Frederico Varandas convocou esta segunda-feira uma conferência de imprensa no auditório Artur Agostinho, em Alvalade. O presidente do clube leonino foi perentório e foi direto ao assunto: as agressões que ocorreram no Bessa a Miguel Nogueira Leite, membro do Conselho Diretivo, e no Dragão Caixa à mulher de Miguel Albuquerque, diretor das modalidades do Sporting, não podem ficar impunes.

Fique com o essencial das declarações de Frederico Varandas:

"Nós estamos aqui porque numa semana duas pessoas foram cobardemente agredidas em recintos desportivos. No Bessa e no Caixa Dragão, num jogo de hóquei em patins. São episódios de violência que nós repudiamos, que nós combatemos e que, sobretudo, não queremos que se repitam. No Bessa, há cerca de nove dias, tivemos um elemento do Conselho Diretivo que foi agredido com murros na nuca e há cerca de 48 horas tivemos uma agressão miserável a uma senhora que foi esmurrada na face. São ambos casos cobardes e foram preciso cobardes para o fazer. Como costumo dizer, uma matilha de cobardes.

O que aconteceu não pode ser tolerado. Gente desta tem de ser banida dos recintos desportivos. Federações, Liga, Conselhos de Justiça, de Disciplina, Secretaria de Estado do Desporto... não podem fingir que isto não aconteceu. Se as regras existem, que haja coragem para as aplicar. Não chega um telefonema pessoal para o presidente a pedir desculpa. Não chega um pedido de desculpa envergonhado, quase em off, ao presidente do Sporting. Nós ficámos à espera do que aconteceria depois do jogo no Bessa e, para além da nossa queixa-crime, nada aconteceu. Recebi um telefonema do Dr. Pedro Proença a mostrar solidariedade, mas eu também disse que esperava uma reação da Liga. Não se vai lá assim com pedidos de desculpa envergonhados em off. O exemplo vem sempre de cima."

"Existem multas para os jogadores, para os adeptos por cânticos... E para estes senhores? Assobiamos para o lado por ser na tribuna? Se calhar é mais grave... Os agressores têm de ser banidos, os dirigentes se forem cúmplices têm de ser expulsos, os clubes têm responsabilidade por organizar os eventos. Volto a insistir, Portugal é um Estado de Direito. Mas o Desporto não pode ser um território sem lei e sem decência. A gravidade do que aconteceu exige uma resposta ao mais alto nível institucional. Vamos pedir uma audiência com o governo com urgência, vamos pedir reuniões com todos os presidentes das federações e ligas de onde o Sporting disputa os campeonatos e propomos a criação de um Conselho Estratégico para a Segurança no Desporto. Isto não é um problema do futebol, das modalidades, das claques ou das tribunas. É um problema do desporto nacional e de quem é responsável pelo desporto nacional".

"No Sporting, nesta casa, todos os nossos rivais foram tratados com dignidade e segurança. E é assim que vão continuar a ser. Nós, enquanto direção, não governamos o Sporting preocupados com o nosso mandato, mas com aquilo que o Sporting precisa. Que seja assim com outras instituições. Não pensem no mandato, pensem no desporto. Pode demorar tempo, mas uma coisa eu sei: o governo português pode contar com o Sporting e a sua coragem. O que eu apelo e desejo é coragem a todos os senhores que têm a capacidade de decidir no desporto e na Nação".

Vieira e Pinto da Costa também deviam tomar posição? "Nós zelamos pelo Sporting e obviamente pelo desporto português. O que nos compete fazer, não tenham dúvidas, nós fazemos. Se eu gostaria que os meus homólogos fizessem o mesmo? Claro que gostaria, e garanto que o futebol e o desporto português ficaria bem melhor".

[Notícia atualizada às 18h23]