MP do Brasil acusa ex-executivos de fraude em obras de metro
O Ministério Público brasileiro acusou na terça-feira, no âmbito da Operação Lava Jato, cinco ex-executivos de quatro grandes construtoras de formarem um cartel para defraudar licitações em obras de metro em oito cidades do país.
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Economia Brasil
De acordo com o Ministério Público Federal, o grupo, que se autodenominava "Tatu Tenis Clube", atuou entre 1998 e 2014 e contou com a participação de ex-dirigentes das empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.
Essas cinco empresas também estiveram no centro das investigações sobre os desvios milionários ocorridos dentro da estatal petrolífera brasileira Petrobras, a partir dos quais vários políticos e empresários foram presos.
Neste caso, os procuradores da Operação Lava Jato encontraram indícios de que o cartel cometeu fraude nas licitações para construção de linhas de metro nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, assim como na capital do país, Brasília.
De acordo com a acusação, o grupo inflacionava o preço dos empreendimentos acima da média do mercado, "gerando prejuízo de milhares de milhões aos cofres públicos", indicou em comunicado a procuradora Janice Ascari, coordenadora da Lava Jato em São Paulo.
A suposto cartel organizou-se de tal forma que as cinco empresas participantes elaboraram uma espécie de linguagem de código, em que definiam as regras para a divisão dos leilões dos projetos, e os valores dos mesmos.
Para não serem descobertos, os executivos identificavam-se com nomes de tenistas famosos como "Guga", "Beker" e "Koock", em alusão aos tenistas Gustavo Kuerten, Boris Becker e Thomaz Koch, respetivamente, e usavam metáforas desportivas para planear as ações ilícitas.
Os acusados são Benedicto Barbosa, ex-diretor de infraestrutura da Odebrecht; Márcio Magalhães Pinto, ex-diretor financeiro da Andrade Gutierrez; Othon Zanoide, ex-diretor de desenvolvimento comercial da Queiroz Galvão; e Saulo Thadeu Vasconcelos e Dalton dos Santos, ex-diretores de transportes da Camargo Correa, que deverão responder por crimes contra a ordem económica.
Segundo o Ministério Público, o cartel foi aperfeiçoado com a criação de um subgrupo de trabalhadores das empresas envolvidas que "se reunia secretamente para discutir projetos e tratar de licitações em desenvolvimento".
A acusação destacou que a rede só começou a perder força a partir de 2010, quando o mercado abriu as portas à concorrência internacional, para que participassem também nos leilões.
Lançada em 2014, a operação Lava Jato trouxe a público um enorme esquema de corrupção de empresas públicas, como a Petrobras, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levando à prisão de muitos deles, como o antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado pelo antigo juiz Sergio Moro.
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