A festa da Taça quase aconteceu naquela a que todos chamam de Mata encantada. O Benfica teve de sofrer, este sábado, para passar no Campo da Mata. No jogo que marcou a estreia do primeiro dos 'três grandes' na edição deste ano da prova rainha do futebol português, as águias tiveram de se socorrer das grandes penalidades para eliminarem o Caldas (5-3), depois de um empate (1-1) no tempo regulamentar e no prolongamento, em jogo a contar para a terceira eliminatória da prova.
Se é verdade que, na teoria, o Benfica era superior ao adversário da noite deste sábado, na prática isso pouco se viu. O Caldas apresentou-se a querer disputar a partida e a pressionar alto o oponente. Foram autênticos bravos que jogaram de peito aberto contra um 'gigante'. Ainda assim, as águias, que apresentaram no onze inicial jogadores com menos minutos de jogo, criaram mais situações de perigo na primeira parte.
Rodrigo Pinho deu o primeiro sinal no encontro, aos oito minutos, mas rapidamente se percebeu que o Caldas tinha uma palavra a dizer também, com João Silva a ser protagonista do primeiro de dois lances de perigo. O esquerdino colocou Helton Leite à prova na cobrança de um livre direto e, depois, desferiu um portentoso remate, obrigando o guarda-redes das águias a voar para uma grande intervenção.
Do lado do Caldas, Wilson Soares também esteve em evidência ao evitar o golo de Grimaldo, que surgiu isolado após uma boa combinação ofensiva com Rodrigo Pinho, à esquerda do ataque. Ainda assim, as águias pareceram algo adormecidas nestes primeiros 45 minutos. As boas intervenções dos dois guarda-redes justificavam a ausência de golos ao intervalo.
No reatamento do encontro, o emblema da Liga 3, galvanizado pelo Campo da Mata repleto, mostrava que queria adiantar-se no marcador, mas acabaria mesmo por ser o Benfica a abrir a contagem. Aos 52 minutos, e depois de um bom trabalho, Petar Musa, lançado ao intervalo, rematou rasteiro, à entrada da área, para o primeiro tento da noite. O croata entrou entusiasmado e foram dos pés dele que surgiram mais oportunidades. O guarda-redes do Caldas, contudo, levou a melhor nos três lances seguintes, com três boas manchas quando o ponta de lança estava isolado.
Porém, o Campo da Mata acabaria quase por ia abaixo aos 73 minutos. O recém-entrado Gonçalo Barreiras aproveitou uma falha do central António Silva, e colocou e a bola por entre as pernas de Helton Leite, fazendo 'explodir' de alegria as centenas de adeptos dos caldenses.
O Benfica pressionou à procura do golo da vitória, mas uma noite de grande inspiração de Wilson Soares na baliza do conjunto do terceiro escalão nacional obrigou a partida a seguir para o prolongamento, período em que a quebra física dos caldenses se juntou à desinspiração ofensiva do líder da I Liga. Sem mexidas no resultado no tempo extra, o encontro foi mesmo decidido no desempate por grandes penalidades, momento em que o Benfica foi 100% eficaz, carimbando, dessa forma, o apuramento para a quarta eliminatória da prova rainha.
Mas vamos às notas deste encontro:
Figura
Enorme exibição de Wilson Soares. Se o Benfica não ganhou o jogo em tempo regulamentar, muito se deve ao guardião da equipa da casa. O jogador foi absolutamente decisivo na segunda parte. Apesar de ter averbado um golo de Petar Musa logo a abrir, o guarda-redes negou o bis ao croata em quatro ocasiões. E ainda fez o mesmo a Diogo Gonçalves. Nos penáltis, ainda adivinhou o lado nos dois primeiros, mas não conseguiu evitar a derrota da sua equipa.
Surpresa
Num jogo em que Roger Schmidt lançou jogadores menos utilizados, Petar Musa foi quem esteve mais em evidência. A entrada do avançado croata ao intervalo revolucionou o futebol do Benfica. O jogador entrou com vontade de fazer a diferença e conseguiu-o logo a abrir. Teve nos pés várias oportunidades para bisar, mas perdeu os duelos com o guarda-redes caldense.
Desilusão
António Silva habituou-nos a excelentes exibições nos últimos jogos, mas nesta partida da Taça de Portugal esteve um pouco abaixo do habitual. O defesa central cometeu um erro que deu origem ao golo do Caldas e depois dessa situação mostrou-se algo nervoso. Mas, aos 18 anos, não tem de ter a maturidade necessária para lidar com todo o tipo de lances.
Treinadores
José Vala: Mas que grande exibição do Caldas. Este histórico do futebol português, que há um par de épocas chegou à meia-final da Taça de Portugal, vendeu cara a derrota ao atual líder da I Liga. Sempre muito certinhos, os caldenses foram capazes de encostar o adversário às cordas em diversas ocasiões. Marcaram a caminho do apito para os 90 minutos e conseguiram levar o jogo para o prolongamento e, posteriormente, para os penáltis. Neste período suplementar, a superioridade do Benfica sobressaiu, muito por culpa da falta de energia dos jogadores da equipa da casa e o Caldas acabou eliminado. Apesar disso, o emblema da Liga 3 deixou uma excelente imagem. Foram uns verdadeiros heróis do primeiro ao último minuto.
Roger Schmidt: Mexeu na equipa por causa do duelo do PSG na passada terça-feira e tendo em vista o Clássico de sexta-feira com o FC Porto. Apesar das mexidas, a equipa até começou melhor a partida, com oportunidades de quebrar o nulo. Contudo, as águias baixaram um pouco a guarda e permitiram que o adversário se galvanizasse na reta final da primeira parte. O golo no início do segundo tempo deixou a equipa mais tranquila, mas o Caldas não acusou o remate certeiro de Musa e chegou mesmo ao empate. No restante tempo de jogo, as águias mostraram maior frescura e conseguiram a vitória nas grandes penalidades. Apesar do triunfo, há que referir que as águias tiveram um desacerto ofensivo fora do normal.
Arbitragem
Sem o VAR a auxiliar, a equipa de arbitragem liderada por Cláudio Pereira teve uma tarefa complicada. Apesar de uma ou outra decisão errada, a maioria das vezes no capítulo das faltas, não existiu nada que tivesse impacto no resultado final.
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