Hoje é dia de Clássico. Para muitos um duelo em que o FC Porto joga o título, uma vez que uma derrota deixará os dragões a 10 pontos do Benfica.
Numa partida de tripla, os detalhes podem ser decisivos para encontrar o vencedor deste encontro e, por isso, o Desporto ao Minuto partiu para uma análise minuciosa aos diferentes setores de campo dos dois clubes e neste artigo teremos em conta as linhas médias de FC Porto e Benfica.
No futebol não existem linhas simétricas, daí que um jogador possa desempenhar mais do que uma posição em campo e o esquema táctico seja mutável consoante a estratégia do seu treinador para o respetivo encontro.
Como foi a 24 de agosto...
Neste dia Benfica e FC Porto defrontaram-se para a terceira jornada da Liga portuguesa e a vitória sorriu aos dragões que se impuseram, no estádio da Luz, com golos de Zé Luís e Moussa Marega. Uma partida em que o meio-campo dos dragões destilou classe ao ritmo de Uribe e Luis Díaz, este último muitas vezes a desempenhar as funções de falso extremo.
À semelhança de Luis Díaz, também Corona foi e poderá ser uma placa giratória que debaixo do seu 'sombrero' desliza por vários setores do retângulo de jogo. Entre a linha média e a posição de extremo, também o internacional mexicano teve, e sobretudo nos últimos jogos, o lugar de lateral direito a seu cargo.
E Corona muitas vezes é a chave para tirar a tampa da garrafa
O internacional mexicano é, indubitavelmente, o médio com maior número de minutos somados entre os jogadores que ocupam a linha média, sendo o rei das assistências na Invicta (sete).
Como referimos anteriormente, a versatilidade de alguns jogadores permite que cheguem a números mais volumosos, comparativamente a outros que nem golos, nem assistências, registam.
Outro caso como o de Corona é o de Luis Díaz, muitas das vezes colado a uma ala [num sistema de 4-4-2], noutras fixado na posição de extremo, num esquema de 4-3-3, e por aí se explicam os quatro golos que já contabiliza.
As alterações na linha média azul e branca
A época começou com Sérgio Conceição a apostar num meio-campo em que pontificavam Danilo e Sérgio Oliveira. Num esquema de três médios em que muitas das vezes morou Baró, para noutras o sistema de quatro dar abertura ao aparecimento de Luis Díaz e Corona.
Com a lesão de Danilo, Sérgio Oliveira passou a viver na companhia de Baró e Uribe, para noutros jogos, como frente ao Vitória FC, a 1 de fevereiro, os dragões chegarem a apostar numa linha de cinco com Sérgio Oliveira, Otávio, Matheus Uribe, Jesús Corona e Luis Díaz.
Tendo em conta apenas os números da Liga portuguesa verificamos que Mamadou Loum é o jogador com a maior média de remates de jogo, porém, em abono da verdade, leva apenas 244 minutos somados.
| Jogadores FC Porto | Minutos somados | Golos apontados | Assistências | Sucesso percentagem passe | Média de remates por jogo |
| Danilo | 1380 | - | - | 86,9% | 1,3 |
| Mamadou Loum | 244 | 1 | - | 71,7% | 1,7 |
| Mateus Uribe | 1192 | - | 1 | 86,6% | 0,9 |
| Sérgio Oliveira | 333 | 1 | 1 | 85,4% | 0,9 |
| Corona | 1612 | 2 | 7 | 82% | 0,5 |
| Otávio | 1371 | 1 | 4 | 81% | 1 |
| Luís Díaz | 910 | 4 | 2 | 85,7% | 1,6 |
| Romário Baró | 316 | - | 1 | 85,1% | 1,4 |
| Vítor Ferreira | 45 | - | - | 93.3% | 0,5 |
As certezas de Lage
O Benfica começou a época a vencer com números contundentes o Sporting, por taxativos 5-0, numa linha média onde moravam Gabriel, Florentino Luís, Pizzi e Rafa, para nos dois jogos seguintes, por força da lesão do médio brasileiro, Samaris assumir a sua posição.
À semelhança do que ocorre no tabuleiro azul e branco, também Rafa varia, muitas das vezes, a posição que frequenta dentro do relvado: às vezes um médio de equilíbrio, noutras ocasiões na sombra do ponta de lança.
Mais recentemente e com o aparecimento do reforço Julian Weigl, que assentou como uma luva na estratégia de Lage, eis que o treinador dos encarnados começou a dar novas soluções a um meio-campo com Gabriel, Pizzi, Taarabt e Cervi, para noutras surgir a tal nova nota musical... alemã.
A diferença para o FC Porto mora na tecla... Pizzi
Indubitavelmente, Pizzi é o médio mais desequilibrador do campeonato português e com a partida de Bruno Fernandes esse trono passou a pertencer em exclusivo ao bragantino.
Além dos 12 golos apontados e oito assistências, o internacional português é o segundo jogador com a maior média de remates no meio-campo encarnado.
Por sua vez, o que joga contra uma nota mais positiva de Pizzi é o sucesso na percentagem de passe, longe de ser dos melhores entre os possíveis eleitos para a sua posição.
| Jogadores Benfica | Minutos somados | Golos apontados | Assistências | Sucesso percentagem passe | Média de remates por jogo |
| Julian Weigl | 331 | - | - | 89,6% | 0,3 |
| Florentino | 575 | - | - | 90% | 0,3 |
| Samaris | 315 | - | - | 86,3% | 0,7 |
| Gabriel | 1006 | 1 | 1 | 78,5% | 1,2 |
| Taarabt | 949 | 1 | - | 86,3% | 0,5 |
| Pizzi | 1537 | 12 | 8 | 79,5% | 2.3 |
| Cervi | 967 | 2 | 1 | 79,1% | 1,1 |
Avançados que se cuidem porque estes dois homens também podem sentir o êxtase... do golo
Depois do leitor tirar várias notas sobre o que já leu podemos então concluir que Pizzi se pode assumir como a chave-mestra no anfiteatro azul e branco.
Pode ser das 'asas' do bragantino que venha o desbloqueio do marcador, caso Bruno Lage continue a apostar na liberdade do seu médio mais produtivo e o coloque mais perto do último terço do terreno de jogo.
Por sua vez, o FC Porto irá querer assumir as rédeas do encontro, neste domingo, e por isso deve ser expetável um arrendamento numerável de jogadores do FC Porto na zona de maior contingência de seres humanos no Clássico. Se Sérgio Oliveira tem lugar garantido no onze e Baró espreita a titularidade é provável que Uribe e Luis Díaz também nutram a linha intermédia azul e branca.
Com quatro golos apontados nesta Liga portuguesa, pode surgir do médio Díaz, também ele falso extremo, um dia feliz para o FC Porto neste Clássico do quase tudo ou nada.
