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Henry e a saúde mental: "Tinha uma hérnia e diziam que não me esforçava"

Antigo internacional francês explica que o tema era tabu quando ainda era futebolista.

Henry e a saúde mental: "Tinha uma hérnia e diziam que não me esforçava"
Notícias ao Minuto

11:36 - 07/03/22 por Notícias ao Minuto

Desporto Thierry Henry

O antigo internacional francês Thierry Henry concedeu, esta segunda-feira, uma extensa entrevista ao jornal L'Équipe, na qual falou sobre o tema da saúde mental no futebol, confessando que, enquanto ainda era futebolista, o tema era pouco abordado no balneário.

"Neymar falou muitas vezes nas suas últimas entrevista sobre o seu bem-estar, a pressão. Ele fala, mas será que o podemos ouvir? Ele pede ajuda, há coisas na sua cabeça, como qualquer ser humano", começou por dizer Henry, dando depois o exemplo de Messi.

"Quando falamos de Messi ou Neymar, jogadores excecionais, esquecemo-nos muito desta dimensão. Quando Messi chorou ao sair do Barcelona, não estava programado. Quando pensas que nunca vais sair de um sítio e de repente isso acontece, cria um choque emocional. As pessoas disseram: "Sim, mas está bem, em Paris tem tudo o que necessita. Mas não é assim tão óbvio. Quando troquei o Arsenal pelo Barcelona, demorei um ano a ficar bem. Cheguei lesionado, a passar por um divórcio, tinha de aprender um novo sistema. Mistura-se tudo, afeta a mente", acrescentou, sublinhando que a saúde mental é um tema tabu.

"Não sei como reagiriam as pessoas se um futebolista falasse no final de um jogo como fizeram Simone Biles e Naomi Osaka, explicando que não estava bem mentalmente. Na minha época era muito mais difícil, totalmente tabu. Mesmo dentro do grupo. Chegavas ao balneário: 'Estás bem? Sim'. Mesmo que as coisas não estivessem bem. 'Dormiste bem? Sim', mesmo que não. 'Tens dor? Não', mesmo que tivesses. Hoje em dia um jogador pode abrir-se mais. Mas se disseres: ‘Mentalmente, não estava bem’, o jogo seguinte vai exigir muito de ti. O que vão cantar os adeptos? Não é fácil aceitarem-te como és", prosseguiu, recordando um episódio que aconteceu consigo.

"Um Mundial "queima-te" emocionalmente, ganhes ou não. Precisa-se de um tempo emocional para seguir em frente. Aconteceu-me a mim. Em 1996 joguei o Europeu sub-18, em 1997 o Mundial sub-20 e em 1998 o Mundial pela seleção principal. Entre os meus 17 e 20 anos. Resultado: uma hérnia fiscal. Vou recordar para sempre. Mandaram-me de volta para a seleção sub-21 porque, supostamente, não me estava a esforçar. Era impossível chorar. Não podias mostrar as tuas fraquezas", atirou.

"Estou a falar com Domenech em Clairefontaine, dou meia volta e de repente não consigo mexer-me. As reações nesse momento foram: 'Ele não quer jogar mais'. Não, eu tinha uma hérnia. Quantos jogos sem descanso joguei durante três anos? Depois de um tempo, tens que parar. Lembramo-nos neste momento que Sergio Ramos joga todas as partidas há 17 anos? É normal que a dada altura o corpo dele o alerte", finalizou.

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