Abrandamento da economia chinesa seria punitivo para mercados emergentes
A agência de notação Moody's prevê que a economia chinesa se fortaleça em 2023 e 2024, mas antecipa que a médio prazo "as perspetivas de crescimento deverão continuar a abrandar devido a fatores estruturais", impactando mercados emergentes.
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Economia Moody's
"A médio e longo prazo, no entanto, as perspetivas de crescimento da China deverão continuar a abrandar devido a fatores estruturais como a população envelhecida e a redução da produtividade. Neste cenário, haveria consequências negativas para outros mercados emergentes além da Ásia e Pacífico", refere a Moody's num relatório hoje divulgado.
O documento regista que a relação comercial da China com vários destes mercados tem passado pela compra de matérias-primas e pela venda destas processadas, exportando os produtos finais para o resto do mundo.
A América Latina exporta para a China, principalmente, soja, cobre e petróleo, a Rússia e a Arábia Saudita petróleo e petroquímicos e a África do Sul pedras preciosas e metais.
"A China ultrapassou os Estados Unidos da América como principal parceiro económico de Brasil, Chile, Peru e Uruguai, mas esta relação também destaca as vulnerabilidades destas economias a um abrandamento estrutural com centro na China", refere o documento.
Por sua vez, o México, mais próximo dos EUA, apresenta "menor exposição comercial à China que os seus vizinhos regionais".
Além disso, a Moody's aborda o investimento estrangeiro direto, mais concentrado em algumas economias na América do Sul -- como Argentina (24%), Equador (29%) ou Peru (15%) --, que assim ficam expostas a um abrandamento chinês.
Também o investimento de contratos por entidades chinesas no âmbito da Nova Rota da Seda abrandou na Ásia, ainda que tenha havido um menor abrandamento que na América Latina e na África Subsaariana.
"Vemos a iniciativa da Nova Rota da Seda como uma estratégia significativa a longo prazo em termos económicos e geopolíticos para o Governo chinês e esperamos um reinício dos investimentos diretos no exterior e na deslocalização de indústrias com excesso de capacidade, criando assim emprego para trabalhadores chineses no estrangeiro", sublinha a Moody's.
Entre 2014 e 2022, os investimentos acumulados referentes a esta iniciativa somaram 125 mil milhões de dólares (115 mil milhões de euros, ao câmbio atual) na América Latina, com Argentina, Brasil, Chile, Equador, Peru e Venezuela a totalizarem mais de 80% do valor.
Já na África Subsaariana, o investimento no seguimento da Nova Rota da Seda foi de 123 mil milhões de dólares (113 mil milhões de euros), destacando-se a dependência de certas economias no financiamento chinês.
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