Corretora inglesa ActivTrades aposta em Portugal apesar do 'Brexit'
A corretora britânica ActivTrades quer trabalhar mais no mercado nacional, apesar dos obstáculos que pode vir a enfrentar com o 'Brexit', avançou à Lusa Tiago Pinheiro, responsável por Portugal e pelos países de língua portuguesa.
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"Para nós é bastante interessante estar presente no mercado em Portugal, porque estamos dentro de uma realidade europeia em que, apesar do perfil de investidor ser mais conservador, é do nosso interesse aumentar a presença", referiu o responsável, salientando que este interesse existe "em contraste com outros mercados que estão mais desenvolvidos em termos de apetite para o risco, mas onde a concorrência é superior".
Para Tiago Pinheiro, o 'Brexit' "teve um grande impacto nos mercados, com a queda da libra, que desvalorizou completamente", sendo que acredita que a saída do Reino Unido da União Europeia pode não ser benéfica para as empresas internacionais que queiram continuar a operar nos dois blocos.
"Vai tudo depender das condições com que seja feita a negociação", salientou, referindo que acredita que, "em termos práticos", a empresa não seja afetada.
Apesar disso, o responsável está otimista quanto à evolução deste segmento em território nacional: "Temos noção de que em Portugal existe espaço para que este mercado seja criado, mas vai levar algum tempo, por causa do perfil do investidor português e da falta de conhecimento sobre estes conceitos que negociamos, ações, bolsa e o receio associado", afirmou Tiago Pinheiro.
Além disso, a história recente não ajuda a acalmar os receios dos portugueses. "A crise financeira foi criada por várias instituições que não tomaram as devidas precauções. A popularidade das instituições financeiras baixou bastante, bancos de investimento e empresas normais, como o BES ou a PT, que eram gigantes, acabaram por desiludir", recordou o responsável.
O profissional opera sobretudo com o mercado português e brasileiro, tendo chegado à londrina ActivTrades depois de anos a trabalhar na banca nacional.
Tiago Pinheiro reconhece que ainda há muito a fazer em Portugal na área dos mercados e da bolsa: "Acho que são vários os motivos pelos quais os mercados em Portugal ainda não estão totalmente desenvolvidos. O primeiro é a crise financeira. Apesar de estarmos numa maré de crescimento muito positiva, ainda existe receio de que venha uma nova catástrofe".
Mas o aparecimento das 'fintech' (empresas tecnológicas financeiras) pode alterar o panorama mais conservador do investidor português.
"Temos o exemplo ideal que é a Raize, uma empresa disruptiva do mercado nacional, tecnológica, financeira, regulada pela CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários] e pelo Banco de Portugal, que deram aprovação para um modelo que não é tradicional e está mais do que visto que é de sucesso", salientou Tiago Pinheiro.
A oferta pública inicial que esta sociedade desenvolveu há alguns meses pode ajudar a democratizar as 'fintech', para "que possam dar uma alternativa aos bancos que dominavam o mercado", garantiu o responsável da ActivTrades.
A corretora associa-se no sábado, ao Lisboa Financial Forum. O debate, com vários oradores, irá debruçar-se sobre as alterações profundas nos mercados, com análise económica, formação e 'networking'.
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