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Manguel considera António Lobo Antunes um autor universal

O autor de "Dicionário de lugares imaginários", o escritor de origem argentina Alberto Manguel, considera o português António Lobo Antunes "um dos mais importantes e universais do século XX".

Manguel considera António Lobo Antunes um autor universal
Notícias ao Minuto

11:15 - 03/12/13 por Lusa

Cultura Literatura

Em entrevista à Lusa, a propósito da edição em Portugal da obra sempre em elaboração - "Dicionário de lugares imaginários" -, que marcou o percurso do autor do "Novo elogio da Loucura", Manguel afirmou que "tradicionalmente, Portugal tem autores que fazem parte da grande literatura universal como Fernando Pessoa, Eça de Queiroz e, na nova geração, Gonçalo M. Tavares".

António Lobo Antunes, porém, sobe ao primeiro plano do autor de "Uma história da leitura", pelo caráter universal do seu trabalho.

Entre as centenas de termos incluídos no "Dicionário de lugares imaginários", está incluído "Ofir", mas não correspondente à freguesia da costa noroeste portuguesa, que o escritor argentino conhece.

"Há nomes de lugares reais que correspondem a lugares imaginários e vice-versa", começou por dizer Manguel, em entrevista telefónica, a partir de França, onde vive.

"Claro que conheço [a praia portuguesa], mas este é um nome que existe na geografia imaginária há muito tempo", disse.

Na respetiva entrada no Dicionário, Manguel e o co-autor da obra, Gianni Guadalupi, citam livros bíblicos como o dos Reis ou dos Salmos, nos quais é referido "Ofir", entre outras obras da literatura ocidental europeia.

Para Alberto Manguel, "a verdade é que sempre tivemos uma inclinação em pensar nesses lugares imaginários, onde as coisas são melhores, piores ou ao menos distintas". "Esses lugares ou os buscamos ou os recusamos. Queremos visitar o mundo de 'Alice no país das Maravilhas', mas sabemos que vivemos num mundo diferente".

Sobre o Dicionário, Manguel quis realçar o contributo "extraordinário" do historiador e escritor Gianni Guadalupi, falecido em 2007, e que foi "a inspiração primeira" desta obra.

O "Dicionário de lugares imaginários", de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi, foi editado pela primeira vez em 1980. A edição portuguesa é agora publicada pela Tinta da China, numa tradução de Carlos Vaz Marques e Ana Falcão Bastos.

Alberto Manguel, de 65 anos, que vive num antigo priorado em França, está atualmente a trabalhar "muito devagar", na "História da Curiosidade" para a qual não tem ainda data de publicação.

Ensaísta, organizador de antologias literárias, tradutor, editor e romancista, Alberto Manguel multiplica a sua obra por diversos géneros, do conto, ao ensaio e ao romance, abrindo caminhos através da literatura.

Na juventude, foi leitor do escritor argentino Jorge Luís Borges, quando o autor de "O jardim de caminhos que se bifurcam" perdeu a visão.

Nascido em Buenos Aires, filho de um diplomata, Manguel cresceu em Telavive, viveu em Toronto, onde adquiriu a cidadania canadiana, percorreu a Europa, antes de se fixar em França.

"Uma história da leitura", "O amante extremamente minucioso", "Por um novo elogio da loucura", "Todos os homens são mentirosos" e "Uma biografia da Ilíada e da Odisseia de Homero" são algumas das obras do escritor.

"Dicionário de lugares imaginários" é um guia de viagem por lugares inexistentes, em constante elaboração desde a edição original, em 1980. A obra percorre a história da literatura com textos, mapas e ilustrações que reforçam a ficção de cada uma das suas "entradas".

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