AVB 'mata', Rui Costa 'esfola' e queixa de Varandas. Rivais "à cabeçada"

Pedro Proença foi eleito presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) no passado dia 14 de fevereiro de 2025, vencendo na corrida Nuno Lobo. O antigo árbitro, e que transitou da liderança da Liga Portugal para a da FPF, foi eleito sob o lema "unir o futebol", mas, a bem da verdade, o futebol português tem estado tudo menos unido nos últimos dias, sobretudo depois do Clássico de há uma semana, no Estádio do Dragão, entre o FC Porto e o Benfica.

Todo este clima de crispação começou no passado dia 5 de outubro. Nesse domingo, há precisamente uma semana, Frederico Varandas contestou a ideia de que os leões têm controlo sobre as instâncias que gerem o futebol português e sublinhou que Proença e Reinaldo Teixeira "são benfiquistas".

Dois dias depois, e na antecâmara da gala Portugal Football Globes, o líder do FC Porto, André Villas-Boas, lançou críticas aos presidentes do Benfica, do Sporting, da Liga Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol.

Num discurso inflamado e com críticas para várias partes, Villas-Boas denunciou também que "a coação feita" pelos seus rivais da Segunda Circular "tem um impacto direto nas nomeações" e disse estar "ansioso por ver a quem é atribuído o prémio Calimero do Ano".

Especificamente sobre as palavras de Frederico Varandas, Villas-Boas considerou que "o mais grave é ter havido um encontro entre o presidente do Sporting e o presidente da Federação Portuguesa de Futebol para um mapeamento clubístico dos Órgãos Sociais da FPF" e acrescentou que "o futebol português nunca esteve tão longe de estar unido como neste momento."

Villas-Boas arrasou ainda a postura de Reinaldo Teixeira, presidente da Liga Portugal, ausente do Clássico entre FC Porto e Benfica, que se terá "vangloriado pelos pontos de Portugal no ranking da UEFA".

Queixa de Varandas e Benfica aponta o dedo

A primeira reação a estas críticas de Villas-Boas não se fez esperar. O Sporting avançou com participação disciplinar contra o presidente do FC Porto, por considerar que as mesmas atentam contra a honra de Frederico Varandas e a reputação da Sporting SAD.

Logo depois de anunciada a queixa, o Benfica também tomou uma posição. Em entrevista concedida à TSF, na quinta-feira, Rui Costa admitiu avançar com uma queixa contra Alan Varela, na sequência do processo colocado pelo seu rival contra Vangelis Pavlidis.

"Em relação a estas acusações, nomeadamente no que diz respeito aos ordenados, nunca me preocupei com os das outras equipas. Não sei com que visão é que André Villas-Boas está preocupado. Mas sim, mentiu! Não há jogadores com esses ordenados no Benfica e não sei porque foi buscar isso para justificar o que quer que seja", referiu o líder encarnado.

Pelo meio destas críticas entre os rivais, Reinaldo Teixeira, pronunciou-se sobre as várias trocas de 'galhardetes' entre os líderes máximos de Sporting, FC Porto e Benfica.

"Compete-nos fazer com que o ruído seja positivo. Naturalmente eu acredito que quando alguém o faz [uma participação disciplinar], faz com uma intenção, com uma estratégia e quero acreditar que é com uma boa opinião", disse o presidente da Liga Portugal à Sport TV, prosseguindo: "Mas, como tudo na vida, eu próprio na vida, no dia-a-dia, o que faço é com princípios e com valores e não abdico disso, enfim, de forma imparcial e de forma, digamos, plural, ainda estes cargos tenham de ser vistos desta forma."

A propósito desta 'novela', António Salvador, presidente do Sporting de Braga, dirigiu críticas, através do site oficial dos minhotos, à arbitragem e à direção de Benfica, FC Porto e Sporting, acusando os três grandes de promoverem "terrorismo comunicacional".

Palavras de Villas-Boas, as cabeçadas e a reação de Proença

Mais tarde, e já no Portugal Football Summit, na Cidade do Futebol, em Oeiras, Varandas foi um dos oradores e optou por não comentar este assunto. Já André Villas-Boas, e a propósito do "desafio" da Supertaça ibérica lançado a Pedro Proença e aos rivais Benfica e Sporting, além de clubes espanhóis, disse que os três grandes portugueses andam "às cabeçadas".

"Sou da opinião de que o futebol caminha no sentido de diferentes competições. A Supertaça ibérica foi um desafio que lancei a Pedro Proença, aos outros dois 'grandes' e aos principais clubes espanhóis. Agora andamos todos à 'cabeçada', mas ficou o 'bichinho', que foi bem acolhido por Real Madrid, Atlético de Madrid, FC Barcelona, Benfica, Sporting e Federação Portuguesa de Futebol [FPF]", sinalizou o presidente do FC Porto.

Pedro Proença, por seu turno, preferiu não tomar posição sobre o que tem sido este clima de crispação entre FC Porto, Sporting e Benfica.

"Enquanto presidente da FPF, se algo respeitarei neste espaço, é isso. Cabe-nos o caminho de definir o que são as linhas vermelhas e esta autorregulação que tanto exigi na Liga, é algo que espero que hoje criem dentro das próprias entidades, este processo de convergência e discussão. Seremos muito respeitadores nesse espaço. Ontem, tivemos aqui o presidente da Liga, que estou certo de que conseguirá convergir e tranquilizá-los", frisou.

"Obviamente sempre que haja a intervenção do presidente da FPF, estarei disponível, dentro do papel de magistratura. Não é nada que não seja conhecido pelas pessoas, tenho uma excelente relação com todos os presidentes do futebol português, mas respeito aquilo que é a independência de cada um. As linhas vermelhas serão definidas por mim e quando considerar que tenho de intervir, aí o farei. Mas dentro do silencio, da tranquilidade, até lá esperamos que as próprias organizações encontrem os seus caminhos", vincou Proença.

"Não há nenhum mapeamento clubístico. Vamos ver se nos entendemos: quando existiu o processo eleitoral, toda a gente sabe, são de conhecimento público as tendências clubísticas - direi que eventualmente religiosas ou políticas - dos seus candidatos, é fácil conhecer estes números. A FPF tem nos seus altos quadros pessoas altamente competentes, e foi isso que se escolheu para esta candidatura: pessoas competentes e capazes de fazerem, por exemplo, estes eventos reconhecidos mundialmente", finalizou.

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