Meteorologia

  • 07 MAIO 2024
Tempo
13º
MIN 12º MÁX 26º

"Ajustamento destrutivo acabou mas faltou pensar no médio prazo"

O antigo ministro da Economia Augusto Mateus diz que, do ponto de vista destrutivo, o ajustamento da economia portuguesa acabou e considera inquestionável que há recuperação, mas lamenta não se ter pensado no longo prazo durante a presença da 'troika'.

"Ajustamento destrutivo acabou mas faltou pensar no médio prazo"
Notícias ao Minuto

10:40 - 27/04/14 por Lusa

Economia Augusto Mateus

"Já acabou o ajustamento do ponto de vista destrutivo", mas "falta a recuperação - essa recuperação pode ser sólida e sustentável ou pode ser intermitente e débil - mas existe", afirmou Augusto Mateus em entrevista à agência Lusa.

Agora, "há hoje uma recuperação inquestionável [da economia portuguesa]. Não vale a pena discutir, ela existe", reiterou, destacando a recuperação do consumo e do investimento, embora este comportamento leve ao crescimento das importações, "dado o desequilíbrio estrutural que ainda existe" e que "tende a comer o dinamismo das exportações".

Um exemplo apontado por Augusto Mateus foi o do setor agroalimentar, que durante o período do resgate "fez progressos notáveis, seja do ponto de vista de incorporação de conhecimento, seja do ponto de vista de internacionalização e, portanto, do ponto de vista de ganho de competitividade".

Argumentando que "não há razão nenhuma" para não se replicar esta situação noutros setores, o economista refere que se tem assistido a "algum ressurgimento" noutros setores, mas diz que se trata de um sistema de "muitas andorinhas, mas não há primavera".

"Ainda nos falta conseguir transformar estas andorinhas todas que já se veem. Algumas delas brilham, mas ainda não fazem uma primavera", ilustra.

O problema, acrescenta o economista, é que o Governo "não teve dois comboios em marcha: um de curto prazo e um de médio prazo".

Para Augusto Mateus, "era preciso estar a fazer coisas que só trariam vantagens do ponto de vista da redução do nível de despesa pública no Produto Interno Bruto (PIB) a dois, três, quatro ou cinco anos".

"Aquilo a que se chama 'reforma do Estado', não se fez grande coisa. A própria modulação da austeridade - seja do ponto de vista dos cortes de salários e das pensões, seja do ponto de vista dos impostos - foi feita de uma forma muito grosseira, pouco pensada e pouco articulada", critica.

Havia a necessidade de "fazer bem uma profunda reforma do Estado", em vez de apenas "conversar sobre ela", insiste o economista.

Por outro lado, sublinha que também se devia fazer "um grande esforço de dinamização da competitividade do tecido empresarial" e "deixar para trás a visão de um mundo fechado sobre si próprio, virado para dentro".

Mostrando-se otimista em relação ao curso recente da economia, o professor universitário considera que o país vai "sair desta situação com criação de riqueza" e destaca que "estão a acontecer coisas positivas", nomeadamente os "sinais de uma muito maior participação das empresas na globalização", o que considera ser o "principal fator de saída da crise".

Em relação ao investimento, o ex-governante do executivo socialista liderado por António Guterres considera que os sinais recentes de retoma nesta área demonstram que "a economia está a refazer o seu caminho".

"Temos de perceber que, se queremos ter emprego, temos de ter investimento, porque sem investimento não há emprego. [Mas] não se discute muito o investimento. Continuamos com conversas sem sentido sobre investimento público e investimento privado, quando o que nós precisamos é de investimento. O investimento é uma despesa que dá certo", frisa.

Sublinhando que "a variável chave nos próximos anos vai ser a qualidade do investimento", Augusto Mateus defende que "é preciso investir bastante, mas sobretudo é preciso investir melhor".

Recomendados para si

;

Receba as melhores dicas de gestão de dinheiro, poupança e investimentos!

Tudo sobre os grandes negócios, finanças e economia.

Obrigado por ter ativado as notificações de Economia ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório