Adiado veredito de três jornalistas da Al-Jazira no Egito
O veredito do processo de três jornalistas da cadeia de televisão Al-Jazira, no Cairo, foi adiado, depois de a condenação em primeira instância ter desencadeado uma onda de indignação internacional, disseram hoje os advogados de defesa.
© Reuters
Mundo Processos
Os três jornalistas, o australiano Peter Greste, o canadiano Mohamed Fahmy e o egípcio Baher Mohamed, foram condenados em primeira instância a penas de até dez anos de prisão.
Os três foram detidos em dezembro de 2013 e acusados da "difusão de informações falsas" para apoiar a Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertencia o antigo presidente islamita Mohamed Morsi, destituído pelo exército em 2013.
O advogado de um dos acusados, o egípcio Baher Mohamed, explicou ter sido informado de que a audiência não se ia realizar.
O veredito foi adiado para 08 de agosto, de acordo com uma mensagem na rede social Twitter do embaixador da Holanda no Cairo, que devia ter assistido à audiência.
Os jornalistas, da redação anglófona da cadeia do Qatar Al-Jazira, também foram acusados de estarem a trabalhar no Egito sem as autorizações necessárias.
No primeiro processo, em junho do ano passado, Fahmy e Greste foram condenados a sete anos de prisão e Mohamed a dez. O Supremo Tribunal anulou as condenações e ordenou a realização de um novo processo.
Na abertura do novo processo, a 12 de fevereiro, Fahmy e Mohamed ficaram em liberdade condicional, após mais de 400 dias de detenção. Greste foi expulso para a Austrália a 01 de fevereiro, na sequência de um decreto presidencial.
"O mundo inteiro tem os olhos postos no Egito com este processo decisivo em matéria de liberdade de imprensa", sublinhou na quarta-feira a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Fahmy, que detém a nacionalidade canadiana, renunciou à cidadania egípcia na esperança de também ser expulso, mas sem êxito.
"Se este processo for justo, eu e os meus camaradas devemos ser absolvidos", considerou. Fahmy acrescentou que uma comissão técnica, encarregada pelo tribunal de analisar os vídeos realizados pelos jornalistas, excluiu "qualquer falsificação".
O jornalista processou a Al-Jazira e acusou a cadeia "de negligência" ao "apoiar a Irmandade Muçulmana", considerada uma organização terrorista pelas autoridades egípcias, e pondo em risco a segurança dos jornalistas.
O caso ocorreu em plena crise entre o Egito e o Qatar, na sequência da destituição de Morsi pelo antigo chefe das forças armadas e atual Presidente, Abdel Fattah al-Sissi.
O Cairo criticava Doha por apoiar a Irmandade Muçulmana, nomeadamente através da Al-Jazira, que denunciou a destituição de Morsi e a repressão contra os apoiantes, que causou mais de 1.400 mortos.
Se forem novamente condenados, os jornalistas podem recorrer ao Supremo, que poderá confirmar ou anular o julgamento. Em caso de anulação, cabe ao supremo analisar e decidir sobre o processo.
De acordo com o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque, pelo menos 18 repórteres estão atualmente detidos no Egito, acusados de pertencerem à Irmandade Muçulmana.
Um recente projeto de lei antiterrorista previa a prisão de jornalistas que publicassem "informações falsas sobre ataques terroristas contrárias aos comunicados oficiais".
Perante a enorme controvérsia que o projeto desencadeou, o Governo egípcio recuou e optou por estabelecer pesadas multas.
O tribunal devia ler ainda o veredito no processo de cinco coacusados egípcios, condenados em primeira instância a sete e dez anos de prisão, por pertencerem à Irmandade Muçulmana e por terem procurado "prejudicar a imagem do Egito".
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