"Há um antes e depois de António Costa na Câmara Municipal de Lisboa e é importante que hoje seja o dia em que nós recordemos todo esse legado e esse trabalho", declarou o socialista Duarte Cordeiro, que falava aos jornalistas após a apresentação da renúncia do ex-presidente da autarquia lisboeta, nos Paços do Concelho.

António Costa, que é candidato socialista a primeiro-ministro, anunciou hoje o seu pedido de renúncia ao mandato à frente da Câmara de Lisboa, por sentir "em consciência" que se deve concentrar agora em "servir Portugal e os portugueses".

O também responsável pela Higiene Urbana do município apontou vários exemplos daquele que classificou como o "legado de António Costa".

"[...] O trabalho feito na área do espaço público, a Ribeira das Naus, o Terreiro do Paço, o elevador do arco da Rua Augusta, todo o trabalho que foi feito na Mouraria, no Intendente, mas também na área dos espaços verdes, o corredor verde, com a requalificação de jardins, a vida que hoje temos na rua, na cidade de Lisboa, todo o trabalho cultural", enumerou Duarte Cordeiro.

Para além disso, assinalou a "dinamização da atividade económica" efetuada por António Costa ser "precursor com a Startup Lisboa" e ainda "o trabalho que foi feito ao nível turístico e o facto de Lisboa estar no top de vários rankings internacionais".

Posição diferente foi apresentada pelos vereadores da oposição na Câmara de Lisboa.

Pelo PSD, o vereador António Prôa reiterou que a saída de António Costa "foi o regresso à normalidade na cidade de Lisboa".

"Do nosso ponto de vista, a cidade e a sua gestão fica marcada, nos últimos tempos, por questões como o aumento dos problemas de limpeza, os buracos na cidade, o insucesso na reabilitação urbana. São diversos problemas que António Costa não conseguiu resolver e isso deve-se à sua ausência de concentração nos problemas na cidade de Lisboa", sublinhou o social-democrata.

Para António Prôa, "o doutor António Costa desde que passou a estar a meio tempo na Câmara Municipal de Lisboa, embora não o fizesse formalmente, devia ter abandonado a Câmara de Lisboa para dar lugar a um presidente que se dedicasse em exclusivo à cidade".

Opinião semelhante tem o centrista João Gonçalves Pereira. Em declarações aos jornalistas, o vereador do CDS-PP falou numa "falta de compromisso" de António Costa para com os lisboetas.

"António Costa apresentou-se em eleições com um programa a quatro anos e ao final de um ano abandona a Câmara de Lisboa", criticou.

Em relação ao sucessor de António Costa, o vice-presidente Fernando Medina, o centrista disse que o autarca "não foi objeto de escrutínio por parte dos lisboetas", pelo que será um "presidente que goza de pouca legitimidade política".

Por seu turno, o comunista João Ferreira fez um "balanço negativo" destes mandatos de António Costa.

"Foi um período durante o qual não se apresentaram soluções para os principais problemas da cidade e em que muitas vezes, demasiadas vezes, interesses particulares prevaleceram sobre a defesa do interesse público. Degradaram-se serviços, degradou-se o emprego público", sintetizou João Ferreira.