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OE2022. Borges de Assunção antevê "choque" devido aos preços na indústria

O professor da Universidade Católica João Borges de Assunção anteviu, em entrevista à agência Lusa, um "choque" no crescimento económico devido ao aumento dos preços das matérias-primas, energia e escassez de componentes, mas a recuperação da pandemia compensará.

OE2022. Borges de Assunção antevê "choque" devido aos preços na indústria
Notícias ao Minuto

06:43 - 30/09/21 por Lusa

Economia OE2022

"Eu acho que sim, que pode haver um choque do crescimento desses efeitos todos. O que eu acho é que esses choques serão minúsculos comparados com os choques dos confinamentos. Ou seja, nos dados que nós vamos observar, até vai ser difícil detetar esses choques, a nível agregado", disse à Lusa o economista.

João Borges de Assunção afirmou que "algumas indústrias que dependem de componentes não estão a conseguir produzir porque não recebem os componentes", e as "indústrias de importação estão a ter muitos custos com os fretes e há muitas importações que deixam de ser viáveis", o mesmo sucedendo com as exportações.

No entanto, estes choques conjugados dos aumentos "serão eclipsados pelos ressaltos enormes da economia decorrentes desta questão do 'confina - desconfina -confina - desconfina'".

Assim, a dinâmica de análise ainda influenciada pelos confinamentos "é que domina o crescimento observado em cada trimestre".

"Quando isto desaparecer, esses efeitos começam a tornar-se visíveis, portanto esses efeitos poderão, por exemplo, travar bastante o crescimento potencial da economia portuguesa", alertou.

O professor universitário estimou com "as cicatrizes da pandemia, e mais esses" efeitos, "podemos chegar ao fim da pandemia a crescer menos, em média, do que estávamos a crescer em 2017, 2018 e 2019".

"Não está ainda no radar das minhas principais preocupações em termos agregados, mas em termos setoriais sim, acho que é uma preocupação grande", referiu.

Falando acerca das previsões económicas do Governo, que serão atualizadas em 11 de outubro, aquando da apresentação do Orçamento do Estado, João Borges de Assunção admitiu a "grande dificuldade de neste momento fazer previsões".

"Nós, quando como temos apresentado as nossas previsões, temos internalizado uma certa probabilidade de confinamento", disse, referindo-se às previsões económicas do NECEP - Católica Lisbon Forecasting Lab.

"Explicitamente dizemos que estamos mais pessimistas que os outros porque estamos a integrar isso. E isso inclui não apenas a economia portuguesa, mas inclui também, em particular, a economia europeia", sustentou ainda.

Para João Borges de Assunção, "o futuro é sempre muito incerto, mas neste momento é uma incerteza ainda mais elevada que decorre também das incertezas sobre a evolução da doença e das políticas usadas pelos governos".

"Se na Europa os principais países que nos orientam começarem a ter políticas restritivas, eu não vejo como é que o nosso Governo, mesmo que não queira, vá resistir a isso", exemplificou.

O economista admitiu que "é uma altura muito difícil" para fazer previsões.

"Não tenho vontade nenhuma de descredibilizar as previsões do Governo, parecem-me, de todo o lado, otimistas, parecem-me possíveis... [...] eu talvez fosse um bocadinho mais prudente", referiu.

O economista relevou que "normalmente", quando o Governo elabora o Orçamento do Estado, "já sabe mais ou menos o que aconteceu" durante o ano, algo que poderá ser mais difícil desta vez.

O Governo vai rever em alta as perspetivas de crescimento económico para este ano e para o próximo, apontando que este fique acima dos 4,5% em 2021, disse o ministro das Finanças, João Leão, à Lusa, no dia 17 de setembro.

A Universidade Católica estima que o crescimento da economia portuguesa esteja entre os 2% (cenário pessimista) e os 5% (otimista), apontando para os 3,5% no cenário central.

Leia Também: OE2022. Empresas deviam receber "indemnização" pelos confinamentos

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