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Oposição cabo-verdiana acusa Governo de financiar empresas estrangeiras

O maior partido da oposição em Cabo Verde (PAICV) acusou hoje o Governo de afastar armadores nacionais, de financiar empresas estrangeiras e de confundir propositadamente a privatização e nacionalização de empresas do setor marítimo e aéreo.

Oposição cabo-verdiana acusa Governo de financiar empresas estrangeiras
Notícias ao Minuto

15:43 - 21/08/19 por Lusa

Economia Cabo Verde

Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Julião Varela disse que das privatizações até agora feitas, não há qualquer capital proveniente do estrangeiro e que quem tem assumido o passivo das empresas e o financiamento do processo são os contribuintes cabo-verdianos.

O secretário-geral dá como exemplo o caso da transportadora aérea TACV, cujo Estado vendeu 51% do capital, por 1,3 milhões de euros, à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação.

Além de ter assumido todo o passivo da empresa, estimado em mais de 100 milhões de euros, Julião Varela disse que só no ano passado o Executivo de Ulisses Correia e Silva gastou mais de 22 milhões de euros.

"Isso sem contar com os avales e garantias à empresa, sendo o último valor conhecido de 22 milhões de euros para a tesouraria da empresa", completou.

Ainda âmbito deste processo, o dirigente partidário afirmou que a Icelandic é que está a ter benefícios com a renda/aluguer de aviões à agora Cabo Verde Airlines (CVA).

Julião Varela disse que a companhia islandesa ganha 3.800 dólares por cada hora de voo e um total de 1.4 milhões de dólares por mês.

"Quando a prática internacional, em iguais circunstâncias, regista, por exemplo, o montante de 480 mil dólares por mês para um Boeing 787", explicou.

"Não é fácil entender que, quanto mais aviões a Icelandair colocar ao serviço da CVA, mais ganha pela via do aluguer", insistiu Varela, considerando que isso explica o facto de a companhia estar a anunciar novas rotas para destinos com "taxa de ocupação extremamente baixa" e "tarifas exageradamente baixas".

Relativamente aos transportes marítimos, o PAICV acusou o Governo de ter afastado os armadores nacionais do concurso para concessão o serviço inter-ilhas, cujo concurso internacional foi ganha pela empresa portuguesa Transinsular, tendo arrancado operações a 16 de agosto.

Para o secretário-geral, o Governo "tentou remediar o mar", patrocinando a entrada de alguns armadores com o capital social de 49% e nacionalizou a Cabo Verde Fast Ferry (CVFF), colocando os três barcos da empresa à disposição da Transinsular.

"Não deixa de ser estranha essa reviravolta. É que, poucos dias atrás, estava tudo acertado em como a Fast Ferry iria colocar os seus navios em regime de aluguer à Cabo Verde Inter-Ilhas", empresa criada na sequência da concessão do serviço marítimo, criticou Julião Varela.

Por tudo isso, o PAICV pediu explicações ao Governo sobre as razões do afastamento dos investidores da Fast Ferry, que são imigrantes, e de ter colocado os barcos à disposição da empresa portuguesa, que, nos termos do concurso, deveria entrar com cinco navios.

Além de colocar os barcos à disposição da Transinsular, o PAICV indicou que o Governo vai ainda pagar uma remuneração de 10% sobre o resultado de exploração anual, vai compensar os prejuízos que a empresa tiver e anualmente vai servir de avalista para empréstimos.

"É desta forma que o Governo quer exprimir a grande paixão para os empresários nacionais?" - questionou Julião Varela, para quem, com todas as condições já criadas, os empresários nacionais estariam em condições de assumir tanto o setor aéreo como o setor marítimo no país.

O secretário-geral do maior partido da oposição cabo-verdiana concluiu, dizendo que o Governo está "em sentido contrário" ao que propões, estando a realizar nacionalizações e não privatizações.

"Se o objetivo de privatizar é atrair capital estrangeiro, até agora não há qualquer capital mobilizado", insistiu o dirigente partidário, pedindo apoio aos privados cabo-verdianos.

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