas cumprirem com os seus pagamentos. Além disso, o Estado e as entidades públicas estão a pagar com mais atraso e isso gera um efeito de bola de neve", em que as empresas não recebem dentro do prazo e, depois, também não cumprem os seus prazos de pagamento.
Os sectores em que a Intrum Justitia nota mais dificuldades na recuperação de crédito devido são a construção e os serviços, no caso de Portugal, a que se soma o sector da saúde no caso de Espanha.
Relativamente ao mercado espanhol, Luís Salvaterra referiu "uma medida bastante positiva" que o Governo adotou no ano passado e que foi "fundamental para as pequenas e médias empresas" (PME).
"O Governo espanhol fez um acordo com a banca para injectar no poder regional e local à volta de 40.000 milhões de euros para que eles pagassem aos fornecedores. Identificaram as facturas que estavam em falta e aquele dinheiro foi alocado a essas facturas. Teve bastante êxito, mas é evidente que, depois disso, eles deixaram de pagar novamente", explicou Luís Salvaterra.
O responsável da Intrum Justitia considera que "era fundamental" que fosse implementada uma medida deste género em Portugal, mas entende que "este é um ano perigoso para fazer isso, por causa das eleições" autárquicas.
"Para as PME [Pequenas e Médias Empresas], num momento em que há uma asfixia em termos de crédito, em que o recurso ao crédito é complicado e em que há problemas de tesouraria, se o próprio Estado não paga, a única maneira de injectar dinheiro [na economia] é fazer isto: fazer com que o Estado pague para se injectar verbas sobretudo nas PME", defende.
Interrogado sobre as perspectivas para 2013, Luís Salvaterra diz que "queria ser positivo, mas é difícil", antevendo que "vai ser um ano complicado".
"Enquanto não se voltar a um crescimento sustentável, as coisas não vão melhorar e a falta de liquidez nas empresas é notória. Não vejo que vá haver uma grande melhoria este ano, comparando com 2012", prevê.
De acordo com o Índice de Risco de Portugal 2012, que reuniu dados relativos a 2011, o sector público português reduziu em três dias o atraso nos seus pagamentos, "mas continua a pagar muito tarde", ao passo que as empresas e os consumidores "pioraram os seus prazos de pagamentos".
Fundado na Suécia em 1923, o grupo Intrum Justitia, que opera no mercado de cobrança de créditos a particulares e a empresas, tem 3.300 trabalhadores em 20 países e, em 2011, facturou 430.000 milhões de euros.
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