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GreenFest. "Marcas não são autistas, ouvem o que o consumidor pede"

Festival de sustentabilidade arranca esta quinta-feira no Mosteiro de Tibães, em Braga. Este ano, a água é o tema central de um evento que junta empresas, autarquias, famílias e jovens à volta de uma mesa onde a sustentabilidade e a economia circular são o mote para a partilha de ideias e experiências.

Notícias ao Minuto

09:00 - 06/06/19 por Beatriz Vasconcelos

Economia Greenfest

O GreenFest, um festival que junta à mesa sustentabilidade e economia circular, arranca esta quinta-feira no Mosteiro de Tibães, em Braga. Várias vozes se vão juntar com um objetivo comum: partilhar experiências e ideias sobre a 'economia verde' e o desperdício zero. 

A este propósito, o Notícias ao Minuto falou com Pedro Norton de Matos, mentor do GreenFest em Portugal, sobre as tendências atuais nas empresas e mesmo no dia-a-dia da sociedade civil. Pedro Norton de Matos tem esperança que as atitudes dos mais jovens possam limitar o "mau" comportamento da geração anterior, através das escolhas que fazem, porque as marcas estão atentas ao que o consumidor quer. 

O economista cita Antoine Lavoisier para dizer que "na natureza nada se perde, tudo se transforma", defendendo que o lixo de uma indústria é matéria-prima para outra e que a reciclagem é o limite, porque antes é preciso dar uma nova vida aos produtos. E deixa algumas ideias. 

O que podemos esperar da edição deste ano?

Estamos super entusiasmados, porque o Mosteiro de Tibães é muito simbólico e com uma alma enorme. Foi da Ordem dos Beneditinos e eles praticavam a economia circular, de desperdício zero, portanto é uma enorme fonte de inspiração perceber que se no passado já se praticava a economia circular de desperdício zero, não é nenhum utopia pensar que nos tempos modernos, com mais meios, mais tecnologia, mais conhecimento, não possamos ter esse objetivo. O GreenFest é uma grande festa, são quatro dias com um programa super recheado e diversificado.

Criamos uma economia de desperdício e de maus hábitos e com maus comportamentos, mas acreditamos que os jovens podem adotar um comportamento diferente dos das gerações anterioresPor que foi a água o tema escolhido?

Água é vida. E nós estamos aqui a celebrar a vida e pensar numa vida mais equilibrada. Todos os anos temos os objetivos do desenvolvimento sustentável, os 17 objetivos da UNESCO. O que fazemos é um 'zoom' num determinado tema em particular, este ano escolhemos a água.  

A quem se destina o GreenFest?

De grosso modo, quinta e sexta-feira é para empresas, autarquias, sociedade civil e escolas. Fazemos questão de ter um programa escolar muito forte, porque acreditamos que a sustentabilidade é um compromisso intergeracional e acreditamos muito que são as novas gerações que têm a capacidade de serem agentes de mudança e transformar. Nós, e falo pela minha geração, criamos uma economia de desperdício e de maus hábitos e com maus comportamentos, mas acreditamos que os jovens podem adotar um comportamento diferente dos das gerações anteriores.

No sábado e domingo o público é mais famílias, procuramos sempre ter conteúdos para as quatro gerações, do bisavó ao bisneto, e então temos muitas linguagens diferentes, música, teatro, área de saúde e bem estar, nutrição, rastreios de saúde, oficinas, yoga, pilates, temos um programa muito diverso.

E então entramos nos tais R's em que o último é reciclar, porque primeiro está reduzir, responsabilidade, reaproveitar e repararPedro falava há pouco da economia circular, que é um tema cada vez mais falado, a par da sustentabilidade. Face a este crescimento, o GreenFest assume aqui uma importância extra?

Constatamos com muito gosto, com muita alegria, que este movimento é crescente, de sensibilização e preocupação. Nos últimos anos, com as questões dos plásticos e das alterações climáticas, este tema saltou muito para as preocupações mais generalizadas. Há jovens que vão crescendo num ambiente com outro tipo de preocupações. A economia circular, e eu sou economista, é uma economia que é inspirada na natureza. Como dizia o  Lavoisier 'na natureza nada se perde tudo se transforma' e por isso não devemos voltar-lhe as costas, por mais que a tecnologia seja entusiasmante. Devemos pensar que a natureza é um laboratório com quatro mil milhões de anos onde se fazem todas as experiências e o que nos ensina é o desperdício zero.

Se nós aplicarmos este conceito à economia, então podemos fazer com que o que é lixo na indústria possa ser 'input' ou matéria-prima de outra e assim sucessivamente. E então entramos nos tais R's em que o último é reciclar, porque primeiro está reduzir, responsabilidade, reaproveitar e reparar. A economia circular impõem-se, mas é algo que já se praticou, por isso temos é de com mais meios, mais conhecimento, mais tecnologia colocá-la ao serviço da prosperidade e aplicarmos modelos que levem a um desenvolvimento harmónico e sem assimetrias sociais.

Tal como na democracia ativa um voto pode fazer a diferença, o consumidor no seu dia-a-dia, de cada vez que está a comprar ou recusar um produto no fundo está a dar um voto, ou favorável ou desfavorávelAs empresas que nasceram nos últimos cinco anos estão mais consciencializadas para essas questões relacionadas com sustentabilidade?

Acho que é também um movimento crescente. Uma vez mais, como economista, aprendi que a última linha era a económico-financeira, o 'bottom-line'. O que as empresas neste momento estão a perceber é que há o chamado ‘triple-bottom-line’, têm a sua ação económico-financeira, mas ao mesmo tempo com uma consciência do impacto ambiental e da responsabilidade social. As empresas líderes de cada setor, e as novas empresas, pensam na sua ação tripla. Estou esperançado de que no futuro todos estes aspetos sejam mais bem alinhados na sociedade em geral.

As marcas não são autistas, ouvem, entendem e analisam através da tecnologia as tendências e o que o consumidor está a pedirPedro, como é que as pessoas podem praticar a economia circular no dia-a-dia?

Tal como na democracia ativa um voto pode fazer a diferença, o consumidor no seu dia-a-dia, de cada vez que está a comprar ou recusar um produto no fundo está a dar um voto, ou favorável ou desfavorável. As marcas não são autistas, ouvem, entendem e analisam através da tecnologia as tendências e o que o consumidor está a pedir. Nesse sentido, apelo a que usemos o nosso poder enquanto consumidor. Costuma dizer-se que o rei é o consumidor, somos reis, então podemos em cada ato de compra dar um voto.

Como consumidor consciente podemos pensar em tudo, desde a forma como usamos a água, a energia, a forma como nos vestimos e a questão têxtil. Além disso, a questão alimentar, o facto de consumirmos produtos mais próximos, mais naturais, e depois na nossa mobilidade, quando decidimos qual o meio de transporte que vamos utilizar.

No nosso dia-a-dia tomamos várias decisões que se forem norteadas para um consumo responsável podem levar, tudo somado, a diminuirmos muito o desperdício. Felizmente começam a aparecer muitas opções em que o consumidor pode optar por um estilo de vida menos negativo no ambiente e nas áreas sociais.

Como é que a tecnologia pode servir ou pode ser usada a favor da sustentabilidade?

A tecnologia é um meio, não é um fim. Por isso, a tecnologia pode e deve servir o ambiente, a saúde, as áreas sociais e de inovação social. Acredito muito que a tecnologia nos vai ajudar a tornar a sociedade mais próspera. A minha palavra é de esperança. E o GreenFest é um palco de boas práticas e inspiração. As pessoas saem de lá a pensar que há muitas coisas boas a serem feitas e que podem ser replicadas.

Percorra a galeria e veja algumas imagens do GreenFest.

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