"Entendo que é altura de contribuir para o movimento a nível internacional, considerando a voz que tive e os papéis que tenho vindo a desempenhar", disse Leila Marques, atual vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), em declarações à agência Lusa, após a divulgação, pelo IPC, das listas de candidatos.
Aos 44 anos, a médica assume que a candidatura à primeira vice-presidência da estrutura que tutela o desporto paralímpico a nível mundial "é um grande desafio", e mostra-se honrada com a escolha do CPP de apresentar o seu nome.
"É um grande desafio. Sinto que tenho vindo a contribuir para o movimento que me fez crescer enquanto pessoa, enquanto atleta e profissional de saúde, e enquanto dirigente", referiu, assumindo o objetivo de poder "contribuir para o crescimento internacional do movimento paralímpico no futuro".
Leila Marques, que marcou presença como nadadora nos Jogos Olímpicos Atlanta1996, Sydney2000, Atenas2004 e Pequim2008, terá na corrida ao cargo a concorrência da canadiana Chelsey Gotell e da chinesa Ming-Chu Um, que classifica como "duas adversárias de peso, que têm vindo a contribuir para o movimento paralímpico".
A eleição para a primeira e segunda vice-presidências - cargo ao qual se apresentam quatro candidatos do sexo masculino devido à paridade imposta pelos novos estatutos aprovados em junho passado - são independentes entre si e também da escolha para a presidência do organismo, com sede em Bona, na Alemanha, e criado em 1989.
Ao cargo de presidente concorrem o atual líder, o brasileiro Andrew Parsons, a cumprir o segundo mandato, e o sul-coreano Dong Hyun Bae, duas pessoas com as quais Leila Marques está preparada para trabalhar, caso seja eleita.
"Os candidatos à liderança são o atual presidente, que está em funções há oito anos, e um outro candidato que é natural da Coreia do Sul, que não conheço de uma forma tão próxima, mas estou naturalmente aberta a trabalhar com quem for eleito", garantiu a antiga nadadora, que em 2022 foi nomeada pelo Governo para coordenar o grupo de trabalho para a igualdade de género do desporto.
Leila Marques, que ainda antes da criação do CPP presidiu à Federação Portuguesa de Desportos para Deficientes (FPDD), elege como os grandes desafios da nova direção do IPC a inclusão das pessoas com deficiência através do desporto, o trabalho articulado com o Comité Olímpico Internacional (COI), a classificação desportiva e a igualdade de género.
"Além da sua vertente de alto rendimento, que é muito importante, é também o papel fundamental do IPC ajudar a criar sociedades mais abrangentes e inclusivas através do desporto" referiu, defendendo também a necessidade de apoiar as nações "com parcos recursos" de forma a "contribuir para que haja um movimento mais inclusivo no qual todos possam crescer e não apenas as grandes potências".
Leila Marques, que foi a chefe da Missão portuguesa aos Jogos Tóquio2020, vê a sua candidatura como mais um passo na afirmação internacional do CPP, o organismo que tutela o desporto paralímpico em Portugal, e considera que este é o 'timing' certo para a apresentação da candidatura.
"O CPP tem vindo a afirmar-se ao longo dos últimos anos e, enquanto membro da comissão executiva no terceiro mandato, junto com o presidente e restantes colegas, entendemos, pelo posicionamento que Portugal tem vindo a ter com os outros membros do IPC , e com as federações internacionais, que seria a altura ideal para nos posicionarmos numa forma de liderança a nível internacional", referiu.
Caso não seja eleita para a primeira vice-presidência nas eleições que decorrerão na Assembleia Geral do IPC, marcada para 27 de setembro, em Seul, na Coreia do Sul, Leila Marques será candidata a um dos lugares de vogal, a eleger no mesmo dia.