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Kissinger admitiu atacar Cuba em 1975

A intervenção militar de Cuba na guerra civil de Angola em 1975 levou o secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger a planear atacar Cuba para "esmagar o regime de Fidel Castro", escreve hoje o jornal espanhol El Diario.

Kissinger admitiu atacar Cuba em 1975
Notícias ao Minuto

14:56 - 01/10/14 por Lusa

Mundo Imprensa

O jornal - que cita o livro 'Black Channel to Cuba' e documentos desclassificados da Biblioteca Gerald Ford - recorda que inicialmente, notícias publicadas no New York Times indicavam que Kissinger tinha tentado criar um canal secreto para negociações com o presidente cubano, Fidel Castro, no sentido da melhoria de relações entre Washington e Havana.

O que "fez enfurecer" o secretário de Estado do presidente Ford foi a decisão de Cuba enviar tropas para Angola para ajudar o MPLA em 1975.

"Ninguém previa que após uma tentativa relevante no sentido de normalizar as relações, Kissinger, especialista no xadrez da política internacional, iria sentir-se insultado por um pequeno país que ia arruinar os planos que ele tinha para África e, por isso, dispôs-se a usar todo o poder imperial dos Estados Unidos sobre Fidel Castro", afirmou Peter Kornbluh no livro "Black Channel to Cuba".

Em Angola, país aliado da União Soviética, no ano da declaração de independência de Portugal, iniciava-se uma guerra civil entre o MPLA, a FNLA e a UNITA, com o envolvimento de Moscovo por um lado e dos Estados Unidos e da África do Sul por outro.

Neste contexto de guerra civil, Fidel Castro enviou milhares de soldados em apoio do governo de Luanda, que foram decisivos para a manutenção do MPLA no poder.

Os planos de Kissinger, após a intervenção cubana em Angola, incluíam uma intervenção militar de grande escala contra Cuba e admitiam inclusivamente, como contingência, a perda da base militar de Guantánamo, caso se viesse a verificar um contra-ataque de Havana.

De acordo com o livro, esse cenário poderia obrigar à reabertura da basa aérea de Ramey, em Puerto Rico, o que representava um custo de 120 milhões de dólares, além de um bloqueio completo a Cuba que poderia provocar um conflito com a União Soviética.

"Não podemos ficar a meio do caminho. Não vamos receber prémios pela utilização do poder militar de forma moderada. Se fazemos um bloqueio, deve ser rápido e eficaz", disse Kissinger, acrescentando que se a decisão era a utilização das forças o plano deveria ter êxito.

A vitória de Jimmy Carter nas eleições de 1976 provocou a saída dos republicanos da Casa Branca e o projeto de Kissinger nunca chegou a sair do papel.

"Toda a questão militar deixa-me perplexo", disse ao New York Times Frank Mora, uma alta patente do Pentágono até 2013.

"Da forma como Kissinger fala, até parece que Cuba tinha invadido todo o continente", diz ainda Mora sobre o apoio de Havana ao MPLA, em Angola.

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