"Creio que estamos agora, em maio e junho, numa viragem conjuntural. A partir de agora a economia crescerá rapidamente, mas partindo de um patamar baixo. Isso significa que, mesmo com um crescimento dinâmico no resto do ano, a zona euro só vai chegar ao seu nível de PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 na primavera do próximo ano", considerou Lane.
"No mercado do trabalho, a taxa de desemprego deve regressar ao nível de 2019 apenas em 2023. O caminho será longo. É necessário um esforço prolongado no plano orçamental e monetário para apoiar a recuperação", advertiu, sublinhando que "a retoma não será um processo muito rápido, é preciso ter consciência disso".
Em comparação com o nível de atividade de 2019, "hoje estamos provavelmente 4% ou 5% abaixo. É uma contração considerável. Numa recessão clássica, o recuo é de 2% ou 3%", apontou.
Mas, para Lane, "há razões para estar otimista. Comparando com a década que se seguiu à crise financeira de 2008, a pandemia de covid-19 será um acontecimento que vai durar dois ou três anos. A recessão será mais curta e as cicatrizes podem ficar limitadas".
Nas declarações que fez ao jornal, o economista sublinhou que há também "fontes de preocupação", uma vez que os encerramentos que ocorreram durante os confinamentos não afetaram apenas a economia.
"A educação e a saúde foram perturbadas, o que terá consequências duradouras. Os efeitos da pandemia também estão muito concentrados em alguns setores: hotelaria e turismo, em particular, que serão penalizados por muito tempo", acrescentou.
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