Declarações sobre taxa são "manobra de diversão"
O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo considerou hoje como "manobra de diversão" o facto de o ministro da Economia classificar como "ficção" a taxa sobre produtos alimentares considerados nocivos para a saúde, defendida por outros membros do Governo.
© Lusa
Política João Semedo
"Não é a primeira vez que vemos ou ouvimos ministros a desmentirem-se uns aos outros. Isso acontece porque, com excessiva frequência, os ministros mentem, não dizem a verdade sobre o que pensam fazer. Mas é, também, uma manobra de diversão para distrair e iludir daquilo que é essencial os portugueses saberem: os cortes nos salários e nas pensões vieram para ficar", afirmou João Semedo, em declarações aos jornalistas durante uma visita à Feira Mensal de Penafiel.
Para o coordenador do Bloco de Esquerda (BE), "ministros a desmentirem-se uns aos outros faz parte do jogo político", pelo que o episódio de hoje do ministro "centrista" Pires de Lima "é mais uma linha vermelha do CDS que o PSD se encarregará de destruir rapidamente".
João Semedo referia-se à "linha vermelha" traçada em 2013 pelo atual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas (CDS), em relação a uma eventual "TSU dos pensionistas", ou seja, a um aumento de taxas sobre a generalidade das pensões.
"Aquilo que era transitório passa a ser definitivo e teremos cortes em 2014, 2015 e provavelmente nos anos que se seguem. Isso é que importante e não podemos deixar de dizer por muito que os ministros passem os dias a desmentir-se uns aos outros. Faz parte do jogo político. Não nos esquecemos ainda das linhas vermelhas de Paulo Portas. Esta é mais uma linha vermelha do CDS que o PSD se encarregará de destruir rapidamente, observou o coordenador do BE.
João Semedo alertou ainda que "as divergências do CDS relativamente à política do Governo são inexistentes".
"Servem para alimentar discurso político mas, na hora da verdade, o CDS ordeiramente vota ao lado dos ministros do PSD. Estou convencido de que assim será desta vez", vincou.
O ministro da Economia classifica como uma "ficção" a taxa sobre produtos alimentares considerados nocivos para a saúde, depois de a ideia ter sido defendida por outros membros do Governo.
"Não há taxa. É uma ficção, um fantasma que nunca foi discutido em Conselho de Ministros e cuja especulação só prejudica o funcionamento da economia", declarou o ministro Pires de Lima ao jornal Público.
Contactada hoje pela Lusa, fonte oficial do Ministério da Saúde disse nada ter mais a acrescentar, depois das declarações já feitas durante a semana pelo ministro da Saúde, ministra das Finanças e secretário de Estado Adjunto da Saúde.
Na terça-feira, a ministra das Finanças admitiu, na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, que o Governo pode vir a aplicar taxas a produtos com efeitos nocivos para a saúde.
No dia seguinte, o Ministério da Saúde veio afirmar que a ideia de taxar produtos nocivos para a saúde deve ser encarada mais como uma política para melhorar o estado de saúde da população do que como uma medida orçamental.
Em declarações à agência Lusa, na quarta-feira, o ministro da Saúde explicou que esta pode ser uma das vias para ajudar a resolver a acumulação de dívidas dos hospitais em termos estruturais.
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