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'Não' ao desperdício alimentar. Eis a política dos hipers em Portugal

Pensamos e falamos em todas as pessoas que morrem à fome todos os dias. Mas será que fazemos alguma coisa para mudar uma situação que afeta o mundo inteiro? O Notícias Ao Minuto foi saber o que fazem os três grandes grupos de distribuição alimentar para evitar este desperdício alimentar, de forma a combater esta problemática.

'Não' ao desperdício alimentar. Eis a política dos hipers em Portugal
Notícias ao Minuto

07:02 - 30/04/16 por Patrícia Martins Carvalho com Zahra Jivá

País Exclusivo

Dados da Organização para a Alimentação e a Agricultura revelam uma realidade preocupante: cerca de 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos.

Este valor é problemático uma vez que todos os dias cerca de 870 milhões de pessoas passam fome.

Em Portugal, onde mais de 300 mil pessoas sofrem com a falta de alimentos, desperdiça-se mais de um milhão de toneladas de alimentos diariamente.

Mas que práticas são levadas a cabo por cá para combater este flagelo? O Notícias ao Minuto contactou os três grandes grupos de distribuição alimentar em Portugal para saber se o desperdício alimentar é uma preocupação para estas empresas.

Fonte oficial da Jerónimo Martins, que detém o Pingo Doce e o Recheio Cash&Carry, revelou que só no ano passado foram doados mais de 14 milhões de euros em produtos alimentares que foram distribuídos por 600 instituições do Norte a Sul do país, incluindo a Madeira.

O trabalho de combate ao desperdício alimentar não se foca apenas nos alimentos vendidos, mas tem também especial incidência nos produtos confecionados. Por outras palavras, e segundo a mesma fonte, a Jerónimo Martins “integrou vegetais não-normalizados, que eram anteriormente deixados nos campos, nos seus produtos processados”.

“Para este propósito foi desenvolvido um processo de compra aos fornecedores destes artigos para a sua introdução nas receitas existentes na área de negócio de Meal Solutions do Pingo Doce, tendo sido incorporadas mais de 3.400 toneladas de alimentos nos últimos dois anos”, refere a empresa, adiantando ainda que estes vegetais não-normalizados são aproveitados através do sistema de corte para serem posteriormente vendidos em embalagens.

Solução semelhante tem o Continente. O hipermercado que pertence à Sonae transforma “a fruta demasiado madura em sumos naturais de ótima qualidade” e reaproveita todos os bens alimentares, sejam os das lojas ou os que são utilizados em eventos internos ou externos.

“Os eventos internos da empresa são fornecidos também com produtos que, por se aproximarem do fim da data de validade, constituiriam desperdício. Nos eventos externos da empresa é assegurado que as sobras alimentares são redistribuídas, assegurando que cheguem a quem mais precisa”, explicou ao Notícias ao Minuto fonte oficial do Continente, que revelou que “anualmente” são doados os “excedentes da Festa Continente a mais de 2.500 pessoas em situação de carência”.

Nesta senda, a mesma fonte indicou que no ano passado foram apoiadas mais de 600 instituições de solidariedade social, não só com a doação de alimentos como também com a doação de refeições confecionadas no hipermercado. Neste último caso foram doadas 1,1 milhões de refeições.

Esta política de combate ao desperdício alimentar por parte do Continente estende-se também a instituições que prestam auxílio aos animais. “Foram doados produtos alimentares e outros no valor de 1,2 milhões de euros a 83 instituições”, referiu a mesma fonte.

A nível dos colaboradores também aqui há uma preocupação do Continente em reaproveitar os alimentos que não podem ser vendidos. Nas lojas existe uma “zona social” onde os funcionários “têm ao seu dispor para consumo interno produtos que, por uma razão de aparência (como por exemplo, embalagens de chá abertas) ou porque são produtos do dia (como por exemplo pão e bolos secos) não são colocados à venda no hipermercado”.

No caso dos produtos que se aproximam do fim do prazo de validade é-lhes aplicado um desconto na ordem dos 50%.

A Auchan, que detém o Jumbo e o Pão de Açúcar, tem também uma política de responsabilidade social no que ao combate ao desperdício alimentar diz respeito.

Com o chamado projeto 'Desperdício Zero', os hipermercados e supermercados da Auchan têm vindo a desenvolver estratégias que permitem diminuir o número de alimentos desperdiçados.

Fonte oficial do Jumbo explicou ao Notícias ao Minuto que o projeto assenta em diretivas essenciais. A primeira refere-se à oferta comercial com a possibilidade que é dada ao cliente de “comprar o produto ao peso na quantidade que necessita sem desperdícios também na embalagem”.

Mas não só. Existe também o chamado 'self-discount' com “produtos com embalagens mais simples e através do qual na compra de frutas e verduras para este mercado se opta por uma oferta de menor calibre, admitindo-se produto com defeitos epidérmicos (defeitos naturais das frutas e legumes que não colocam em causa a qualidade).

No que diz respeito aos produtos cuja data de validade se aproxima do fim, há também uma estratégia definida com a colocação de etiquetas laranja que anunciam os descontos nestes produtos.

O Jumbo, através do clube Rik&Rok, tem lançado várias campanhas de sensibilização, dirigidas para os mais novos, que incidem sobretudo no aproveitamento das sobras alimentares e na alimentação saudável.

O combate ao desperdício alimentar é também feito através de uma “gestão operacional rigorosa” baseada em “procedimentos e regras para minimizar qualquer desperdício” e na “formação e sensibilização dos colaboradores” dos hiper e supermercados.

Já no que às doações diz respeito, o Jumbo estabeleceu parcerias com diferentes associações, tendo em 2015 doado mais de 800 mil euros em bens alimentares e não alimentares não só para humanos, como também para animais.

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