Da auditoria às responsabilidades. Afinal, o que se passa na CGD?

Conclusões da auditoria realizada pela EY revelou falhas ao nível da gestão e da política de remuneração. Da Esquerda à Direita pedem-se responsabilidades.

Caixa Geral de Depósitos, CGD

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Beatriz Vasconcelos com Lusa
23/01/2019 08:40 ‧ 23/01/2019 por Beatriz Vasconcelos com Lusa

Economia

Caixa Geral de Depósitos

 

Uma auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos (CGD) revelou várias falhas quer ao nível da gestão interna, quer ao nível da política de remunerações do grupo durante o período entre 2000 e 2015. As conclusões levam a crer que o banco emprestou dinheiro mesmo quando recebeu pareceres desfavoráveis nesse sentido

Mas há mais. A divulgação desta auditoria, pelas mãos da ex-deputada do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias suscitou inúmeras reações desde os partidos da Direita aos da Esquerda, até porque se sabe que o banco público pagou bónus aos administradores mesmo quando os resultados da instituição eram negativos

O Governo veio desde logo dizer que quer que a administração da CGD tome "todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades" nos atos detetados pela auditoria da EY e adote as "medidas adequadas" para defender o património do banco.

Outra das conclusões da auditoria é que foram encontradas sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e perdas de mais de mil milhões de euros

De acordo com o Jornal de Negócios, a aposta no BCP foi a operação mais "penosa", financeiramente, para a instituição. Isto, porque a CGD perdeu 559 milhões de euros e nem os dividendos no valor de 40 milhões de euros foram suficientes para compensar o investimento no banco privado. 

Quer isto dizer que a EY analisou várias operações de concessão de crédito da CGD e concluiu que muitas delas foram concedidas sem uma análise de risco aprofundada, incluindo "operações aprovadas com parecer de risco desfavorável ou condicionado" pela Direção de Gestão de Risco do banco.

O documento da consultora aponta ainda uma desconsideração do 'rating' nas decisões de concessão de crédito na CGD, com a qual a EY não concorda, por considerar que "estas métricas devem constar de políticas de crédito".

Marcelo recusa comentar para já

Questionado sobre se considerava que a CGD ainda corria hoje riscos de má gestão como os apontados pela auditoria, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, remeteu comentários para quando tiver acesso ao documento, salientando antes a confiança das instituições internacionais no sistema financeiro português.

"Isso há de chegar às minhas mãos. Vou ter de me pronunciar, vou esperar por esse momento", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Da Esquerda à Direita pedem-se responsabilidades

Após a divulgação do documento que aponta várias falhas à gestão da CGD, os partidos com assento parlamentar rapidamente exigiram o apuramento de responsabilidades.

O Bloco de Esquerda quer que o documento "chegue ao Parlamento o mais depressa possível", porque é necessário perceber o que aconteceu. Já o PCP quer que sejam apuradas as responsabilidades pessoais e políticas

O PS, por sua vez, prefere destacar a atitude "corajosa e importante" do Governo, enfatizando o facto de o primeiro-ministro António Costa ter pedido a auditoria da qual se conhecem agora os resultados. 

Já o PSD pediu uma investigação à gestão da CGD e considera grave se Governo já tinha conhecimento das irregularidades, enquanto o CDS prometeu levar o assunto ao Parlamento já na quinta-feira

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