"Largar o poder incomoda a Direita. Por isso jogam com todas as armas"
No artigo de opinião intitulado 'Adeus, Passos', no Jornal de Notícias, a bloquista Mariana Mortágua teceu duras críticas à Direita.
© Global Imagens
Política Mariana Mortágua
"Não sabemos como vão acabar as negociações desta semana entre o PS e os partidos à sua Esquerda", começou por afirmar Mariana Mortágua, num artigo de opinião publicado um dia depois de o Bloco de Esquerda se ter reunido com o Partido Socialista.
Hoje espera-se pela reunião entre a coligação Portugal à Frente (PàF) e o PS. Mas o caminho da Direita parece estar a complicar-se depois de a líder do Bloco, Catarina Martins, ter afirmado que o Governo de Passos estava prestes a terminar.
Mariana Mortágua considera este momento como "histórico" e como uma "hipótese de alternativa estável que proteja salários, pensões e o emprego".
"Não douremos a pílula, mas também não vale a pena fingir que ela não existe. O que une neste momento PS, Bloco, CDU são preocupações comuns e a vontade, até agora expressa, de romper com o ciclo de empobrecimento do país", adianta.
A deputada garante que "o tempo do bloco central acabou e todos os partidos devem, em respeito pelos seus compromissos eleitorais, assumir as suas responsabilidades".
"O que não me parece legítimo é que a Direita tenha mais legitimidade para governar em minoria do que um PS com apoio parlamentar maioritário", frisa.
Para Mortágua, "a hipótese de largar o poder incomoda a Direita, a probabilidade do Bloco ou do PCP participarem numa solução aterroriza-os. Por isso jogam com todas as armas que têm".
Mas as críticas não se ficam por aqui e vão até ao Presidente da República, que na passada semana pediu ao primeiro-ministro uma "solução governativa", o que gerou uma enorme 'irritação' por parte dos restantes partidos que ainda não tinham sido ouvidos por Cavaco Silva. "A liderar o pelotão vai Cavaco Silva, o Presidente da República mais preocupado em defender a sua área política do que em garantir o cumprimento da Constituição", assegura.
"Vivemos tempos interessantes, serão duros. Há dois caminhos e duas linguagens, a do medo e a da esperança", remata Mariana Mortágua.
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