Depois do empate (2-2) do FC Porto no Estádio dos Arcos, frente ao Rio Ave, o Benfica tem a possibilidade de saltar para a liderança isolada do campeonato. Para isso, os encarnados terão que vencer um Sp. Braga que sonha ainda com o terceiro lugar e que acredita na repetição de um feito alcançado há quase cinco anos. Na altura, a 26 de outubro de 2014, a então equipa de Jorge Jesus saiu do reduto minhoto com uma derrota (1-2), diante de um conjunto arsenalista comandado por... Sérgio Conceição. 

Essa foi, de resto, a última vitória do emblema da cidade dos Arcebispos sobre as águias, graças a um herói que agora, à conversa com o Desporto ao Minuto, recorda essa partida de boa memória. Salvador Agra assinou o golo que valeu os três pontos, fixando a 'remontada' iniciada por Eder, após o golo inaugural de Talisca, logo aos 2' minutos.

"Foi um jogo muito competitivo, entre duas grandes equipas . Fomos mais eficazes como acabou por ditar o resultado", começou por dizer o jogador que entrou aos 71' e, 10' minutos depois, bateu Artur Moraes: "O segredo foi a união, a ambição, a entreajuda e a concentração. Tínhamos um grupo muito forte, algo que é visível nas equipas do mister Sérgio Conceição."

Apesar de considerar que esta equipa de Abel Ferreira "é bem diferente" desse Sp. Braga que motivou o último desaire benfiquista em terreno arsenalista, Salvador Agra não tem dúvidas de que "tanto um como o outro tem capacidade para ganhar a qualquer equipa do campeonato português". O extremo que atualmente representa os polacos do Legia Varsóvia acredita que o Benfica sentirá muitas dificuldades e que, mesmo que inconscientemente, o resultado do FC Porto estará sempre na mente dos jogadores de Bruno Lage. 

"Vão sempre entrar em campo a saber que o seu rival empatou. No entanto, o Benfica, a meu ver e como clube grande que é, já está habituado a lidar com pressões. Cada jogo tem a sua história. Não vai ser um jogo igual a qualquer outro, como não é nenhum da Liga Portuguesa, até porque as equipas estão muito bem trabalhadas hoje em dia", assinalou o jogador, de 27 anos. 

Em 2014, Salvador Agra foi herói ao apontar o golo o último triunfo (2-1) bracarense sobre o Benfica. Na esquerda, fletiu para o meio, tirou Maxi Pereira da frente e bateu Artur Moraes.© Global Imagens

Passagem pelo Benfica ainda faz 'eco'

Após essa temporada em Braga, Salvador Agra rumou ao Nacional, onde permaneceu até 2017. Em dois anos, o extremo fez mais de 70 jogos pelos insulares, marcou 17 golos e brilhou a um nível tão elevado que o Benfica apressou-se em garantir os seus serviços. O extremo assinou um contrato válido por três épocas, foi apresentado, mas nunca dispôs de uma oportunidade, acabando por ser cedido ao Desp. Aves, ao Granada e ao Cádiz.

"Não guardo mágoa nem rancor nenhum. O futebol é assim mesmo. Gostava de poder ter tido uma oportunidade, mas não surgiu e decidi seguir o meu caminho. Estou feliz na mesma e sei o meu valor", garantiu o jogador natural de Vila do Conde ao nosso site.

Extremo foi contratado pelo Benfica em 2017, mas nunca teve uma oportunidade.© SL Benfica

Uma nova realidade na Polónia

Focado apenas no presente o no futuro, Salvador Agra pretende provar uma vez mais as suas qualidades no futebol polaco. Contratado pelo Legia no passado mercado de inverno, a troco de 500 mil euros, o camisola 23 assinou um contrato válido até junho de 2021 e aumentou para quatro o número de portugueses no clube de Varsóvia - chegou com Luís Rocha e juntou-se a Cafú e André Martins, pois Iuri Medeiros foi anunciado mais tarde.

"Ter portugueses na equipa é sempre bom e ajuda imenso. A adaptação foi um pouco tardia, uma vez que é um campeonato e uma língua diferentes, o que tornou as coisas um pouco difíceis no início. Mas agora estou a lidar bem e já me sinto adaptado. Além disso, não é fácil chegar a meio de época. Sinto que precisava de chegar logo no arranque para as coisas serem diferentes. Agora é continuar a trabalhar forte. Vamos lutar até ao fim para sermos campeões", prometeu o português.

A finalizar, Agra admite ainda que a saída de Ricardo Sá Pinto do comando da equipa foi inesperada. "Foi de um momento para o outro. A verdade é que me surpreendeu", confessou, salientando que a equipa ainda tem traços do técnico luso: "Há sempre continuidade porque foram meses de trabalho."

Jogador natural de Vila do Conde assinou pelo Legia no mercado de inverno, juntamente com Luís Rocha.© Legia