Neste 10 de junho de 2025 - em que se celebra mais um Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas - vale a pena estender a paixão lusitana ao desporto e, com foco no futebol sénior masculino, recordar as datas mais impactantes da última década 'louca', com três conquistas europeias assinaláveis, por parte da seleção nacional.
Em apenas três anos, a equipa das quinas começou por arrecadar o Campeonato da Europa de 2016, em França, seguindo-se a estreia sorridente na Liga das Nações, em 2019, em solo português. Como se uma não bastasse, eis que, meia dúzia de anos depois, Portugal somou mais uma Liga das Nações, no passado domingo, desta vez na Alemanha.
Após tantas décadas marcadas pela seca de títulos, o 'reinado' vitorioso foi construído por Fernando Santos, com o devido seguimento por parte de Roberto Martínez. Apesar de tudo, ambos reúnem a particularidade de somarem amplas críticas.
10 de julho de 2016: Um Europeu para 'calar' os críticos
Para chegar ao Euro'2016, Portugal protagonizou uma fase de qualificação peculiar, em que apenas sabia o que era sorrir pela margem mínima, até que se seguiu uma nova realidade já em França. Com três empates (Islândia, Áustria e Hungria) na fase de grupos, o conjunto liderado por Fernando Santos foi construindo um caminho até à final com recurso a prolongamentos e penáltis, diante de Polónia e Croácia, com a exceção a ser a vitória diante do País de Gales (2-0), nas 'meias'.
Quem diria que, com um triunfo e cinco empates em tempo regulamentar, a seleção nacional poderia estar na final? Pois bem, não só esteve, como forçou um novo prolongamento, diante da anfitriã França, onde o mítico golo do Éder (0-1) permitiu a Portugal rubricar a primeira página de conquistas. A expressão "é feriado hoje, car****" ficou imortalizada, mas seria apenas o início daquilo que podemos 'reclamar' como 'feriados'.
Portugal 'vingou' a derrota na final (caseira) do Euro'2004, diante da Grécia, levando França a experimentar tal sensação, no seu país.© Getty Images
Seguiu-se a fase de qualificação para o Mundial'2018 e, aí, a seleção portuguesa começou a entrar na senda de goleadas, com um terceiro lugar na Taça das Confederações (2017) pelo meio, até que veio a aventura na Rússia. 'Taco a taco' com Espanha na fase de grupos, Portugal caiu aos pés do Uruguai (2-1) nos 'oitavos' e travou o sonho de uma nação que parecia embalada para sonhar com mais e mais.
9 de junho de 2019: Liga das Nações 'plantada' em casa
A UEFA decidiu criar a Liga das Nações, em 2019, com a primeira edição a acontecer logo em Portugal, 'dividida' entre Porto e Guimarães. Um dos muitos hattricks de Cristiano Ronaldo, diante da Suíça (3-1), atirou a seleção para a final, diante dos Países Baixos (1-0), com um golo de Gonçalo Guedes a selar um novo troféu para os lusos.
Portugal parecia começar a habituar-se a erguer troféus, arrecadando a primeira Liga das Nações da história do futebol europeu.© Getty Images
Na caminhada até ao Euro'2020, Portugal foi ultrapassado pela Ucrânia na ronda de apuramento, numa aventura 'estranha' para um mundo que enfrentava a pandemia da Covid-19, com a fase final da prova a realizar-se em 2021, entre vários países. Um novo terceiro lugar - desta vez num complexo grupo com França, Alemanha e Hungria - apurou a equipa de Fernando Santos para os 'oitavos', onde seria eliminada, imagine-se, pela Bélgica, orientada por... Roberto Martínez.
O Mundial'2022, no Qatar, foi 'turbulento' para os lusos. E tudo começou na fase de qualificação, quando Portugal falhou o acesso direto, ao ser travado pela (apurada) Sérvia ao cair do pano. A 'correção' aconteceu diante da Turquia e da Macedónia do Norte, mas as polémicas internas no seio da seleção - sobretudo entre o capitão e o selecionador - culminariam num percurso oscilante, a 'esbarrar' na derrota frente a Marrocos (1-0), às portas das 'meias'. Seria o 'adeus' à era Fernando Santos.
8 de junho de 2025: Uma não chegou, e vão duas Ligas das Nações
Roberto Martínez foi o escolhido por Fernando Gomes, na altura presidente da Federação Portuguesa de Futebol, para comandar os destinos da seleção. Apesar das críticas, registou vários recordes e terminou a fase de apuramento para o Euro'2024 com dez triunfos em dez jogos, notabilizando uma veia goleadora nunca antes vista.
A verdade é que, na altura das decisões, na prova que decorreu na Alemanha há sensivelmente um ano, o técnico espanhol parecia estar a 'reencarnar' Fernando Santos no 'mata-mata', após uma fase de grupos em que até conquistou a liderança. Portugal ainda eliminou a Eslovénia nos penáltis, mas não teve a mesma sorte diante de França, caindo novamente às portas de umas 'meias', tal como no último Campeonato do Mundo.
'Não há duas sem três', não é verdade, Cristiano Ronaldo?© Getty Images
Roberto Martínez compensou os 'pecados' de Fernando Santos, que não havia voltado a apurar Portugal para uma fase final da Liga das Nações, desde 2019, tendo sido precisamente o trunfo para 'apagar' o insucesso no Campeonato da Europa. Ironia das ironias, o regresso à Alemanha - já com Pedro Proença ao leme da FPF - foi bem sorridente. Depois de 'despachados' os anfitriões (1-2), Portugal derrotou a vizinha Espanha nas grandes penalidades (5-3), após mais um empate (2-2) diante do país vizinho, para erguer o terceiro troféu em menos de dez anos.
Nuno Mendes 'explodiu' e foi a grande figura da final four, mas nota especial para Cristiano Ronaldo que, aos 40 anos, apontou dois golos decisivos (um em cada jogo), cumprindo o lema 'não há duas sem três', tratando-se do único 'sobrevivente' das convocatórias de todas as conquistas. Portugal tem agora a palavra e a responsabilidade de se afirmar como candidato ao Mundial'2026. Nem pode ser de outra forma.
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