"A ANTF deve poder lecionar os cursos e estes devem ser reconhecidos"

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, André Reis apresenta as suas propostas para a candidatura à presidência da ANTF, referindo que pretende fazer uma Associação "sem elitismos, igual para todos e ao serviço de todos os treinadores".

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Davide Rodrigues Araújo
23/05/2025 07:01 ‧ há 6 horas por Davide Rodrigues Araújo

Desporto

Eleições ANTF

A Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) vai a eleições no próximo dia 31 de maio para estabelecer quem sucederá a José Pereira na presidência da instituição. A votos vão duas listas, com a lista A a ser liderada por Henrique Calisto e a lista B por André Reis.

 

O líder da lista B conta com nomes como Dauto Faquirá no seu 'corpo apoiante', tendo como objetivo principal colocar a ANTF "sem elitismos, igual para todos e ao serviço de todos os treinadores", caso seja eleito.

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o atual treinador-adjunto da seleção de São Tomé e Príncipe revela os motes da campanha eleitoral, referindo que gostaria de melhorar os acessos aos cursos da UEFA para evitar novos casos como os de Ruben Amorim, quando estava no Sporting, e de João Pereira, do Casa Pia.

Como avalia o trabalho da atual direção da ANTF liderada por José Pereira?

Se tivesse de dar uma nota, seria um insuficiente. Isto porque todas as propostas que a nossa lista e a outra lista candidata estamos a apresentar são tudo propostas que não são novidade para ninguém. Já poderiam todas estar implementadas, no fundo. São tudo operações que já poderiam ter sido feitas em prol do treinador português.

Temos uma ANTF que, neste momento, não tem interesse prático para os treinadores porque o único propósito da ANTF neste momento é organizar um fórum anual, que é muito bem conseguido - aliás, o que está a ser bem feito também merece ser destacado - e volta e meia umas ações de formação. Mas a existência da ANTF não se devia reduzir só a isto e efetivamente tem vindo a estar estagnada no tempo.

Se for o candidato eleito, o que pretende fazer de diferente?

Em primeiro lugar, temos de adequar e adaptar a ANTF aos tempos de hoje. O que eu quero dizer com isto é que, logo à partida, é necessária uma alteração dos estatutos da ANTF para os adequar ao século XXI, uma vez que os que estão atualmente em vigor até poderiam servir os seus propósitos no início dos anos 90. Em 2025 estão claramente desatualizados e prejudicam o funcionamento da ANTF.

Digo isto, por exemplo, pela questão referente ao voto nos órgãos sociais. Vivemos atualmente numa realidade em que o treinador português tem um ótimo mercado no estrangeiro, temos treinadores portugueses com muita qualidade a trabalhar no estrangeiro. Contudo, todos eles que sejam sócios da ANTF, no dia 31 de maio, não vão poder votar. Principalmente os que ainda têm campeonatos a decorrer, porque da maneira que os estatutos estão feitos atualmente, só é possível votar presencialmente no Porto.

Do nosso ponto de vista, uma forma básica de aproximar a ANTF dos treinadores é alterar os estatutos, introduzir o voto descentralizado, onde seja permitido votar ou nos núcleos, ou por correspondência e criar bases para o voto eletrónico. Temos noção de que esta última vertente está interligada com custos, que terão de ser avaliados, mas entendemos que se deve deixar a porta aberta para que uma direção possa fazer esse investimento, assim se justifique.

É também necessário limitar os mandatos do presidente, para evitar comodismos e vícios que possam existir, para garantir um fluxo de 'sangue novo' naquilo que são as ideias de quem se propõe a liderar a ANTF. É preciso dar mais responsabilidade e mais liberdade aos núcleos existentes, que atualmente têm pouco interesse prático, por estarem muito limitados às suas competências.

O que queremos é uma ANTF sem elitismos, igual para todos e ao serviço de todos os treinadores.

A polémica dos cursos UEFA tem sido um dos temas mais falados ao longo da atual presidência de José Pereira. Como é que se pode dar mais condições e oportunidade de acesso aos mesmos aos treinadores?

Há duas vertentes que têm de ser abordadas. Uma tem a ver com as vagas e as condições de acesso aos cursos. Outra tem a ver com os casos de Ruben Amorim, do João Pereira do Casa Pia, atualmente. 

Em primeiro lugar, aquilo que fazemos em todas as nossas propostas no que toca aos cursos é, não só apontar o problema, mas também apresentar aquele que consideramos ser o caminho certo para resolver esses problemas. No nosso ponto de vista, a melhor solução para resolver a falta de vagas e s critérios de acesso aos cursos é capacitar a própria ANTF para lecionar todos os cursos existentes, desde o UEFA B até ao UEFA Pro.

Mas não estamos cá para enganar ninguém. Este é o caminho que entendemos ser o correto. Contudo, é um processo de negociação, uma vez que tem de se negociar com a Federação Portuguesa de Futebol, com a UEFA e com o próprio Instituto Português do Desporto e Juventude. O que queremos é que a ANTF possa lecionar os cursos e que estes sejam reconhecidos por todas as entidades referidas anteriormente, assim como pelas entidades internacionais, para que os treinadores possam continuar a lecionar em qualquer parte do mundo. Vamos também estar em complemento com a grande oferta formativa existente nas associações regionais, não estando em substituição das mesmas, que fazem um excelente trabalho com os cursos UEFA C e UEFA B.

Apontamos ainda ao aumento do número de vagas para os cursos e dos critérios de acesso aos mesmos, porque é incompreensível como é que um treinador como, por exemplo, o Hélder Duarte, que está a trabalhar em Moçambique, sendo três vezes campeão nesse país nos últimos quatro anos, concorre ao UEFA Pro e não entra. Depois temos outros treinadores que são admitidos por terem tido algumas inscrições como treinadores adjuntos na I Liga e, na prática, foram ao banco uma ou duas vezes, e passam à frente de treinadores portugueses que estão a dignificar o nome do treinador português no estrangeiro. Por isto, é necessário alterar os critérios de admissão nos cursos de treinadores.

Sobre os casos semelhantes ao de Ruben Amorim e de João Pereira, nós defendemos que tem de ser dada a possibilidade ao treinador de concluir a sua formação e isso faz-se através de um acordo multilateral. Este acordo consiste na promessa de que o treinador irá frequentar o próximo curso que abrir e a entidade formadora se compromete a garantir uma vaga ao treinador, enquanto que o regulamento da competição permite que este possa assumir as suas funções como treinador principal na sua plenitude, em vez de estar a brincar ao 'faz de conta' com um treinador-adjunto a ser o principal, mas que na prática não o é e tem de consultar o banco para dar indicações, sendo apenas um 'corpo presente'.

O treinador português é visto como um 'produto' mundialmente reconhecido. Como poderá a I Liga seguir essa tendência e subir nos rankings?

Em primeiro lugar é necessário não dar 'um tiro nos pés' dos próprios treinadores portugueses. Aquilo que entendemos que é necessário para a nossa Liga subir no ranking, passa um pouco por aquilo que tem estado a ser feito, por exemplo, com Frederico Varandas e, mais recentemente, com André Villas-Boas no FC Porto, que estão a contratar treinadores em função do projeto desportivo e implementar esse mesmo projeto. Basta olhar para o que está a acontecer com Ruben Amorim, que claramente foi contratado com o propósito de implementar um projeto no Sporting e nem sempre correu bem. É importante que os clubes e seus presidentes definam bem qual é o projeto desportivo  e contratem treinadores em função do mesmo, dando confiança para o treinador fazer o seu trabalho.

Têm havido várias críticas face à eleição de Carlo Ancelotti como o primeiro selecionador estrangeiro no Brasil. Acredita que um treinador estrangeiro, como é o caso de Roberto Martínez em Portugal, traz benefícios às seleções?

Eu vou responder de forma muito pragmática. Parece-me óbvio que, no caso do selecionador nacional, quem é nacional terá sempre um sentimento diferente pelo cargo em questão. Preferencialmente, o cargo deverá ser ocupado por um treinador nacional. Contudo, tal como os clubes têm liberdade de escolha, também os presidentes das federações têm liberdade de escolha.

Logo, se os presidentes entendem que a pessoa indicada para ocupar aquele lugar é um estrangeiro, então o que a ANTF deve fazer é dar exatamente o mesmo apoio que daria se fosse um treinador português, o mesmo 'carinho'. Porque a ANTF representa e defende os interesses de todos os treinadores portugueses a trabalhar no estrangeiro, assim como os direitos e interesses dos treinadores que estejam a trabalhar em Portugal, sejam portugueses ou estrangeiros. Opiniões todos as têm, mas se Roberto Martínez é o selecionador nacional neste momento, é Roberto Martínez que a ANTF ou qualquer candidato que se preze deve apoiar.

Leia Também: "Não há professores suficientes para aumentar os cursos de treinadores"

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