"700 milhões de euros é pouco para fazer face ao problema que o país tem pela frente", vincou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, no parlamento, durante a sua intervenção na audição pública sobre o Plano Nacional de Investimentos 2030.
Eduardo Oliveira e Sousa notou que existe "uma forte componente do esforço financeiro" do PNI que é dedicada aos transportes e à facilitação de ligações, enquanto a dinamização do interior, através do regadio, recebe apenas cerca de 3% do montante do programa.
"No litoral as pessoas já lá estão e no interior deixaram de estar. Se queremos dinamizar o interior, temos de criar condições para potencializar as economias nessas regiões [...]. Não é a paisagem que vai atrair os jovens para o interior. Se não houver economia, as pessoas não pensam sequer em ir para o interior", afirmou o presidente da CAP.
Para o líder da confederação, isto é possível através do empreendedorismo, tecnologia, inovação e internacionalização que se verificam nas explorações agrícolas.
"Há explorações agrícolas de muito pequena dimensão, associadas a agriculturas forçadas, a que habitualmente se chamam estufas", que constituem uma forma de desenvolver o interior, mas que carecem de água, exemplificou.
"Dos 29 mil milhões de euros de projeção de investimentos, apenas 3%, cerca de 700 milhões de euros, são dedicados a este problema que de norte a sul do país pode mudar o paradigma do interior. Parece-nos realmente pouco", reiterou.
Este valor é independente do montante já previsto para o Programa Nacional de Regadios (PNRegadios), apresentado pelo Governo em março de 2018, que tem como objetivos aumentar, reabilitar e modernizar os regadios existentes e criar novas áreas.
O Programa Nacional de Investimentos 2030, que se insere no Portugal 2030, define os investimentos infraestruturais estratégicos prioritários, nos setores da mobilidade e transportes, ambiente e energia.
De acordo com a informação disponível na página do Portugal 2030 na internet, o PNI abrange as infraestruturas localizadas em Portugal Continental e estrutura-se por projetos ou programas com investimentos superiores a 75 milhões de euros.