"Não há professores suficientes para aumentar os cursos de treinadores"

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Henrique Calisto apresentou as suas propostas para a candidatura à presidência da ANTF, referindo que pretente fazer uma "mudança de direção tranquila".

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© Reprodução/Site Um Legado Com Futuro

Davide Rodrigues Araújo
22/05/2025 07:06 ‧ há 4 horas por Davide Rodrigues Araújo

Desporto

Eleições ANTF

A Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) vai a eleições no próximo dia 31 de maio para estabelecer quem sucederá a José Pereira (que se juntou a Pedro Proença, na Federação Portuguesa de Futebol) na presidência. A votos vão duas listas, com a lista A a ser liderada por Henrique Calisto e a lista B por André Reis.

 

O líder da lista A conta com vários treinadores conceituados nos seus quadros, como José Mourinho, Carlos Queiroz ou Jorge Jesus, tendo como principal objetivo realizar uma "mudança tranquila", caso seja eleito.

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o antigo treinador de clubes como o Paços de Ferreira e o Rio Ave revelou os motes da campanha eleitoral, referindo que gostaria de ver um treinador português como selecionador nacional.

Como avalia o trabalho da atual direção da ANTF liderada por José Pereira?

Positivo, porque uma associação que tem perto de nove mil sócios é sintoma de que há aderência. A ANTF tem ações e áreas onde pode ser ela a decidir, muitas delas que concernam ao futebol, mas há outras tantas que não pode decidir, como os cursos e os quadros das competições. Mas aquilo que depende da associação, o facto de, neste momento, haver um o crescimento dos associados, é a prova cabal de que há uma adesão muito clara dos treinadores a esta associação. No balanço entre coisas boas e menos boas, as coisas boas fazem com que as pessoas queiram a associação.

Se for o candidato eleito, o que pretende fazer de diferente?

Um dos nossos lemas é querer fazer uma mudança tranquila. A continuidade é algo que se faz quando há uma mudança na liderança e nos líderes. Quando há esta alteração, obviamente que há caminhos que se percorrem que são diferenciados. Algo que é necessário fazer é uma revisão estatutária, onde se fará, no primeiro ano de mandato, a revisão da duração desse mesmo mandato, assim como a alteração do método eletivo. Neste momento, este só pode ser feito no congresso, pelo que vamos propor a descentralização das sedes dos núcleos, para que estes sejam considerados órgãos da associação. Também criámos um conselho consultivo e vamos constituir outro técnico de raiz.

Queremos criar um gabinete de saúde mental e de desenvolvimento pessoal do treinador, um gabinete de comunicação e imagem, porque é fundamental termos uma comunicação que seja abrangente. Temos planos de criar ainda um observatório de desenvolvimento das profissões do treinador e um serviço de apoio e desenvolvimento de carreiras.

A polémica dos cursos UEFA tem sido um dos temas mais falados ao longo da atual presidência de José Pereira. Como é que se pode dar mais condições e oportunidade de acesso aos mesmos aos treinadores?

Temos muitas medidas que queremos tomar, mas há três tarefas que acreditamos ser cruciais e que são prioritárias. As necessidades dos treinadores de entrada em determinados cursos tem sido muito difícil. Queremos que o grau três, que é feito pela FPF, passe para as associações desportivas distritais, como já acontece com os graus um e dois, e que haja mais cursos. Para se fazer isto, também é necessário criar uma formação para formadores neste curso, uma vez que não há, neste momento, professores suficientes para aumentar o número de cursos.

No que diz respeito ao curso UEFA Pro, há um quadro legal instituído pela UEFA que determina que os cursos de nível quatro sejam feitos de dois em dois anos. Nós pretendemos que haja um período transitório em que nos próximos cinco anos estes cursos comecem a ser feitos, pelo menos, uma vez por ano, o que é importante para garantir que há uma oferta equivalente à procura que neste momento existe. 

Queremos uma redefinição dos critérios de acesso ao grau quatro e a diminuição dos custos de inscrição. Neste momento são muitos caros, o nível quatro custa cerca de 5400 euros, o três 5200 euros, isto é demasiado. Em relação aos critérios de acesso, há critérios do IPDJ, que acabam por ser mais restritos que os da UEFA e queremos mudar isso.

O treinador português é visto como um 'produto' mundialmente reconhecido. Como poderá a I Liga seguir essa tendência e subir nos rankings?

Isso depende mais dos orçamentos dos clubes, que são baixíssimos face às outras Ligas. Nós somos a quinta Liga e a qualidade do jogo é excecional em termos de preço/produto e quem faz as equipas são os treinadores. Não é possível fazer equipas de nível mundial porque não temos capacidade aquisitiva para contratar os melhores jogadores da Europa e temos de vender os nossos melhores jogadores.

O que garanto é que, senão houvesse a qualidade dos treinadores portugueses, a I Liga estaria numa qualificação muito mais baixa e os resultados desportivos muito mais baixos. Não somos dos países mais ricos do mundo, nem populosos, mas estamos no top-10 do ranking da FIFA há 20 anos.

Têm havido várias críticas face à eleição de Carlo Ancelotti como o primeiro selecionador estrangeiro no Brasil. Acredita que um treinador estrangeiro, como é o caso de Roberto Martínez em Portugal, traz benefícios às seleções?

Um treinador estrangeiro traz benefícios à seleção quando os treinadores desse país não são qualificados. Se for para ir buscar um treinador melhor do que os que temos no nosso país, obviamente que é bem vindo. Tanto é que durante muito tempo tivemos Otto Gloria e até nos clubes muitos treinadores estrangeiros, com muitos húngaros e ingleses no início da internacionalização do futebol português. Temos excelentes treinadores portugueses. Não é só um ou dois. Contava-lhe uma dúzia de treinadores com capacidade de assumir a seleção nacional. 

Entre um treinador estrangeiro e um treinador português, obviamente que prefiro o que conhece melhor o futebol português e os portugueses. No entanto, não defendo o mesmo para os clubes. Mas a seleção é um símbolo de Portugal. Jogadores estrangeiros também não podem jogar na seleção portuguesa. Então porque é que não colocamos um treinador português na lógica de sermos os melhores? É essa a minha lógica, não tenho nada contra imigrantes. Quando não tínhamos treinadores credenciados era uma coisa. Agora que temos dos melhores treinadores do mundo…

Acredita que Jorge Jesus, por exemplo, que também esteve na corrida com Ancelotti para o cargo do Brasil, poderia ter sido uma solução?

Claro que sim, Jorge Jesus é dos melhores treinadores do mundo, sem dúvida nenhuma. Seria um orgulho para todos nós. Tem provas dadas no Brasil, nas competições continentais sul-americanas, assim como em Portugal. Os treinadores brasileiros não têm uma escola credenciada, raros são os treinadores brasileiros que, fora do Brasil, têm tido sucesso. Toda a gente sabe que a nossa escola é melhor.

E para Portugal, se estivesse Ancelotti e Jorge Jesus na corrida, quem escolheria?

Se nós temos dos melhores treinadores do mundo, porque haveríamos de escolher um treinador estrangeiro que está ao nosso nível? Entre um produto da mesma qualidade, prefiro sempre o português. Se vamos escolher um treinador estrangeiro, é porque não reconhecemos qualidade nos portugueses.

Leia Também: André Reis quer novo rumo na ANTF: "Podiam e deviam ter feito mais..."

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