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A detenção inédita de um ex-primeiro-ministro

Foi o advogado de José Sócrates a confirmar que o seu cliente ficaria em prisão preventiva. Minutos depois, aos jornalistas, uma funcionária do tribunal confirmaria as medidas de coação aplicadas ao ex-primeiro-ministro. O antigo governante é suspeito da prática de três crimes: corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.

A detenção inédita de um ex-primeiro-ministro
Notícias ao Minuto

23:15 - 24/11/14 por Goreti Pera e Sérgio Abrantes

País Operação Marquês

José Sócrates ficará a aguardar julgamento em prisão preventiva, a medida de coação mais gravosa que lhe podia ser aplicada. O juiz Carlos Alexandre considerou que o antigo primeiro-ministro é suspeito da prática de crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

Além destes factos, ficou a saber-se também que o antigo primeiro-ministro foi detido pelas 21h30 de sexta-feira, dia 21 de novembro, no Aeroporto de Lisboa. Posteriormente, deu entrada no DCIAP pelas 23h16. Todos os outros arguidos foram detidos no dia anterior.

O seu advogado, à saída do tribunal, altura em que anunciou a decisão do juiz Carlos Alexandre, considerou que "a decisão é profundamente injusta e injustificada" e admitiu que irá "interpor recurso".

Dos outros três arguidos, apenas o advogado Gonçalo Ferreira ficou em liberdade, porém terá de apresentar-se no DCIAP bissemanalmente.

Os indícios que terão levado à detenção

Uma denúncia da Caixa Geral de Depósitos espoletou a investigação, mas terá sido o apartamento de luxo adquirido por José Sócrates em Paris a dar início às suspeitas que sobre o ex-primeiro-ministro recaem.

Durante o fim de semana o semanário Sol noticiava a existência de uma conta bancária onde José Sócrates tinha 20 milhões de euros, em nome de Carlos Santos Silva, seu amigo e ex-administrador do grupo Lena.

Seria por intermédio deste que chegavam, mensalmente, ao bolso do socialista avultadas quantias, que o semanário dava como sendo superiores a 12 mil euros. Estes rendimentos (que não fazem parte da remuneração que recebia da Octapharma) terão dado indícios às autoridades de que algo estava mal, uma vez que os rendimentos declarados não eram coincidentes com os sinais de fortuna exibidos.

Na altura em que deixou o Executivo português, o antigo governante alegou que, para fazer face às suas despesas na capital francesa, onde frequentava o curso de Filosofia Política, contraiu um empréstimo de 120 mil euros ao banco estatal.

Vários órgãos de comunicação social noticiaram que o apartamento alugado por José Sócrates num dos bairros mais emblemáticos de Paris, onde residia com um dos seus filhos, custaria mensalmente cinco mil euros.

Além disso, soube-se também que seria João Perna, o motorista, quem fazia chegar a Sócrates o dinheiro levantado por Carlos Santos Silva.

Sobre Gonçalo Ferreira, ainda não é claro qual o papel desempenhado em todo o processo. Porém, este é advogado da Proengel, empresa na qual trabalha Carlos Santos Silva.

Além destes factos, foi referido num período inicial que estaria também implicado em toda a investigação o nome de Joaquim Lalanda de Castro, o representante em Portugal da Octapharma, a multinacional para a qual Sócrates trabalha desde 2013. Este nome haveria de cair, à medida que foram sendo conhecidos mais pormenores sobre o caso.

De salientar que, até ao momento, nenhuma destas informações relacionadas com a Operação Marquês foi confirmada pelo Ministério Público, estando o processo em segredo de justiça.

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