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SPA vai apoiar reedição de obra de António Torrado e publicar homenagem

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) vai publicar "um livro de homenagem" ao escritor António Torrado, que morreu no passado dia 11, assim como a sua obra poética e dramaturgica.

SPA vai apoiar reedição de obra de António Torrado e publicar homenagem
Notícias ao Minuto

13:27 - 21/06/21 por Lusa

Cultura Óbito

A cooperativa de autores publicará, "antes do final do ano", com coordenação da Inês Fonseca Santos, um livro de homenagem ao escritor, "que inclui diálogos com ele e testemunhos de pessoas que com ele trabalharam e foram suas amigas".

A SPA, em comunicado, anunciou que vai também apoiar a reedição da obra poética de António Torrado em quatro livros e, num volume, "a sua extensa e marcante obra de teatro, muitas vezes levada à cena", concretizando um projeto que era intenção do escritor, que morreu em Lisboa, aos 81 anos.

Viabiliza assim, adianta a direção da SPA, um projeto que era intenção do escritor.

Quando da sua morte, a SPA recordou Torrado, como "um dos mais produtivos e criativos dramaturgos portugueses", a par do seu "excecional trabalho" na literatura infantojuvenil".

António Torrado nasceu em Lisboa, em 21 de novembro de 1939, formou-se em Filosofia em Coimbra e dedicou-se ao ensino na década de 1960, até ser afastado por motivos políticos, durante a ditadura.

Escreveu para jornais, trabalhou na área editorial, nomeadamente nas editoras Plátano e Comunicação, e foi pioneiro, em Portugal, do Movimento da Escola Moderna, como refere a sua biografia na página da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas.

A extensa obra literária de António Torrado, que soma mais de uma centena de livros, está traduzida em diversas línguas, destacando-se os títulos na área de literatura infantojuvenil.

Poeta e dramaturgo premiado, António Torrado esteve desde cedo ligado à pedagogia, à produção literária para os mais novos, à recuperação e reinterpretação do conto tradicional e à promoção da leitura.

Em 1988, pelo conjunto da obra, recebeu com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.

António Torrado recebeu esta distinção outras quatro vezes, em reconhecimento de títulos literários distintos: em 1980, com o livro "Como se faz cor de laranja", em 1984, com "O livro das sete cores", em 1996, com "O mercador de coisa nenhuma" e, em 1998, com "As estrelas - Quando os reis eram príncipes".

Este foi um dos seus títulos incluídos na Lista de Honra do Conselho Internacional de Livros para a Infância e Juventude (IBBI, sigla da designação original International Board of Books for Young People), em 1998, assim como "O veado florido", em 1974.

No teatro, trabalhou diferentes dramaturgias com o grupo A Comuna, tendo sido dramaturgo residente da companhia.

Na televisão, chefiou a Direção de Programas Infantis e Juvenis da RTP, ao lado da escritora Maria Alberta Menéres (1930-2019), e coordenou a primeira série em português da "Rua Sésamo".

Formou professores em Portugal e noutros países de língua portuguesa e coordenou o curso anual de Expressão Poética e Narrativa do antigo Centro Artístico Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian.

António Torrado foi ainda cofundador da Associação Portuguesa de Escritores, do Instituto de Apoio à Criança e da Sociedade Portuguesa de Autores. Era membro da Associação Internacional de Críticos Literários, e foi responsável pela cadeira de Escrita Dramatúrgica da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Em entrevista em 2010 ao jornal Público, quando completou quarenta anos de vida literária, manifestou-se feliz por ser acarinhado pelos leitores de diferentes gerações.

"Já fiz tudo, já encantei gente. Tenho razões para me sentir feliz e realizado, mas, por outro lado, penso: e agora? O que é que me resta? Se isto é o resumo do que fiz, parece que é quase uma notícia necrológica, e eu não quero que seja. Não é por causa do medo da morte. Se ela viesse de um dia para o outro, não me custava nada. Ficar incapaz é que é chato, morrer não", afirmou na mesma entrevista.

Leia Também: AR recorda António Torrado como "maravilhoso contador de histórias"

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