A brusca escalada deste conflito provocou que o seletivo Dow Jones Industrial Average fechasse a perder 2,4%, para os 25.324,99 pontos, e o alargado S&P500 a desvalorizar 2,4%, para as 2.811,87 unidades, na que foi a pior sessão de ambos desde o início de janeiro.

Já o tecnológico Nasdaq, que recuou 3,4%, para os 7.647,02 pontos, teve a pior sessão desde dezembro.

"Quando os investidores podem quantificar um risco, os movimentos são contidos. Mas quando nenhuma perspetiva real se perfila, então o medo domina", comentou Sam Stovall, do gabinete CFRA.

Ora, os sobressaltos das negociações sino-norte-americanas têm os investidores sobressaltados desde que o Presidente dos EUA, Donald Trump, em mensagem divulgada na rede social Twitter em 05 de maio, ameaçou a China com sanções comerciais suplementares.

Motivo este para arrefecer o entusiasmo de numerosos investidores, que contavam que a reunião entre representantes chineses e norte-americanos, realizada em Washington, na quinta e sexta-feira, antes de uma cimeira entre os presidentes norte-americano e chinês.

Mas os negociadores saíram sem acordo e a tensão aumentou durante o fim de semana para culminar com o anúncio feito hoje por Pequim de um aumento, a partir de 01 de junho, dos direitos alfandegários sobre importações provenientes dos EUA de valor anual estimado em 60 mil milhões de dólares (53 mil milhões de euros), como represália pelas novas taxas aplicadas na sexta-feira por Washington.

"Quem pode agora prever os compromissos que vão ser necessários para chegar a um acordo? Os investidores não sabem nada e retiram o seu dinheiro da mesa", avançou Sam Stovall.

Para Alan Skrainka, da Cornserstone Wealth Management, ao contrário, os investidores de Wall Street reagiram excessivamente.

"Os investidores devem ganhar distância e reconhecer que os EUA não exportam apenas 120 mil milhões de dólares de bens para a China e que taxas de 25% aplicadas à importação de 539 mil milhões de dólares só representariam 135 mil milhões de dólares", detalhou. "Em uma economia de 21 biliões (milhão de milhões) de dólares, fala-se da grossura do risco", referiu.

Os investidores também foram abalados pelo despiste da Uber, que perdeu 10,75% no seu segundo dia em bolsa, depois de ter recuado 7,6%, na sexta-feira, no final do seu primeiro dia em bolsa.

O seu rival Lyft teve desempenhos semelhantes, com uma desvalorização de 5,75%, no final do dia de hoje, depois de ter recuado 7,4% na sexta-feira.