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Lovren pede "oportunidades" para os refugiados, condição que já viveu

Jogador do Liverpool contou a sua história com o intuito de sensibilizar os países europeus.

Lovren pede "oportunidades" para os refugiados, condição que já viveu
Notícias ao Minuto

07:57 - 11/02/17 por Notícias Ao Minuto

Desporto Testemunhos

Os dias mais risonhos escondem, por vezes, passados pesados e carregados de más memórias. Dejan Lovren não é apenas um jogador de futebol. É um ser humano que lutou muito para chegar onde chegou, mas sobretudo para alcançar uma vida estável e longe do conflito constante.

Confuso? Passamos a explicar. Dejan Lovren vive a tragédia dos refugiados de uma forma muito próxima. A razão? É simples, o jogador do Liverpool passou por uma situação semelhante quando era criança.

Num documentário produzido e promovido pelo Liverpool, o internacional croata partilha a sua história, com o intuito de ajudar os refugiados. 

Lovren foi obrigado, juntamente com a sua família, a deixar a Bósnia devido aos conflitos que se verificavam na década de 90 (remonta à Guerra dos Balcãs na antiga Jugoslávia), episódio que o deixa sensibilizado para a situação dos milhares de sírios, que agora tentam chegar ao Velho Continente para fugir da guerra. 

O jogador dos 'reds' deixa um apelo aos países europeus para que não impeçam a entrada destes refugiados que todos os dias fogem de Aleppo e de outras cidades sírias, frequentemente fustigadas pelo conflito entre o Estado Islâmico, as forças internacionais e o governo local.

O jogador de 27 anos nasceu na cidade de Zunica, mas cedo teve de se mudar para a Alemanha depois do início dos primeiros bombardeamentos. Apesar da tenra idade, Lovren não tira da memória o dia em que teve de abandonar aquela que era, até aquela altura, a sua terra. 

Com apenas três anos de idade, o agora defesa croata viu a sua vida mudar radicalmente e não esquece um dia em particular.

"Estava em casa com a minha mãe quando ouvimos as sirenes das anti-aéreas. Foi muito assustador. Ela agarrou-me e fomos para a cave. A minha mãe chorava e nada mais podíamos fazer do que esconder-nos. Nunca irei esquecer esse momento", começou por contar o jogador, passados 24 anos.

E (nem) tudo o tempo levou 

Lovren confessou ainda que não fala com a mãe sobre o assunto, porque, apesar dos muitos anos que passaram, o tema ainda é muito sensível. Ainda assim contou-lhe que iria falar publicamente sobre o que viveu, isto apesar do pedido da mãe para não o fazer. 

"É como se a guerra tivesse acontecido ontem. É uma coisa muito sensível para se falar, tentamos sempre evitar falar sobre isto. É triste. A minha mãe disse-me [antes do documentário]: 'Não lhe contes', e eu disse: 'Vou contar'. E ela começou a chorar outra vez. É sempre um tema sensível para falar porque ela lembra-se de tudo", contou. 

A rotina de Lovren e da sua família era tudo menos previsível, com os acontecimentos tristes a sucederem-se. No entanto, a saída de Zenica terá sido a melhor opção para a família Lovren, pois quem ficou acabou por morrer precisamente no local onde moravam. 

"Zenica foi atacada porque era uma grande cidade, mas existam muitas pequenas vilas onde as piores coisas aconteciam... as pessoas estavam a ser mortas brutalmente. O irmão do meu tio foi morto à frente de muitas pessoas com uma faca. Eu nunca falo com o meu tio porque é muito difícil falar no assunto. Ele perdeu o irmão. É difícil", lamentou. 

Mas por que Lovren só partilhou a sua história agora? Acima de tudo, para deixar um apelo global, que inclui a oportunidade de começar uma nova vida onde guerra não seja a palavra de ordem. 

"Quando vejo os noticiários e vejo os refugiados da Síria e outros locais, o meu primeiro instinto é o de que devemos dar-lhes uma hipótese. Sei que existem preocupações com o terrorismo e compreendo-as, mas tratam-se de famílias com crianças. Não podemos simplesmente fechar os olhos", reiterou, antes de prosseguir.

"Eles merecem uma hipótese como aquela que eu e a minha família tivemos quando deixámos a Bósnia. Ficarei grato à Alemanha para sempre devido a isso. Permitiram-nos ficar durante sete anos e provavelmente teria ficado lá mais tempo se tivéssemos a papelada correta, portanto fomos obrigados a voltar. Isso também foi complicado para mim", argumentou, antes de deixar uma mensagem de esperança. 

"Espero que seja mais fácil para a próxima geração. Para a minha filha e para o meu filho, talvez eles esqueçam e sigam em frente. Não sei se um dia eles vão entender a minha vida e a minha situação, o que eu passei, porque eles vivem num mundo diferente. Quando a minha filha quer um brinquedo, por algumas vezes, eu digo que não tenho dinheiro. É difícil para ela entender, mas preciso que ela saiba que nada aparece facilmente", finalizou.

Obrigado pela partilha, Lovren. Há histórias que merecem ser contadas.  

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