FMI acaba por ser "selo de qualidade" nos países onde intervém
Os economistas ouvidos pela Lusa admitem, a propósito dos 75 anos do Fundo Monetário Internacional (FMI), que a instituição acaba por funcionar como um "selo de qualidade" que ajuda a recuperar a confiança nos países a que presta assistência.
© Reuters
Economia FMI
"A presença do FMI, pelo seu apoio técnico aos governos, pelo facto de fazer, por um lado, análises exaustivas à economia e à situação das finanças públicas, e, por outro, os programas terem como contrapartidas reformas estruturais que vão ao encontro das exigências dos mercados e das agências de 'rating', acaba por ser um 'selo de qualidade'", afirmou Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio, em declarações à Lusa.
Miguel Cardoso, economista chefe do BBVA para Espanha e Portugal, referiu que esse é, precisamente, "um dos benefícios de entrar num programa com o FMI".
"O facto de o acesso ao financiamento estar condicionado a seguir normas que restabeleçam a capacidade de pagamento das administrações públicas ou a reformas que aumentam o crescimento [económico], ajuda a restabelecer a confiança", frisou o economista, acrescentando que esta conduta contribui para que os países recuperem a capacidade de financiamento autonomamente.
No mesmo sentido, João Borges de Assunção, professor da Universidade Católica, adiantou que, quando o FMI decide financiar um país, isso "significa que acredita que vai ser ressarcido, o que, por sua vez, só ocorre se os países implementarem determinadas reformas ou programas".
E o economista salientou também que o FMI "é uma instituição que conhece os problemas típicos dos países que se encontram temporariamente com dificuldades de financiamento".
Questionados sobre se pode dizer-se que o FMI funciona como uma espécie de garantia de cumprimento das obrigações dos Estados alvo de intervenção, Rui Bernardes Serra considerou que "poderá ser abusivo".
"Veja-se, por exemplo, o recente caso da Grécia, em que houve uma restruturação da dívida, com perdas para os investidores", recordou o economista-chefe do Montepio.
O FMI foi concebido em julho de 1944 na Conferência das Nações Unidas de Bretton Woods em New Hampshire, Estados Unidos.
De acordo com informações disponíveis no 'site' do FMI, a instituição "dá aconselhamento sobre como alcançar estabilidade económica, prevenir crises financeiras e melhorar os níveis de vida", "dá apoio financeiro e trabalha com os governos para assegurar gastos responsáveis" e "trabalha com os países membros para modernizar as suas políticas e instituições económicas".
Os principais objetivos da instituição com sede em Washington, nos Estados Unidos, são promover a cooperação monetária internacional, facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional, promover a estabilidade cambial, ajudar no estabelecimento de um sistema de pagamentos multilateral e disponibilizar recursos (com garantias adequadas) aos membros que enfrentam dificuldades na balança de pagamentos.
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