Este domingo, todos os olhos do futebol argentino estarão na Bombonera, casa do Boca Juniors. À meia-noite, hora portuguesa, o Gimnasia, orientado por Diego Armando Maradona, vai fazer o seu treinador regressar ao estádio onde sempre se sentiu em casa.

No entanto, um reencontro que terá tudo para ser explosivo. Isto porque Diego Maradona não tem a melhor das relações com Juan Román Riquelme, atual vice-presidente do clube xeneize.

Dois craques do mesmo país, cada um no seu tempo, que já se adoraram, mas que agora estão de costas voltadas. Porquê? É o que iremos recordar neste artigo.

Uma relação que começou com uma substituição simbólica

O último jogo da carreira de Diego Maradona aconteceu no Monumental diante do rival de sempre, o River Plate. A perder por 0-1, El Pibe deixou o relvado e foi substituído por um jovem que, na altura, já prometia muito. Um menino chamado... Juan Román Riquelme.

Um craque deu lugar a outro e a carreira de Riquelme fala por si. Os dois sempre se deram bem, até porque defendiam as mesmas cores na Argentina. Em 2008 ficou célebre a imagem em que ambos deram um abraço depois da conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Beijing. Numa seleção que já tinha nomes como Di María, Agüero ou... Messi.

No entanto, tudo azedou no ano de 2010, quando Diego Armando Maradona esteve à frente da seleção argentina de futebol. Antes do Mundial'2010, o então selecionador da albiceleste teceu as seguintes palavras: "Eu quero que o Román [Riquelme] desequilibre, nos últimos 20 metros para marcar a diferença, com velocidade mental para jogar para os avançados e que chegue ao golo. No outro dia vi-o a jogar pelo Boca e não sei se tem problemas físicas, mas assim ele não me serve".

Declarações que não caíram bem junto de Riquelme e que o deixaram de fora do Campeonato do Mundo. "Sei que vou perder o Mundial da África do Sul, mas quando um jogador não tem a mesma ideia do treinador, não podem estar juntos. Os meus códigos não são os dele e está claro que não podemos trabalhar juntos. Terminou a seleção para mim", respondeu.

Maradona mostrou-se surpreendido e atirou: "Se renuncias à seleção, fá-lo-ás para sempre".

Tréguas que... pouco duraram

Em 2016, Diego Maradona falou sobre Riquelme e os problemas parecerem estar colocados atrás das costas. "Riquelme foi grande. Gostava de ter sido como ele. Imaginem no meu melhor momento no Nápoles, se eu chegasse a ir para a Bombonera com a força que chegou o Riquelme, teria ganho tanto ou mais que ele".

Porém, em 2019, as eleições no Boca voltaram a colocar os dois astros argentinos em pólos opostos. Tudo porque os candidatos apoiados foram distintos. Maradona propôs Christian Gribaudo como presidente e declarou-se contra Riquelme, que estava do lado do opositor, Jorge Ameal.

"O ídolo de um clube, como o Riquelme, não pode ouvir ofertas e vender-se à melhor proposta. Eu jamais o fiz. O dinheiro não pode pesar mais do que as nossas convicções". O que é certo é que Ameal venceu as eleições do clube e Riquelme foi anunciado como vice-presidente.

O reencontro 

Na madrugada deste domingo haverá então a partida da 23.ª jornada do campeonato argentino, que irá opor o Boca ao Gimnasia. Na antevisão da partida, questionaram Maradona sobre o tão esperado reencontro com Riquelme.

Ora, o técnico do Gimnasia foi perentório quando o jornalista afirmou que "os adeptos do Boca morrem por um abraço entre o Diego e o Román".

"Diz-lhes que então vão ter de continuar vivos", exclamou El Pibe.