O andebol é um dos desportos que mais têm crescido nos últimos anos em Portugal, com várias equipas lusas a marcar presença nos grandes palcos europeus.

No entanto, não são apenas os clubes que têm dado cartas no estrangeiro. Os treinadores portugueses também têm tido sucesso lá fora, adquirindo cargos de destaque na modalidade.

Um dos melhores exemplos é Ricardo Vasconcelos, de 33 anos, que atualmente é selecionador da Grã-Bretanha, ao mesmo tempo que é um dos técnicos principais da Federação Inglesa de Andebol e ainda treinador do Nottingham HC.

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o técnico português dá a conhecer a sua história de sucesso até chegar à seleção da Grã Bretanha, sem nunca esquecer o que se passa no panorama nacional.

"Tudo começou com uma oferta de trabalho que eu vi na internet, para desenvolver o setor de andebol da seleção britânica. Decidi concorrer e acabei por ser chamado para fazer uma entrevista e assim se iniciou o meu processo em Inglaterra", começa por explicar.

Uma mudança que o próprio afirmou não ter sido fácil, porque a vida em terras de Sua Majestade é bem distinta, até "pelo contexto cultural de Inglaterra". No entanto, é no andebol que as diferenças são mais notórias.

"Um país onde o andebol não está muito desenvolvido e o interesse não é grande, enquanto que, em Portugal, o andebol está no top 3 dos desportos mais praticados", realçou o técnico.

Com a pouca visibilidade da modalidade, Ricardo Vasconcelos revelou que o principal pilar do andebol britânico são as escolas, isto porque, "em Inglaterra as escolas e universidades têm tido um papel importante no desenvolvimento de atletas e na promoção dos mais variados desportos".

Apesar do trabalho e do esforço que está ser feito no Reino Unido, o treinador português considerou que, "por, agora é complicado" colocar uma seleção como a da Grã-Bretanha na elite do andebol, pois está a ser feito um "trabalho de desenvolvimento que precisa de tempo para dar frutos": "Primeiro, as bases têm de ser bem preparadas para que depois haja apoio financeiro para atacar as grandes competições".

Mesmo estando a passar um bom momento em Inglaterra, Ricardo imagina-se um dia a treinar em território português: "É um sonho para mim voltar a Portugal, temos das melhores equipas da Europa. Portugal está no horizonte assim que haja oportunidade".

Isto apesar de, em termos monetários, "em Inglaterra haver estabilidade e melhores condições de vida do que na maior parte dos clubes da principal liga nacional". Por essa mesma razão, o próprio admitiu que, por agora, tenciona manter-se em Inglaterra: "O meu principal objetivo nesta fase da minha vida é o bem-estar da minha família e ser feliz".

No entanto, o caso de Ricardo Vasconcelos não é único na Europa. Tem havido um crescimento de treinadores portugueses no continente europeu nos últimos anos, "principalmente na Alemanha e na Áustria". "É uma situação que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos".

Isto porque as caraterísticas dos técnicos portugueses têm interessado aos clubes estrangeiros: "É muito trabalhador, não tem medo de 'arregaçar as mangas' e de arriscar. Acima de tudo, não tem receio de dizer quando não sabe as coisas, o que é um fator fundamental para nos ajudar como profissionais deste desporto, e isso agrada lá fora".

Porém, têm sido os jogadores nacionais a evoluir mais :"Os atletas estão muito bem cotados neste momento, existem diversos clubes europeus que os têm ido buscar".

Para finalizar, Ricardo Vasconcelos revelou quais são os seus sonhos para o futuro da sua carreira de treinador de andebol: "Um dos meus maiores sonhos é treinar uma equipa das melhores ligas do Mundo, mas neste momento apenas procuro estabilidade".