No relatório divulgado hoje, a DBRS nota que "o risco de incêndios florestais no sul da Europa deixou de ser um perigo esporádico e 'secundário' para se tornar um fator estruturalmente relevante na volatilidade dos lucros, nos encargos de capital e na compra de novos seguros".
Devido a fatores como verões com temperaturas recordes e temporadas de incêndios mais longas do que o habitual, a frequência de sinistros e a gravidade têm vindo a aumentar, o que leva a atingir mais vezes os limites agregados de resseguro e "uma maior probabilidade de vários eventos de média dimensão esgotarem os orçamentos de risco de incêndios florestais".
Os termos para os seguros poderão ficar mais apertados na Península Ibérica e no Mediterrâneo, nos países que têm sido mais afetados pelos incêndios.
Em Portugal, destaca a DBRS, a exposição florestal "foi novamente testada, com quase 65.000 hectares queimados no ano até o momento, segundo a Agência Nacional de Florestas, com milhares de incidentes registados".
"Dada a pegada de queimadas cumulativas historicamente alta em Portugal, mesmo um verão 'normal' pode apresentar volatilidade nos lucros para carteiras seguradas concentradas nas zonas rurais do centro e norte do país", aponta a agência de notação financeira.
A DBRS salienta ainda as perdas para as seguradoras em Espanha, onde a área ardida quase triplicou face à média anual desde 2006 para este período.
Em Itália e na Grécia, "as interrupções de negócios e as exposições a responsabilidades ligadas ao turismo, incluindo evacuações e reclamações de saúde relacionadas com o fumo, continuam a ser uma preocupação fundamental para o setor dos seguros durante a época alta".
Tendo em conta este cenário, a DBRS alerta que há riscos negativos para as receitas no curto prazo para as seguradoras "fortemente concentradas nas regiões de interface entre áreas selvagens e urbanas da Península Ibérica e da Grécia".
Já para as seguradoras europeias diversificadas, "o risco continua a ser gerível, dada a forte geração de capital, a melhor disponibilidade de resseguro e o crescente acesso a capital alternativo".
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 02 de agosto.
Segundo dados oficiais provisórios, até 17 de agosto arderam 172 mil hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.
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