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Esta equipa vende e arrenda casas em Portugal por vídeo... pelo WhatsApp

O 'boom' do imobiliário em Portugal, principalmente na cidade de Lisboa, e a rapidez com que as casas saem do mercado faz com que o método negocial tenha de ser ajustado e mais rápido. Esta equipa de consultores imobiliários arranjou uma solução que está a ajudar os estrangeiros que se querem instalar ou investir por cá.

Esta equipa vende e arrenda casas em Portugal por vídeo... pelo WhatsApp
Notícias ao Minuto

08:55 - 12/06/18 por Beatriz Vasconcelos

Economia Imobiliário

Portugal está na moda e há muito que os números do imobiliário nos contam isso mesmo. Os preços das casas estão elevados - e o Banco de Portugal já o reconheceu -, uma vez que a procura é também ela grande. A rapidez com que uma casa sai do mercado é evidente e essa é uma das principais dificuldades. 

"Quando liguei já estava arrendada", ou "não consigo ir ver a casa hoje e por isso ficarei sem ela" são algumas das frustrações partilhadas por quem anda à procura de casa. A equipa Vincenzo Scorcella arranjou uma solução que está a ganhar adeptos lá fora: mostrar a casa por chamada de vídeo pelo WhatsApp e assim fechar negócio, acelerando o processo de venda e ajudando quem está longe. No total, o grupo já vendeu cinco casas através de recursos digitais só este ano. No ano passado, venderam uma dezena por 'livestreaming'. 

Vincenzo Scorcella lidera uma equipa de três italianos que trabalham para a Remax e moram em Portugal, "por várias razões e há muito tempo". O Notícias ao Minuto falou com Adriana Camilleri, sócia de Vincenzo Scorcella, o chefe da equipa que é também constituída por Mariangela Tateo. 

Adriana considera que o que distingue o trabalho deles das restantes equipas é a proximidade com que atuam junto dos clientes e deixa uma ressalva: "Nem todos os estrangeiros são predadores e vêm a Portugal despejar pessoas. A maioria dos nossos clientes quer abrir negócios cá", começa por contar. 

Este projeto foi algo pensado ou aconteceu naturalmente?

Foi uma coincidência muito engraçada. Eu morava no Porto, mas queria comprar casa em Lisboa e sempre que havia uma casa que me agradava, com um bom preço, eu não tinha tempo de marcar uma viagem para Lisboa porque, entretanto, a casa já estava vendida. E o Vincenzo era o meu consultor – ele é uma referência no mercado imobiliário em Portugal para os italianos. Depois de o conhecer e conversar com ele passei a confiar nele também. Entretanto surgiu uma casa que eu queria muito ver e eu sugeri-lhe: ‘vais lá, ligas-me pelo WhatsApp mostras-me a casa por vídeo e depois a gente vê o que pode fazer’. Eu vi a casa, gostei, ele disse-me os aspetos positivos e negativos e eu fiz uma proposta e comprei a casa. (risos)

Depois, tivemos necessidade de fazer o mesmo noutras situações para clientes que moram muito mais longe, como por exemplo, nos EUA, na Ásia, no Egito… temos agora um cliente no Chile que se mudará para cá no final de julho.

Como é que conseguiram dar-se a conhecer especialmente junto dos estrangeiros?

O facto de nós sermos estrangeiros cria uma ligação preferencial. Eu, enquanto estrangeira, conheço muitos portugueses mas a minha vida social é mais preenchida por estrangeiros, porque temos o mesmo desafio que é adaptar-nos a um país diferente. Começamos com italianos, por motivo culturais e linguísticos. Depois, como eu morei em muitos sítios (Brasil, Inglaterra, Marrocos,…) acabamos por entrar na onda do ‘há sempre alguém que conhece alguém, que por sua vez conhece alguém’. É uma bola neve. E, depois, um cliente satisfeito traz mais clientes. Há muitos benefícios fiscais para quem vem para Portugal, porque existe o estatuto de residente não-habitual"

Portugal está a viver um ‘boom’ no mercado imobiliário. Na sua opinião, o que é que está a atrair tantos estrangeiros a Portugal?

Bem, há dois fatores importantes. Um é a parte fiscal. Há muitos benefícios fiscais para quem vem para Portugal, porque existe o estatuto de residente não-habitual em que, basicamente, reformados de determinados países mudam-se para cá e não pagam impostos na sua reforma. A nossa média de clientes reformados tem uma reforma limpa de sete mil euros. Tendo em conta que em Itália pagam quase 45% de impostos em Itália, lá receberiam quase metade, basicamente. A vida em Lisboa é mais cara, mas nas coisas de lazer é mais em conta.

O segundo é que há muitos profissionais dos campos das artes, criatividade, tudo o que tenha a ver com propriedade intelectual, que também podem beneficiar de uma percentagem de impostos mais baixa. Muitas pessoas são aliciadas a fazer vida em Portugal… e depois quando vêm experimentar gostam. Apesar de o tempo não estar muito bom, Portugal tem um clima agradável, comida boa, os portugueses são pessoas muito acolhedoras e disponíveis. Falo por experiência, eu vim para cá há 10 anos, ainda Portugal não estava assim tão na moda.

Por exemplo, uma coisa muito típica que os clientes americanos nos perguntam é: onde se pode comprar armas?São essas as qualidades de Portugal?

Sim, mas há outras situações. No resto do mundo, não só na Europa, a situação tem mudado para pior. Por exemplo, o [presidente dos EUA, Donald] Trump fez declarações com as quais muita gente não se identifica e, depois, começam a ter inseguranças quer ao nível das suas poupanças, quer ao nível da segurança física. Por exemplo, uma coisa muito típica que os clientes americanos nos perguntam é ‘onde se pode comprar armas?’ e nós explicamos que cá não é assim, não se compram armas no supermercado. Ao que eles respondem: ‘Não? Que bom! Fantástico, adoro’. Para nós são coisas banais, mas para eles faz toda a diferença.

Temos o exemplo de um casal americano que tem uma filha de dois anos, em que eles são de origem mista e viram em Lisboa, na zona do Martim Moniz, um sítio onde se sentem em casa.

Este projeto funciona só ao nível da venda ou também faz arrendamentos?

Fazemos tudo. E fazemos muitíssimos arrendamentos.

Sendo que são um grupo que trabalha ‘dentro’ da Remax, o que é vos distingue?

Nós estamos disponíveis sempre, para qualquer necessidade. Por exemplo, tivemos um cliente reformado que queria comprar casa no Algarve e o Vincenzo fez-lhe várias perguntas para saber tudo e mais alguma coisa – porque às vezes as pessoas acham que querem algo e afinal não é exatamente o que precisam para suas vidas. Este senhor tinha problemas de saúde e no Algarve, como sabemos, o serviço de atendimento urgente no verão não é dos melhores. Por isso, o Vincenzo aconselhou o senhor a ficar numa outra zona, na Charneca da Caparica, ele comprou uma moradia lá e depois teve um AVC. A senhora foi para a rua aos gritos e, por acaso, os vizinhos eram do INEM e salvaram o senhor. Depois, a senhora ligou ao Vincenzo a pedir ajuda e ele próprio a levou ao hospital. Quem se lembra de ligar ao consultor imobiliário numa situação destas? Não somos apenas pessoas que vendem casas. Somos pessoas, trabalhamos com pessoas e criamos laços.

Depois temos também clientes que nos procuram para fazer investimentos, que abriram cá restaurantes, escritórios e empresas. Tentamos também dar uma informação específica sobre como funcionam as coisas em Portugal.

Fazemos uma visita em direto, quase como se o cliente estivesse lá, do género, ‘virá à direita’, ‘mostra-me o que se vê da janela’ ou ‘abre a porta da casa de banho’"Como é que se fecha um negócio por WhatsApp?

(Risos) Bem, em primeiro lugar, nós encaramos isto como uma grande responsabilidade. É um risco. Tentamos sempre perceber o que é que o cliente precisa e privilegia, as expectativas, e a parte mais importante é que conversamos imenso com os clientes numa fase preliminar. Depois, quando encontramos as casas certas para os clientes marcamos uma visita e informamos o cliente sobre a hora e, se for possível, fazemos uma visita em direto quase como se  o cliente estivesse lá, do género, ‘virá à direita’, ‘mostra-me o que se vê da janela’ ou ‘abre a porta da casa de banho’. E explicamos tudo o que deve ser reparado na casa, tentamos dar o máximo de informações e o mais objetivas possível. Não tentamos vender a casa à força e acho que isso faz muita diferença, o facto de sermos os primeiros a dizer: esta casa não é boa para ti.

Tentamos também mostrar todo o envolvente, desde as escadas do prédio até dar uma volta ao quarteirão, aos supermercados e àquelas coisas que os clientes precisam de saber. Depois disso, tentamos perceber se o cliente quer ou não avançar com uma proposta.

E caso queiram avançar com essa mesma proposta, quais são os próximos passos?

Caso queiram, enviam-nos toda a documentação por e-mail e através dos sistemas informáticos da Remax fazemos a proposta. Mas trabalhamos também em parceria com muitas outras agências.

Por exemplo, tínhamos um cliente finlandês que tinha um pedido muito específico e com um orçamento reduzido. Durante cerca de oito meses não houve uma casa que correspondesse às suas necessidades. Quando apareceu nós próprios entramos em contacto com ele e dissemos: ‘temos a casa ideal para ti, podes vir para Portugal’. Como não havia tempo suficiente para manter a casa [em espera] fizemos vídeo pelo WhatsApp e quando ele chegou fizemos a escritura.

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