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"Quero mostrar o meu valor na Turquia e sei que posso fazer a diferença"

Pedrinho vai vestir a camisola do Ankaragücü e não esconde o desejo de brilhar no futebol turco. Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o médio português de 29 anos garante ter sido muito feliz no Gil Vicente e explica o porquê de rumar ao estrangeiro, não deixando de admitir que também vai em busca de uma maior "estabilidade financeira".

"Quero mostrar o meu valor na Turquia e sei que posso fazer a diferença"
Notícias ao Minuto

08:06 - 27/06/22 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

Depois de uma época de grande brilho no Gil Vicente, onde foi peça fundamental para ajudar a equipa de Barcelos a assegurar um lugar histórico nas competições europeias, Pedrinho vai jogar na Turquia na próxima temporada. O jogador português de 29 anos vai vestir a camisola do Ankaragücü, equipa que está de regresso ao máximo escalão do futebol turco. 

Poucas horas antes de seguir viagem até solo turco, Pedrinho concedeu uma entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, não deixando nada por dizer. O jogador natural de Cristelo não esconde a ambição de conseguir brilhar num novo campeonato, ao mesmo tempo que revela as razões pelas quais decidiu aceitar a proposta do Ankaragücü. 

Pelo meio, Pedrinho lembra as diferenças salariais existentes no futebol português e explica que na Turquia conseguiu encontrar o melhor de dois mundos: estabilidade financeira e um campeonato competitivo para jogar. 

De longe, foi a minha melhor época. Não falo só em números. Falo em qualidade de jogo e de tudo aquilo que engloba o futebol

Quais as expectativas para esta nova aventura na carreira? 

São as mesmas de sempre. Tenho sempre a ambição de superar aquilo que faço nas épocas anteriores. Apesar de ser uma experiência fora, que não é nova, é como se fosse, até pela própria exigência do campeonato. As expectativas são muitas nesse aspeto da superação. 

Foi uma época memorável para o Gil Vicente com o Pedrinho a ser uma das principais figuras da equipa. Com que sentimento se despede de Barcelos? 

Saio feliz. Acho que foi, acima de tudo, isso. Pelo contexto da minha chegada, em que vinha de uma época em que estive lá fora e voltei com as expectativas desfraldadas. Acho que foi o oposto daquilo que tinha vivido antes de chegar. Foi mesmo muito bom. O grupo, o plantel, a moldura humana envolvida no trabalho do Gil Vicente... Era tudo tão bom que acho que foi um ano praticamente perfeito. Foi uma das épocas mais felizes da minha carreira. 

A nível desportivo não terá sido a sua melhor época? Sente que chegou ao auge da sua carreira? 

Sim... Até já tinha pensado nisto antes: Tenho pena que isto não me tenha acontecido um bocadinho mais cedo. Tinha, e continuo a ter, a ambição de atingir outro patamar e se isto tivesse acontecido um bocadinho mais cedo, talvez já tivesse lá chegado. Mas as coisas acontecem no tempo em que têm de acontecer. Se aconteceu agora é por alguma razão. De longe, foi a minha melhor época. Não falo só em números. Falo em qualidade de jogo e de tudo aquilo que engloba o futebol. 

Tendo contrato com o Gil Vicente, havia sempre a possibilidade de ficar em Portugal

Segue-se a Turquia. O que o levou a aceitar este convite? 

Foi um pouco de tudo. O lado financeiro pesou, claro, mas tive propostas para ir para China, Qatar, Emirados Árabes Unidos ou Rússia. A qualidade do campeonato pesou na minha decisão. A Turquia oferece isso. Toda a gente sabe como é aquela massa adepta lá. A informação que consegui obter através dos jogadores portugueses que lá jogaram também foi ao encontro daquilo que eu quero neste momento da minha carreira. Financeiramente e a qualidade de vida... Foi o juntar do melhor de dois mundos: nível competitivo e conforto financeiro e familiar. 

No meio disso tudo, a possibilidade de permanecer em Portugal nunca esteve em cima da mesa? 

Claro que sim, até porque eu ainda tinha contrato com o Gil Vicente [até 2025]. Se me perguntassem se antes de renovar, houve ali mais algum interesse, aí é diferente. Tendo contrato com o Gil Vicente, havia sempre a possibilidade de ficar em Portugal. 

Notícias ao Minuto Pedrinho foi uma das figuras do último campeonato, acumulando um saldo de 13 assistências em 33 jornadas. © Getty Images  

Já esteve na Turquia uns dias para formalizar a mudança. Quais as primeiras impressões que teve do clube? 

Gostei de algo que me diz muito e que tenho tido a sorte de ter apanhado em todos os clubes por onde passei em Portugal. Além de ter gostado do feedback dado pelo Tiago Pinto, que esteve lá bastantes anos e que me falou maravilhas, notei que existe um lado muito humano. As pessoas trataram-me muito bem e receberam-me de uma forma extraordinária. Todas as pessoas, da direção e as restantes. Foram todas amáveis e acarinharam-me desde o primeiro minuto. O dinheiro não é tudo, tal como o espaço competitivo. É sempre bom ter isto nos clubes. Agradou-me muito e foi aquilo que mais me surpreendeu. 

Se me guiasse pela experiência na Letónia, não voltaria a sair de Portugal

Volta a ter uma experiência fora de Portugal, depois de uma aventura na Letónia que não deixou boas memórias. De que forma é que isso o deixa mais preparado? 

Por acaso, sinto-me mais preparado agora. Não sei se pela idade ou por causa dessa mesma experiência na Letónia. Não foi de todo positiva... Se me guiasse por essa experiência, não voltaria a sair de Portugal (risos). Sinto-me mais preparado, porque estive num contexto que não gostei tanto e agora vou para um muito melhor. E, claro, não dá para comparar o contexto da Letónia com o da Turquia. Sinto-me pronto para fazer coisas boas lá fora. 

Agora terá de fazer do inglês o idioma habitual... 

Tenho que me agarrar ao inglês, como é lógico (risos). Safo-me, não é perfeito mas consigo fazer-me entender. Claro que sei que nem toda a gente fala inglês, mas no futebol a linguagem é universal e acho que vai ser fácil dar a volta a esse tipo de situações. Não tenho qualquer receio nesse sentido. 

Quais os objetivos do Ankaragücü para a nova época? 

O clube acaba de subir ao primeiro escalão do futebol turco, mas é o sexto com mais jogos no mesmo escalão. É um clube com história, mas o principal objetivo passa pela permanência, devido ao passado recente. 

Na Turquia os adeptos são conhecidos por serem muito fervorosos. Isso causa-lhe algum receio? 

Sinceramente, eu gosto disso. Gosto dessa adrenalina e de sentir pressão. Se gosto de futebol, tenho de lidar com a pressão. Gosto de jogar com o estádio cheio e de sentir aquele calor humano. Acho que vou para o sítio perfeito para sentir isso. 

O campeonato turco sempre foi contratar a Portugal, mas agora terá maior visibilidade por causa do Jorge Jesus

O futebol turco tem vários jogadores portugueses e recentemente assistimos à chegada de Jorge Jesus ao comando técnico do Fenerbahçe. Considera que na Turquia o jogador português é bastante valorizado? 

Sim, acho que sim. O Chiquinho também lá esteve na época passada. O Lourency, que não é português mas que esteve comigo no Gil Vicente, também deu o salto para a Turquia... Não creio que seja uma coisa de agora. Sempre existiu esta ligação. O campeonato turco sempre foi contratar a Portugal, mas agora terá maior visibilidade por causa do Jorge Jesus. O jogador português tem qualidade e financeiramente é incomparável com o que se paga em Portugal, tirando as equipas que todos sabemos. 

Sente que existe um fosso muito grande nesse aspeto? 

Sinto eu e toda a gente. Infelizmente, isso em Portugal é abismal... É incomparável o orçamento de uma equipa grande com uma equipa que luta pela permanência. Já é um assunto que cansa um bocadinho. Por muito que se fale e que se debata, acho que nunca vai mudar. É algo que vai ficar para sempre. Nem é comprável com o que se ganha lá fora. 

Ou seja, neste caso, o futebol turco oferece muito mais em termos financeiros do que uma equipa como o Gil Vicente, por exemplo?

É incomparável. Muitas vezes, aquilo que ganhamos num ano no estrangeiro é aquilo que ganharíamos em Portugal ao fim de três anos. É uma diferença muito grande. Por isso é normal os jogadores como eu saírem e irem atrás de uma situação financeira melhor. E acho que é totalmente merecido.

Paços e Gil Vicente? O meu coração fica dividido

Para trás, fica também uma longa e forte ligação com o Paços de Ferreira... 

Foi lá que fiz a estreia na I Liga e onde amadureci muito como jogador. Não me canso de dizer isto: tenho lá pessoas das quais gosto muito. Foram quatro anos... O futebol não é só uma bola. O Paços de Ferreira foi muito importante e vai continuar a ser. 

Agora o coração fica dividido entre Paços e Gil? 

Um bocadinho (risos)... Claro que vou acompanhando estas duas equipas e só quero que ganhem sempre. Numa estive muito pouco tempo, mas fui muito bem recebido. Nem sei se fui tão acarinhado noutro lado como fui ali, especialmente tendo em conta o período de tempo. Foi mesmo uma coisa incrível, mas isso também aconteceu porque a nível desportivo as coisas correram lindamente. O meu coração fica dividido e só desejo sucesso a ambas. 

Está de partida para a Turquia. Quais os objetivos que leva na bagagem? 

Levo um objetivo muito claro: fazer melhor do que aquilo que fiz na última época. Quero mostrar o meu valor na Turquia e sei que posso fazer a diferença lá. É isso que eu quero e é essa a minha confiança. 

Leia Também: Ankaragucu anuncia chegada de Pedrinho ao estilo... 007

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