O Sporting teve uma noite infeliz neste sábado ao ser derrotado no Bessa pelo Boavista. Rúben Amorim sentiu na pele aquilo que Paulo Bento sentiu em janeiro de 2008, naquela que era, até agora, a última derrota dos leões na casa dos axadrezados.
Acaba por ser uma derrota complicada para o Sporting, que vinha de uma série importante de quatro jogos a vencer. Era intenção do leão levar mais um triunfo para casa, ainda para mais depois de uma vitória enorme na Liga dos Campeões frente ao Tottenham.
Rúben Amorim rejeitou a tese do deslumbramento, mas a verdade é que certos jogadores, como as três setas da frente, Pedro Gonçalves, Edwards e Trincão, não estiveram ao nível que já estiveram com a camisola verde e branca.
As melhores notas da partida foram entregues aos jogadores do lado do Boavista. Com um arranque surpreendente, com cinco vitórias em sete jogos, por estarem no quarto lugar da I Liga imediatamente atrás do FC Porto, por estarem a apenas três pontos, à condição, do Benfica, os boavisteiros merecem todo o destaque.
Dito isto, vamos às notas.
A figura
Inevitavelmente, Bruno Lourenço foi o homem do jogo. Autor dos dois golos do Boavista, o primeiro verdadeiramente candidato, pelo menos, a golo da jornada. Não é um jogador de vertigem ofensiva, com grande arrancadas e muitas fintas, mas é oportunista. Foi isso que aconteceu nesse primeiro golo. Sem uma jogada construída pelo próprio, acabou por aproveitar uma bola ressaltada para perto de si para fazer um grande golo ao ângulo. Noutros lances de ataque, acabou por estar quase sozinho na frente, sem grande preocupação da parte da defesa do Sporting, tendo oferecido a bola a Martim Tavares no lance que deu em penálti. Petit elogiou-o no final da partida e com razão. É um jogador para ter debaixo de olho.
A surpresa
Vai deixando o estatuto de surpresa a cada jornada que passa por tornar-se mais usual ser destaque. Martim Tavares ainda tem 18 anos, mas já se senta à mesa com os mais velhos. Não foi titular uma única vez nesta época, contudo vai deixando a sua marca nas partidas, tendo apontado dois golos até ao momento, estando ainda em momento importantes para a equipa como foi aquele penálti que deu a vitória sobre o Sporting.
A desilusão
Pedia-se a Pedro Gonçalves mais do mesmo e não aconteceu. Mas não era possível fazê-lo? O avançado dos leões não esteve em bom plano nesta partida ao desaparecer facilmente do jogo. Teve uma exibição apagada, tendo aparecido com maior brilho no golo que acabou anulado por volta dos 20 minutos de jogo. Ainda tentou jogar em terrenos mais interiores, mas decidiu mal, já que a barreira defensiva do Boavista era mais densa nessas zonas, tendo ficado 'na toca do lobo'. De resto, o destaque do ataque pertenceu a Edwards, com um golo, e a Trincão, cujos esforços juntos também não compensaram o sumiço de Pedro Gonçalves.
Os treinadores
Petit
A estratégia que acabou por valer três pontos foi a de Petit, que avisou e deixou bem evidente na antevisão do jogo que tinha a lição bem estudada. O técnico do Boavista ofereceu a Amorim a entrada fulgurante para, depois, quando menos se esperava, levar a equipa até à vitória. A esmola que ofereceu era grande e Amorim, que optou por colocar a carne toda no assador ao levar Paulinho, Rochinha e Arthur Gomes para jogo sem ter Coates atrás para comandar, nem desconfiou. Petit acabou por ser mais inteligente nesta partida, levando o adversário para um caminho que não tinha saída.
Rúben Amorim
Tentou de tudo sacar a quinta vitória seguida e a exigência desse resultado falou mais alto. Recusou-se a falar de deslumbramento dos jogadores, mas parece que foi fator determinante para alguma passividade. O próprio treinador ter-se-á precipitado ao colocar vários avançados numa altura em que Coates, como já dito, não estava em jogo para liderar a defesa de uma equipa bastante subida no terreno. Optou, e bem, por levar um jogador como Arthur Gomes a jogo, mas não acertou ao colocá-lo na ala onde todo o poderío ofensivo do brasileiro ficou escondido por trás de tarefas defensivas. Além disso, continua a optar por colocar Esgaio no centro da defesa quando precisa de remendar a posição, enquanto a falta de oportunidades de Marsà merece questionamento. Como o próprio Rúben Amorim diz, o treinador também tem espaço para crescer.
O árbitro
Não se esperava a exibição mais 'certinha' de João Pinheiro e o árbitro... cumpriu. Entre várias decisões contestáveis, está a maior de todas e que acabou por decidir o resultado do jogo: o penálti. O toque que Esgaio terá dado no pé de Martim Tavares merece muitos pontos de interrogação, já que o contacto não é tão evidente como João Pinheiro achou. Além disso, Fábio Melo, sentado na cabine do VAR, não conseguiu olhar para a repetição e chamar a atenção do árbitro principal, que devia ter revisto as imagens por ser um lance de tremenda importância para o desfecho do jogo.
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