Meteorologia

  • 29 ABRIL 2024
Tempo
11º
MIN 11º MÁX 18º

Pintura de Vieira da Silva e obras de Ofélia Marques em exposição

Uma exposição sobre pintura figurativa menos conhecida de Maria Helena Vieira da Silva, e outras duas dedicadas a Ofélia Marques e Xana são inauguradas a 08 de fevereiro na Fundação Arpad Szénes - Vieira da Silva (FASVS), em Lisboa.

Pintura de Vieira da Silva e obras de Ofélia Marques em exposição
Notícias ao Minuto

13:24 - 20/01/24 por Lusa

Cultura Exposição

"Aquém e Além da Abstracção, de Vieira da Silva" dá título à exposição com curadoria de Isabel Carlos, recordando que a pintora representou temas académicos, como a pintura de modelo, mas também naturezas mortas, retratos, espaços interiores e a obra "Moi, réfléchissant sur la Peinture" (1936-37).

"A pintura de Vieira da Silva é normalmente associada à abstração, à representação do espaço e da perspetiva e ao uso das linhas e geometrias desconstruídas, mas a artista teve uma produção figurativa que é menos conhecida, que não teve a mesma visibilidade, aceitação crítica e fortuna", escreve a curadora num texto publicado na página 'online' da FASVS.

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) também se dedicou à ilustração para livros infanto-juvenis, "onde a criatividade e experimentação são evidentes no cromatismo fulgurante e no contraste entre elementos figurativos estilizados e os fundos-enquadramentos contidos ou monocromáticos", sublinha ainda sobre a mostra, que ficará patente até 02 de junho.

A seleção para esta nova exposição inclui obras dos primeiros anos em Paris, de 1929 a 1936, algumas propostas para concursos de 1940, e uma série de retratos e ilustrações do período de exílio no Brasil, entre 1941 e 1946, durante a Segunda Guerra Mundial.

A riqueza plástica e emocional destas obras é confirmada pela vontade da pintora de as manter consigo, ao longo de décadas e de várias mudanças de ateliê, até 1990, quando foram integradas na coleção do museu.

"Retrato do Retrato", de Ofélia Marques (1902-1952), é outra nova exposição que é inaugurada na mesma data, no Museu Vieira da Silva, com a curadoria de Emília Ferreira, baseada no espólio de desenho desta artista da segunda geração do modernismo português, que a FASVS tem à sua guarda, desde 1997.

Pintora, caricaturista e ilustradora portuguesa, Ofélia Marques dedicou-se sobretudo ao desenho "e nele experimentou diversos tipos de registo, oscilando entre a obra mais genericamente divulgada na imprensa e nos livros, sobretudo destinada ao público infantil, de traços lisos e bem definidos, num exercício de mimetismo herdeiro de alguma ilustração oitocentista, e um trabalho mais expressivo e arrojado que servirá temáticas de pendor expressionista", recorda a apresentação da mostra, na página do museu.

O conjunto de desenhos de pequeno formato depositado pela família da artista foi inventariado e digitalizado em 2013.

Também a 08 de fevereiro, na Casa-Atelier Vieira da Silva, será inaugurada a exposição do artista Xana, que escolheu a tela "Rua do Ouvidor", pintada por Maria Helena Vieira da Silva em 1942 para criar um conjunto de novas obras em tinta acrílica sobre tela e papel que apresentará neste espaço.

Nessa obra de referência está expressivamente representado o buliço humano que Vieira e Arpad vivenciaram no Brasil, durante a década de 1940 do século XX, naquela importante artéria comercial do Rio de Janeiro.

Nas pinturas agora realizadas por Xana, nascido em Lisboa, em 1959, "há uma apropriação e recriação livre e expandida dos padrões que marcam as vestes das personagens presentes na pintura de Vieira da Silva", aponta o museu.

Se, para a artista, aquelas formas padronizadas já são o assunto principal da rua, onde as figuras humanas são apenas vagamente sugeridas, para Xana "os únicos protagonistas são as formas abstratas, as cores luminosas e os ritmos ornamentais, agora reinventados em diversas pinturas".

Do legado da pintora dos vestidos "azul cobalto para a felicidade" ou do "vermelhão para o sangue circular livremente", como disse Vieira num texto testamentário, Xana prossegue aquele caminho reinventando-o numa "rua projetada à rua do ouvidor", acrescentando novas formas para poder "voar mais alto" com todas as cores e afirmar a sua liberdade.

Licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1984, Xana (Alexandre Barata) vive e trabalha em Lisboa, Lagos e Faro, onde foi coautor do projeto de licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Algarve, onde leciona desde 2005.

Em 2005, a Culturgest, em Lisboa, apresentou uma seleção antológica das suas obras, intitulada "Arte Opaca e Outros Fantasmas".

O trabalho de Xana está representado em diversos museus e coleções públicas, nomeadamente no Museu de Serralves, no Porto, Kunstlerhaus-Musonturm em Frankfurt, na Alemanha, na Fundação Luso-Americana e no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa.

A exposição "Rua Projetada à Rua do Ouvidor" poderá ser visitada até 14 de abril, com entrada livre.

Leia Também: Ruy de Carvalho e Tony Carreira no palco do Coliseu Micaelense

Recomendados para si

;
Campo obrigatório