O Sporting encarrilou, neste sábado, a 15.ª vitória consecutiva nas provas domésticas e, desta feita, venceu o Boavista, por 2-0, num encontro onde a fortaleza defensiva não abanou, e lá à frente emergiu o talento de Sarabia e a sagacidade de Nuno Santos.
O jogo contra os axadrezados, para a 14.ª jornada da I Liga, começou com uma soberana ocasião para Gorré inaugurar o marcador, mas Adán 'falou' mais alto e o cofre verde e branco não foi arrombado. Curiosidade: em jogos do campeonato, na casa do leão, apenas Luis Díaz foi capaz de festejar um golo.
Com 14 jornadas já disputadas, esta é a segunda melhor defesa leonina de sempre com cinco golos sofridos, só batida pela equipa orientada por Fernando Vaz em 1970/71.
Equipa que não sofre e que mais à frente cria ocasiões em catadupa. Na primeira foi à meia dúzia, para na segunda, numa voltagem mais reduzida, Nuno Santos assistir para o remate certeiro de Sarabia. Meia dúzia de minutos volvidos inverteram-se os papéis e, por um centímetro, o futebolista natural da Trofa fechou as contas.
Nota ainda para um falhanço, do tamanho de um palácio, para o golo cantado desperdiçado por Pedro Gonçalves. A baliza estava escancarada, mas nem assim Pote se viu capaz de escrever o nome na tela dos marcadores.
A verdade é que este triunfo verde e branco já está gravado na história e permite, à condição, os leões isolarem-se no comando da I Liga com três pontos de avanço para o FC Porto, e sete no que diz respeito ao Benfica. Sublinhar também que há 31 anos que os leões não somavam 12 vitórias em 14 jogos no campeonato.
Vamos agora aos destaques desta partida:
Figura do jogo
Sarabia tem outra qualidade, um perfume que poucos no futebol português têm à disposição. Um golo e uma assistência, com mais uma fornada de passes decisivos. Queima linhas com uma facilidade, como quem desliza num ringue de gelo. Aliás, o internacional espanhol não corre, mas desliza pelo relvado. Visão de lince a descobrir 'passes de morte' e uma locomotiva de futebol ofensivo que até parece fácil para quem vê, contudo está efetivamente ao alcance de muito poucos.
Surpresa
Nuno Santos rubricou um golo e uma assistência, à semelhança de Sarabia, e na etapa inicial teve oportunidade, desde logo, de escrever o seu nome na lista de marcadores. Não encarrilou em termos efetivos nos primeiros 45 minutos, para na segunda levar Alvalade a aplaudi-lo de pé. E foi merecido.
Desilusão
Exibição calamitosa de Ilija Vukotic. O montenegrino foi substituído aos 64 minutos e quiçá demasiado tarde. Não fez o apoio devido à linha de três centrais do Boavista e deixou o tridente ofensivo dos leões colocá-lo na 'mala' e raramente de lá saiu.
Treinadores
Rúben Amorim tornou-se no quinto treinador do Sporting com maior percentagem de vitórias na I Liga, apenas superado por nomes como os deRobert Kelly, Joseph Szabo, Alfredo González e Randolph Galloway. Triunfo em cima de triunfo, o técnico verde e branco continua a escrever uma história quase ímpar em Alvalade, em que o rumo da história o vai empurrando para sorrisos ainda maiores. O leão manteve-se, neste sábado, no seu habitat natural, e mesmo com as ausências de Feddal, Palhinha e Paulinho, o felino não deixou de mostrar as garras, de encarrilar um 'carrossel' de jogadas perigosas nas imediações da área boavisteira e de, tranquilamente, escrever um novo triunfo, tão claro como cristalino.
Petit realizou o segundo jogo no comando técnico do Boavista e estranho seria de esperar uma pantera de cara assim tão renovada, face a um passado recente tão desolador. Se é bem certo que o emblema da Invicta entrou afoito em Alvalade, e teve as suas oportunidades para gelar o tribunal verde e branco, também é certo que Alireza foi negando o inevitável. O golo sondava a baliza axadrezada e acabou por cair na etapa complementar, já com Bracali na na proteção ao cofre. Isto é o que há e pouco mais podia ter feito um Boavista que, à semelhança de outras equipas, vai ter de agarrar-se ao trabalho de uma boa formiga para não chegar ao verão com o triste fim da cigarra.
Árbitro da partida
Arbitragem segura de Nuno Almeida e muito bem no critério disciplinar.
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