Duplamente doutorado, em História da Educação, pela Universidade de Universidade de Genève, e História Moderna e Contemporânea, pela Sorbonne de Paris, Sampaio da Nóvoa ganhou visibilidade desde que presidiu às comemorações do Dia de Portugal, em 2012.

A partir desse 10 de Junho, em cuja intervenção dedica as primeiras palavras aos portugueses desempregados e que "vivem situações de dificuldade e de pobreza", o mediatismo do antigo reitor e os seus dotes de oratória passam a confundir-se.

Discursou na iniciativa em defesa da Constituição dinamizada pelo antigo Presidente Mário Soares, na Aula Magna, em 2013, foi aplaudido de pé no Congresso do PS, no ano passado, e a sua intervenção no Congresso da Cidadania, da Associação 25 de Abril, no mês passado, teve interrupções constantes para aplausos.

António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa nasceu em 1954 em Valença, no Minho, o segundo de cinco irmãos, e ainda em criança muda-se com a família para Oeiras.

Admirador Bob Dylan, disse que ‘The times are changing’ é o tema do músico e poeta norte-americano que melhor se adequa ao momento atual do país, em declarações ao Correio da Manhã.

Sampaio da Nóvoa defende a renegociação da dívida e diz que "a austeridade é um desastre, todos o reconhecem, mesmo os seus autores, com exceção daqueles que continuam a viver no país da propaganda".

"Temos de renegociar a dívida e resolve-la honradamente. O nosso problema é económico e não financeiro", declarou no Congresso da Cidadania, em que defendeu que "sem um estado social forte não há liberdade", pronunciando-se contra os cortes no rendimento social de inserção e "lógicas caritativas" que "saem mais caras do que os apoios estatais".

"A Constituição define as fronteiras em que nos movemos: nas legislativas os partidos, nas presidências, os cidadãos. Num e noutro caso, só vale a pena se for para abrir um tempo novo, um tempo de mudança em Portugal", declarou igualmente na mesma intervenção.

Nesse recente discurso, o antigo reitor declarou que "com políticos antigos não haverá política nova" e pediu um olhar para o legado das presidências de Ramalho Eanes, de Jorge Sampaio, e de Mário Soares.

Sampaio da Nóvoa aponta recorrentemente para a educação e o conhecimento como as vias para a transformação do país: "O drama de Portugal tem sido sempre, mas sempre, o afastamento de sociedades que evoluíram graças ao conhecimento e à ciência", disse no discurso do 10 de Junho.

Sampaio da Nóvoa foi reitor da Universidade de Lisboa entre 2006 e 2013, e com António da Cruz Serra, liderou o processo de fusão com a Universidade Técnica de Lisboa.

Consultor para a Educação do Presidente Jorge Sampaio, o antigo reitor é presidente do Conselho Consultivo da área de Educação da Fundação Calouste Gulbenkian, desde 2012.

Sampaio da Nóvoa recebeu o Prémio Universidade de Coimbra de 2014, a instituição onde, em 1971, o futebol o levou, enquanto médio da Académica, ingressando em Matemática.

Foi em Coimbra que se juntou ao Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e contactou com a expressão dramática que o levaria a abandonar Matemática para estudar Teatro no Conservatório de Lisboa, com uma bolsa da Gulbenkian.

Seria através da expressão dramática que Sampaio da Nóvoa voltaria à academia, desta vez para ficar, já que foi no Magistério Primário de Aveiro que, entre 1977 a 1979, como professor de expressão dramática, chega à formação de professores e à Educação.

Em 1980 inicia a carreira académica que o leva à Universidade de Genebra.

Apesar dos doutoramentos no estrangeiro e de temporadas a viver no Brasil, onde recentemente foi consultor na Unesco, Sampaio da Nóvoa, casado e pai de um filho, continua a viver no bairro de Nova Oeiras para onde se mudou com os pais e irmãos na década de 1960.