Perspetivas futuras para a economia britânica são "incertas"
As perspetivas futuras para a economia britânica são "excecionalmente incertas" dados os desafios decorrentes da crise da covid-19 e a próxima saída do mercado único, sublinha a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num relatório hoje divulgado.
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Economia OCDE
O Estudo Económico sobre o Reino Unido da organização sublinha que a saída deste país do mercado da União Europeia (UE) gera novos desafios e faz com que as decisões tomadas agora sobre a gestão da pandemia do novo coronavírus e as futuras relações comerciais com Bruxelas tenham um "impacto duradouro" na trajetória económica dos próximos anos.
Comentando a crise do novo coronavírus, Álvaro Pereira, diretor de estudos de países do departamento económico da OCDE, disse hoje que a covid-19 foi "o maior 'choque' económico de que há registo nas últimas décadas".
Numa conferência de imprensa virtual, Álvaro Pereira referiu também a outra "grande questão dominante" na agenda política e económica nacional: o 'Brexit' ou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
Sobre esta questão, salientou que é "muito importante" que Londres e Bruxelas assegurem a obtenção de uma "relação comercial o mais próxima possível" depois da próxima separação, prevista para o final do ano.
Consegui-la será "a chave para minimizar o impacto do 'Brexit' na economia britânica", acrescentou Álvaro Pereira.
O relatório da OCDE salienta que a economia nacional está "profundamente integrada na UE e deixar o mercado único da UE irá obstruir o comércio".
Embora as negociações se tenham concentrado em manter os atritos comerciais em bens em baixos níveis, o comércio de serviços é "crucial" para uma economia como a do Reino Unido, adverte o texto.
O documento recomenda a manutenção de baixas barreiras ao comércio e ao investimento com a UE e outros países "em particular em termos de acesso ao mercado para setores de serviços como o financeiro".
A OCDE apela também ao "reforço da comunicação sobre uma saída sem acordo da UE".
Uma saída desordenada do mercado único, sem um acordo comercial com a UE, teria um grande impacto no comércio e no emprego, adverte.
Em vez disso, forjar uma relação estreita com Bruxelas apoiaria a "recuperação, produtividade e emprego para ambas as partes".
O organismo adverte que as instituições financeiras sediadas no Reino Unido perderão os seus "direitos de passaporte" e a manutenção de relações estreitas com os seus parceiros da UE ajudará a limitar os custos.
A economia nacional contraiu-se fortemente na primavera de 2020 e o desemprego - atualmente em 5,3% - é provável que aumente para 7,1% no futuro, de acordo com as suas estimativas.
Segundo os últimos indicadores do país, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido estava em agosto 9,2% abaixo do nível de fevereiro de 2020, antes da declaração da pandemia em março e da introdução da contenção nacional.
Em particular, o PIB cresceu nesse mês 2,1%, menos do que o previsto após o gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson ter introduzido a ajuda direcionada para o setor da restauração e hotelaria.
A combinação da crise da covid-19 e a saída do mercado único europeu torna as perspetivas futuras da economia britânica "excecionalmente incertas", de acordo com a OCDE.
O ressurgimento do novo coronavírus levará a mais medidas restritivas, que resultariam num crescimento mais fraco, maior desemprego e maior pressão sobre as finanças do país, acredita o organismo.
Um "desafio-chave" será assegurar que aqueles que estão em atividades diminuídas pela crise sejam capazes de passar para novas tarefas e não se desliguem do mercado de trabalho.
A OCDE acredita que o país necessita de investimento público para reforçar a recuperação e aumentar a produtividade e propõe o reforço dos esforços para proporcionar formação de boa qualidade aos trabalhadores pouco qualificados.
Uma vez que a recuperação esteja "firmemente estabelecida", o défice estrutural terá de ser abordado, diz a OCDE, prevendo ao mesmo tempo "um período prolongado de perturbação na atividade e no emprego, que corre o risco de exacerbar o fraco crescimento da produtividade, as desigualdades, a pobreza infantil e as disparidades.
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