Jorge Jesus, treinador do Benfica, anteviu este domingo a partida de amanhã frente ao Belenenses SAD, prevendo uma partida difícil para a sua equipa.
Numa longa conversa com os jornalistas, o técnico admitiu poder mudar algumas peças do seu onze para amanhã, falou sobre a braçadeira de capitão de Otamendi e ainda falou sobre as equipas que usam um sistema de três centrais, lembrando que é um dos seus sistemas preferidos.
oJá tem onze base?/ Pizzi ou Rafa: Há vários jogos em que jogaram os dois. Têm a vantagem de ser jogadores que já faziam parte do grupo. Nos primeiros jogos não mexi muito nos jogadores que já cá estavam. São jogadores que podem jogar na mesma posição. O Pizzi pode jogar na posição do Rafa, o Rafa não pode jogar na posição do Pizzi.
Taarabt: Fico feliz pelo Adel ter prolongado o seu contrato. É um jogador com caracteristicas diferenciadas como segundo médio. Aqueles jogadores que jogam de área a área. Tem uma capacidade técnica muito evoluída. Está à procura do seu caminho, esteve lesionado. Amanhã vai jogar de certeza.
Tática com três centrais: Fico contente dessas perguntas do que é o jogo e o futebol. Cresci muito nisto no que é o futebol. Lá só falam de futebol. Isso é que... Falar do jogo. Uma estrutura de três defesas foi o que fiz durante os meus primeiros anos como treinador. Sou apaixonado por esse sistema. Não é fácil de o trabalhar. Já o fizemos em cinco minutos ou dez com a entrada do Jardel. Uma das grandes percas dessa minha ideia foi a lesão do André Almeida.
Belenenses: Já tive oportunidade de ver o Belenenses este ano. São muito organizados. Jogam em 3-4-3 que hoje, em Portugal, muitos treinadores estão a pôr em prática nas suas equipas. É uma equipa bem trabalhada defensivamente, o Belenenses só tem dois golos sofridos. O Petit é um antigo jogador... Vê as coisas com outros olhos. Vai ser um jogo difícil
Semana antes das eleições - Fica à porta do balneário: Eleições não tem nada que ver com o jogo. O que me parece é que quanto mais rápido acabarem as eleições melhor é para o clube. Para a equipa não muda nada, não nos falta nada. Este presidente e estrutura não nos deixa faltar nada. O que nos falta são títulos, é para isso que estamos cá.
Calendário ajuda a criar dinâmicas: Não ajuda a criar dinâmicas, mas ajuda a melhorá-las. Com os jogos conseguimos tirar lições do que podemos fazer melhor ou do que fizemos bem. Na teoria podemos desenvolver essas ideias. Se ajuda a melhorar dinâmicas, sim, mas na prática não ajuda.
Poupanças: A minha forma de pensar é nunca olhar para as minhas decisões como fazer descansar os jogadores. Os 14 meses que estive no Brasil estiveram sempre atentos à minha carreira e uma das coisas que lhes consegui ver foi que jogar de três em três dia é bom. Eles mudavam de equipa de um jogo para outro. Eu consegui mudar isso porque ganhei. Não é preciso mudar os jogadores todos. Com tantos jogos, depois do terceiro jogo, já há fatores de fadiga e já temos de ver isso. Aí vou ver um, dois ou três jogadores que estão mais carregados. O departamento médico também é muito importante para as decisões do treinador. Se amanhã mudarmos mudamos dois ou três jogadores no máximo.
Jesus diferente: Também sinto que sou diferente. A minha saída de Portugal deu-me outros conhecimentos. Não estou a falar do plano técnico e tático. Também aprendi. Abriu-me outros horizontes e perspetivas de olhar para o futebol, tanto na Arábia Saudita como no Brasil. Qualquer treinador cresce ano após ano. Houve a ideia dos treinadores com mais idade não poderem mudar. Quanto mais anos tiver de futebol melhor é. Se for bom quando é jovem, será melhor quando for mais velho. Um treinador tem de ser bom para lá do plano técnico e tático. Os anos fora de Portugal fez-me olhar para o futebol de outra maneira. Sempre vivi o futebol dia a dia. Tudo muda de um momento para outro. Todos sabemos isto. A minha chegada ao Benfica... O presidente quis um contrato de quatro anos, eu queria um... ficou em dois. O futebol é ganhar ou não ganhar, não me iludo. No momento certo vamos ver o que vai acontecer.
Críticas Otamendi: É uma decisão minha que foi um pouco polémica, não percebo bem porque. Os adeptos têm um contexto mais emocional, eu olho para os interesses do que é a equipa de uma maneira diferente. Tenho que ver outras coisas que desportivamente são muito importantes. O Benfica tem cinco capitães de equipa. Dos cinco, dois... André Almeida saiu e o Rúben também. Fiquei com três. Tinha de incluir um capitão de equipa. Se são três eu escolho quatro. Se são cinco eu escolho mais um. Olhei para o perfil desportivo... Vertonghen foi capitão do Tottenham e da seleção. O Otamendi foi capitão do City e sub-capitão da Argentina, só. São jogadores com estatuto. Vamos jogar com o Standard Liège, se o capitão for o Otamendi, o árbitro diz assim... Um jogador do City, um jogador da seleção argentina. Tem estatuto. Tem experiência de balneário. O capitão de equipa, hoje, fala-se muito que passa muito pelos anos que tem de clube, mas não há um, há vários. Há jogadores que estão muitos anos num clube e não são capitães. Ficámos muito contente com o Bruno Fernandes ser capitão do United... está lá há dois meses. Ele é líder dentro e fora do jogo. Um capitão de equipa não é só escolhido por ter anos de clube. Isso era no tempo do Dom Afonso Henriques. Tens de ter argumentos de passado no clube, mas também outros que são muito importantes.
Luisão: O Luisão foi um dos grandes capitães que tive. Hoje trabalha na estrutura técnica da equipa, porque era um líder. Isto fala ao sentimento de todos os clubes e benfiquista, percebo que não gostem. O Otamendi já foi de outro clube rival, mas isso é uma coisa que já não existe. Temos que saber acompanhar as novas experiências de vida. Temos de estar preparados para tudo. É sempre bom ter coração. É isso que distingue, na minha opinião, as pessoas. Luisão está todo os dias com o grupo, todos os dias ao lado do meu gabinete. Estamos lado a lado. Está com os jogadores, está comigo,... Se foi escolhido para fazer parte da equipa técnica alguém o escolheu. Quem é que o escolheu? Eu. Não é para estar afastado de mim.
Benfica a crescer: Vamos para mais uma jornada, a quinta. É natural que todas as equipas vão estando mais forte. O Benfica não vai fugir à regra. O Benfica vai estar mais forte, sendo que num ou outro jogo possa não estar tão bem. É por isso que trabalhamos todos os dias. Estamos a demonstrar isso com resultados. Temos de crescer mais defensivamente. É um ponto em que me bato muito com os jogadores. É tão importante não sofrer como marcar golos. Este linha do Benfica em três semanas tudo mudou. Rúben Dias fora, André Almeida fora... tivemos de mudar os centrais e o lateral. Mexeu com os automatismo que já vínhamos a ter. Este jogo na Polónia já se notou que tenho de trabalhar a última linha.
Aniversário do estádio - momento marcante - Felizmente tive momentos muito felizes. No futebol não há só momentos felizes... Aquele que mais me marcou como treinador do Benfica foi a meia-final, o jogo que nos deu o direito de estar na final da Liga Europa, frente ao Fenerbahce, ganhámos 3-1. Estádio lotado, ambiente incrível... de tantos jogos talvez seja esse que mais me marcou.
Antevisão: Depois de somar por triunfos todos os jogos que fez na I Liga, com uma 'pausa' nas competições nacionais para vencer o Lech Poznan na Liga Europa, o Benfica recebe amanhã o Belenenses SAD em partida da 5.ª jornada.
Este domingo, pelas 14h00, Jorge Jesus fará a antevisão do dérbi lisboeta, certamente respondendo a algumas questões importantes sobre a sua equipa e que onze irá lançar.
Num encontro que se perspetiva de dificuldade para os encarnados, as águias procurarão recuperar a vantagem pontual para FC Porto e Sporting, isto depois de os rivais terem vencido as respetivas partidas de ontem frente a, respetivamente, Gil Vicente e Santa Clara.
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