Os livros e autores que conquistaram Casanova em 2017
O crítico cujo nome é um pseudónimo literário escolheu para o Notícias ao Minuto o que mais o marcou na literatura este ano, sem esquecer de mencionar alguns dos escritores que nos deixaram em 2017.
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Cultura Balanço
Após duas décadas a escrever contos, George Saunders estreou-se no romance com 'Lincoln in the Bardo', o tipo de artefacto que leva 70% dos leitores a usar o termo "inclassificável" e os restante 30% a tentar atribuir-lhe prémios o mais rapidamente possível (nem que seja apenas o Man Booker). Num parágrafo do seu livro mais comovente, Nabokov resume as opiniões religiosas do Professor Pnin como "uma ténue crença numa democracia de fantasmas"; uma espécie de compêndio de citações de espectros indignados, a meio-caminho da reencarnação, Lincoln in the Bardo é uma oblíqua elaboração sobre essa ideia.
Paul Beatty ganhou o Booker no ano anterior a Saunders, o que lhe valeu a reedição das suas obras anteriores e nos proporcionou uma das redescobertas mais agradáveis do ano. 'The White Boy Shuffle' e especialmente 'Tuff' (um delírio cómico sobre uma campanha eleitoral) são tão bons ou melhores que 'The Sellout'.
O conto mais original que li em 2017 foi escrito por Carmen Maria Machado e pode encontrar-se na soberba colecção 'Her Body and Other Parties'. Chama-se 'Especially Heinous', consiste inteiramente em sinopses de episódios imaginários da série de TV 'Law & Order: Unidade Especial' e é ainda melhor do que esta premissa pode sugerir.
Por cá, Alexandre Andrade publicou um livro novo ('Descrição Guerreira e Amorosa da Cidade de Lisboa'), o que é sempre, e por definição, uma ótima notícia para a prosa escrita em língua portuguesa.
Entre os mortos do ano vale a pena mencionar, e lamentar, William Gass e Paula Fox, autores de dois grandes romances do séc. XX: 'Omensetter's Luck' e 'Desperate Characters', respectivamente.
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