O treinador do Desportivo das Aves considerou hoje que os seus jogadores foram "heróis" por terem concluído a I Liga de futebol, estando despromovidos há semanas e afetados por vários problemas extradesportivos.

"Parabéns a este grupo, são uns heróis por termos conseguido acabar o campeonato, que era muito importante", afirmou Nuno Manta Santos na conferência de imprensa após a derrota em Portimão, por 2-0, para a última jornada da I Liga.

O Desportivo das Aves concluiu a prova na 18.ª e última posição, com 17 pontos, voltando à II Liga três anos depois.

"Não foi fácil. Os jogadores, a equipa técnica, os membros do 'staff' já poderiam ter rescindido contrato há algum tempo e o campeonato teria uma marca muito diferente do que pretendemos para o futebol nacional. Temos de agradecer aos profissionais do Aves o que fizeram", frisou o técnico avense.

Nuno Manta Santos acrescentou que, já com a próxima época no pensamento de muitos clubes, "é preciso não esquecer o Aves".

"O Aves acaba de forma briosa, com grande orgulho, é uma equipa que ninguém vai esquecer. Devido à covid-19 e depois por nós, estes momentos vão ficar na nossa memória. Temos de saber refletir, ver quais são as fragilidades do futebol nacional para que casos como estes não se voltem a repetir", salientou o treinador.

Manta Santos elogiou o apoio dos adeptos que se deslocaram a Portimão e que, durante o jogo, fizeram sentir o seu apoio fora do estádio.

"Foi reconfortante. Só revela o amor e paixão que os adeptos têm pelo clube. Fazer 1.000 quilómetros para ficar fora do campo, a aplaudir-nos e a puxar por nós, a agradecer-nos, é muito significativo. Esta demonstração de caráter dos adeptos só vem salientar o que o Aves fez neste final de época", sublinhou.

A nível pessoal, as situações extradesportivas na SAD e a pandemia de covid-19 obrigaram o treinador a um "trabalho árduo", mas Manta Santos não se confessou arrependido pela escolha.

"Não só com o contexto do Aves, mas com a pandemia, obrigou-me, como treinador, a adaptar-me a muitas coisas, a puxar por mim no bom sentido, a preparar os treinos, a parte do discurso, para tentar tirar o máximo partido dos jogadores. Consegui tocar em todos. Foi uma das maiores dificuldades, conseguir motivar os atletas. Um trabalho árduo para mim, que me fez ganhar experiência. Se estou arrependido de vir para o Aves? Não. Também reconheço que errei em alguns momentos, mas o contexto global tornou-se difícil para todos", concluiu.